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Wildgate — O shooter espacial da Moonshot que foge dos padrões dos hero shooters

Exploramos a Orla e enfrentamos o caos de Wildgate, o novo shooter dos criadores de StarCraft e Hearthstone, onde sobreviver é tão importante quanto vencer

por Daniel dos Reis
Wildgate — O shooter espacial da Moonshot que foge dos padrões dos hero shooters

Veteranos de Blizzard, StarCraft, Hearthstone e Command & Conquer se uniram para criar um jogo que não é exatamente fácil de rotular. Wildgate, o primeiro projeto da Moonshot Games, mistura combate espacial, PvP, PvE, exploração e gerenciamento em partidas que nunca seguem o mesmo roteiro.

Na prática, o jogo coloca cinco equipes de quatro jogadores no controle de naves espaciais. Cada tripulação precisa cuidar do próprio veículo, explorar a Orla, uma região isolada do espaço, e correr atrás de recursos, equipamentos e upgrades.

O grande objetivo é capturar um artefato extremamente valioso e fugir pelo portal Wildgate antes que os rivais façam o mesmo. Só que existe um segundo caminho: destruir todas as outras naves e ser o último time sobrevivente no mapa.

O detalhe é que nada acontece duas vezes da mesma forma. O mapa é gerado proceduralmente. Cada partida cria uma nova configuração de nebulosas, asteroides, pontos de interesse e ameaças. E é exatamente essa imprevisibilidade que dita o ritmo do jogo.

O ciclo é claro. Você sai da nave, explora, coleta recursos, enfrenta inimigos (controlados pela IA ou por jogadores), volta para a nave, instala melhorias, abastece e se prepara para enfrentar quem cruzar seu caminho.

Mas se alguém captura o Artefato, tudo muda. Todas as equipes recebem um alerta. De repente, rivais podem se tornar aliados momentâneos, e a corrida para impedir que o portador atravesse o portal vira uma perseguição cinematográfica em meio ao caos.

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Wildgate acerta muito em criar essa dinâmica emergente. Situações que parecem saídas de um filme de ficção acontecem de forma natural. Uma invasão inesperada, uma nave pegando fogo enquanto o oxigênio acaba, aquela corrida desesperada até a entrada do portal… são momentos que surgem organicamente, sem roteiro.

O gameplay carrega aquela assinatura de quem já trabalhou na Blizzard. Movimentação precisa, combate gostoso, feedback responsivo. Tudo soa natural, polido e divertido.

Os personagens são criativos e muito bem feitos. Humanos, alienígenas anfíbios, seres biomecânicos… há uma diversidade visual interessante que ajuda a criar identidade no universo do jogo.

Só que Wildgate não é um hero shooter. E isso fica claro muito rápido. Não existem papéis tradicionais como tanque, suporte ou DPS. Todos os jogadores precisam fazer tudo: pilotar, atirar, reparar, invadir, defender. Isso quebra completamente aquela lógica de sinergias pré-definidas que se vê em jogos como Overwatch, Apex Legends ou Valorant.

Por um lado, essa liberdade torna tudo mais fluido. Por outro, pode gerar um certo desconforto inicial, especialmente para quem gosta da segurança de ter um papel bem definido dentro da equipe.

A ausência de habilidades especiais também pesa. Não há ultimates, granadas ou poderes que mudam o rumo de uma batalha. Isso faz parte da proposta, mas em alguns momentos, a falta de um recurso desse tipo deixa o combate mais dependente da mira, da movimentação e da leitura de cenário, sem aquele respiro estratégico que uma habilidade oferece.

O sistema de personalização já aparece na versão beta, mas ainda é bem limitado. É possível fazer pequenos ajustes estéticos, mas fica claro que há espaço para expansão nesse aspecto.

Wildgate destacada

Outro ponto que chama atenção é o modelo de negócio. Wildgate não será free-to-play. O jogo chega custando US$ 30, com tudo o que é necessário para competir já incluso. A decisão faz sentido para um game com foco em experiência premium, sem barreiras escondidas. Mas, inevitavelmente, cria uma barreira inicial de entrada, especialmente em um mercado onde quase todo shooter competitivo aposta no modelo gratuito.

Existe também uma dúvida que surge depois de algumas horas no beta. O meta do jogo pode acabar favorecendo muito mais os combates diretos entre naves do que o próprio objetivo do Artefato. Em várias partidas, o Artefato sequer apareceu na tela. Tudo foi resolvido na base da destruição pura e simples.

É o tipo de questão que só o tempo, e a própria comunidade, vai responder. A base do jogo, porém, é sólida. Wildgate é divertido e proporciona histórias únicas a cada sessão.

A movimentação é agradável. O combate é gostoso. A tensão constante de perder tudo a qualquer momento faz cada decisão importar. E a proposta do mapa procedural funciona exatamente como deveria, tornando cada partida uma nova aventura.

O lançamento de Wildgate acontece no dia 22 de julho, no PlayStation 5, Xbox Series e PC. É um projeto que tem tudo para conquistar quem busca algo novo no mundo dos multiplayer competitivos — e, principalmente, quem já está cansado de mais do mesmo.