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Sony encerrando a PlayStation? Não acredite nas mentiras!

Notícias falsas envolvendo o fechamento da divisão de games estão sendo divulgadas na internet

por André Custodio
Sony encerrando a PlayStation? Não acredite nas mentiras!

Nos últimos dias, uma série de boatos sobre um suposto fechamento da PlayStation pela Sony tomaram as redes sociais. As palavras sem embasamento de um “analista” japonês teriam chegado nos ouvidos de perfis no X, que logo aproveitaram a oportunidade para propagar o caso.

Os comentários sobre uma crise na divisão de games da fabricante envolveriam estoques ociosos, promoções recorrentes e demissões em estúdios e em cargos de alta hierarquia. Mas será que tudo isso corresponde à verdade? Esses casos teriam relação com um fim decretado para a empresa?

Antes de comentar sobre qualquer coisa, vale a pena mencionar alguns números e fatos.

PlayStation atinge números impressionantes nos últimos meses

Desde o fim da pandemia, quando a Sony decidiu aumentar a produção de chips do PS5 e apostar em campanhas massivas de marketing, o console de nova geração da Sony vem atingindo números simbólicos.

Nos principais mercados do mundo, o videogame desponta como o mais vendido, muitas vezes sendo o único a apresentar índices positivos em comparação com períodos ou anos anteriores. Com isso, cresce o entusiasmo para que as projeções ambiciosas da Sony se elevem ainda no atual ano fiscal.

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Fonte: Reprodução

Em novembro, a Sony divulgou seu relatório financeiro referente ao mais recente trimestre fiscal. O documento mostrou que a PlayStation é a divisão da fabricante que mais arrecada em receitas, acumulando até 300% mais que os setores de cinema (Sony Pictures) e música (Sony Music).

Além disso, as projeções da marca preveem 25 milhões de consoles vendidos até março do próximo ano. Essa motivação tem como base o período entre julho e setembro deste ano, onde quase 5 milhões de PS5 foram vendidos — o segundo melhor trimestre fiscal registrado na história da Sony.

No início de novembro, a fabricante também anunciou que o console de nova geração alcançou a marca de 46 milhões de cópias vendidas desde seu lançamento. Com isso, ele estaria a menos de 1 milhão de unidades para alcançar o marco dos três primeiros anos estabelecidos pelo PlayStation 4.

Em relação ao mercado brasileiro, o PS5 vive um momento ainda mais especial. Com promoções históricas, a Black Friday teria consolidado o videogame como o produto gaming mais comprado pelos consumidores. Esse marco superou não apenas máquinas concorrentes, mas jogos e periféricos.

Perfis no X apontam um suposto estoque ocioso do PlayStation 5 como pivô para uma crise. O ponto é: a Sony fez grandes estoques para, justamente, atender à demanda, visto que nos anos anteriores a empresa não foi capaz de abastecer as lojas, principalmente em épocas natalinas. Somente neste ano os japoneses foram capazes de regularizar a situação e houve até uma comemoração.

O suposto analista japonês aponta que há 13 milhões de itens parados no inventário da Sony, mas não leva em conta que ele contempla não apenas hardware, mas periféricos (PlayStation VR2 e PlayStation Portal, Headsets, bases de carregamento…etc), acessórios e uma grande variedade de software.

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Fonte: Sony

O estoque também incluiria o PS5 “Slim” , que já começou a ser liberado para venda em mercados selecionados e tem expectativas para alcançar novas zonas nos próximos meses. Dessa forma, há uma clara tentativa de distorcer a informação e de disseminá-la — como acabou acontecendo pelo X.

O fato é indiscutível: a divisão de jogos da Sony vive sua melhor fase desde o segundo ciclo de vida do PlayStation 4. E isso se reflete diretamente nas ações da fabricante. Nos últimos cinco anos, os títulos de mercado cresceram 67,84%, enquanto o acumulado de 2023-2024 traz um aumento de 4,62%.

Problemas afetam toda a indústria em 2023

Em relação às demissões, mais de 6.000 desenvolvedores teriam sido demitidos apenas em 2023. Essa crise evidenciaria o fim de alguns projetos e também a reestruturação após um período fiscal de pandemia, onde a força de trabalho foi expandida em vários setores para fornecer capital remoto.

Obviamente, há quebras de contrato mais dramáticas, como no caso do Embracer Group e de suas subsidiárias. Mas esse movimento, apesar de ter impactado a Naughty Dog, a Bungie e outros nomes da PlayStation Studios, não seriam indicativos diretos de uma crise proeminente.

Neste ano, também houve o anúncio de saída de Jim Ryan e de Connie Booth, nomes que fizeram história na produção de jogos e na representação da marca pelo mundo. E apesar das ausências serem vistas com uma certa preocupação, ainda não há qualquer impacto direto — e notável — sobre a empresa.

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Fonte: Reprodução

O futuro da PlayStation será mesmo o fechamento?

Dito isso, podemos voltar ao tema central da discussão: a PlayStation será mesmo encerrada pela Sony. Bom, não há qualquer indício sobre isso no momento. Nesta semana, informações baseadas em fontes sem precedentes colocaram essa assertiva como uma verdade absoluta e viralizaram.

Nas redes sociais, supostos especialistas aproveitaram a deixa para discutir sobre o futuro da empresa, em postagens fundamentadas unicamente em achismos. Quem ganhou ainda mais com isso foram os perfis de flame, especialmente por terem uma base fiéis de seguidores.

Definitivamente não é possível prever que a PlayStation venderá 25 milhões de unidades de PS5 ao fim do atual ano fiscal. Também não há como estipular que os lucros da divisão de games ultrapassarão os ganhos do setor de músicas, apesar da ligeira diferença entre eles.

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Fonte: PlayStation Studios

Porém, é fato que a Sony, em relação aos seus principais serviços de entretenimento, vive um período positivo. Isso tendo base em números fiscais, em atualizações de vendas, na popularidade do varejo e na comunicação da fabricante com seu consumidor.

E para os leitores, a recomendação é sempre a mesma: busquem informações com fundamento. Contribuam com as redes sociais através de checagem de fatos falsos — como houve com o suposto analista japonês. Tenham cuidado com as coisas que compartilham e, especialmente, com quem compartilha.

E você, o que acha disso tudo?