[Jogamos] Earthion prova que jogos de navinha ainda estão muito na moda
DEMO na gamescom latam 2025 nos ofereceu apenas uma prévia do que a Ancient Corporation vem preparando
Durante a gamescom latam 2025, realizada no início deste mês, tivemos a oportunidade de jogar Earthion, o novo shoot ‘em up (ou “jogo de navinha”, como carinhosamente chamamos) da Ancient Corporation, liderada pelo lendário Yuzo Koshiro. E que experiência!
Desenvolvido para rodar nativamente no hardware do Mega Drive, mas com versões para plataformas modernas como PC, PS4, PS5, Xbox Series e Nintendo Switch, o título é uma verdadeira carta de amor aos fãs do gênero, misturando nostalgia com toques modernos que o colocam em destaque tanto entre os clássicos dos anos 1990 quanto entre os arcade mais recentes.
Uma viagem nostálgica entre o audiovisual
Logo de cara, Earthion nos transporta para a era dourada dos 16 bits. Jogamos duas fases da DEMO em um Steam Deck, mas a sensação era de estar segurando um Mega Drive com um controle de três botões.
Os gráficos em pixel art são familiares, mas se destacam ao incorporar animações fluidas e cenários espaciais detalhados que remetem a clássicos como Gynoug e Gleylancer.
No entanto, o game vai além: ele utiliza truques visuais impressionantes, como elementos com profundidade tridimensional e chefões que ocupam quase toda a tela, algo que empurra os limites do hardware do Mega Drive de forma nunca vista na época.
Comparado a jogos modernos como Sine Mora ou Dariusburst, Earthion mantém a essência retrô, mas com um polimento visual que o coloca lado a lado (e até mesmo à frente) com produções atuais.
A trilha sonora, composta pelo próprio Yuzo Koshiro, é outro ponto alto. Com 27 faixas originais, as músicas capturam o espírito dos anos 90, com batidas enérgicas e melodias marcantes que lembram seus trabalhos em Streets of Rage e Shinobi.
Jogar com fones de ouvido transforma a experiência em uma imersão completa, algo que fãs de shoot ‘em up clássicos como Thunder Force IV vão adorar, mas que também se destaca em relação a jogos recentes como Radiant Silvergun, que apostam em trilhas mais experimentais.
Os efeitos sonoros, inspirados no chip Yamaha YM2612 do Mega Drive, completam o pacote, trazendo aquele “crunch” nostálgico a cada tiro e explosão.
Equilíbrio entre desafio e inovação
Controlando Azusa Takanashi, uma piloto em uma jornada espacial, enfrentamos hordas de inimigos e subchefes em duas fases cheias de ação. A jogabilidade de Earthion segue a fórmula clássica dos games de rolagem lateral, com movimentação em oito direções e combates intensos.
Mas o jogo brilha mesmo ao introduzir mecânicas que o diferenciam tanto dos clássicos quanto dos títulos modernos. Diferentemente de R-Type, onde um erro pode custar caro, Earthion adota uma barra de vida, permitindo que o jogador sobreviva a alguns golpes e recupere energia com orbes verdes.
Isso torna o jogo mais acessível para novatos, sem sacrificar a adrenalina que fãs de Gradius ou Mushihimesama esperam, pois certamente você não morrerá apenas uma única vez.
Outro destaque é o sistema de armas. A nave de Azusa possui um tiro principal, que pode ser aprimorado com itens, e uma arma secundária, com opções como mísseis, lança-chamas, tiros diagonais e até um raio de plasma.
O diferencial está na possibilidade de alternar entre duas armas secundárias durante a fase, com um botão dedicado para a troca (inspirado no layout do Mega Drive). Essa mecânica adiciona uma camada estratégica, lembrando a flexibilidade de Darius Gaiden, mas com uma execução mais fluida e intuitiva — algo que jogos recentes como ZeroRanger também exploram.
Além disso, não espere um bullet hell à la Resogun no gameplay: ainda há freneticidade, mas de forma mais visual e compreensível, com cada tiro inimigo bem evidente na tela e acessível para ser manobrado.
Comparações que Mostram o Brilho de Earthion
Quando colocado lado a lado com arcade clássicos, Earthion resgata a magia de títulos como Thunder Force III e M.U.S.H.A., com sua ação direta e chefes que ocupam toda a tela. No entanto, ele se distancia ao oferecer quatro níveis de dificuldade, filtros visuais como scanlines (para simular TVs de tubo) e recursos modernos como rankings online e um modo jukebox.
Comparado a jogos modernos, como Crimzon Clover ou Eschatos, Earthion é menos opressivo em termos de densidade de projéteis, mas compensa com um design de fases mais variado, uma apresentação visual que mistura o melhor dos dois mundos e sistema de power ups que torna cada run única.
Os chefes, em particular, são um show à parte. Na DEMO, enfrentamos subchefes com padrões de ataque únicos, como garras mecânicas que exigem atenção a várias direções, e chefes principais que demandam estratégia para identificar pontos fracos.
Diferentemente de Ikaruga, que foca em mecânicas de polaridade, ou DoDonPachi, com seus padrões de balas complexos, Earthion aposta em combates que equilibram reflexos e planejamento, bem como agressividade para ser recompensado com gemas verdes, armas adicionais e outras vantagens.
Earthion: um projeto com alma e talento
Além de Yuzo Koshiro, que atua como produtor e compositor, Earthion conta com uma equipe de peso. O diretor Makoto Wada (Gotta Protectors) traz sua experiência em criar jogos arcade cativantes, enquanto o ilustrador Mitsuhiro Arita, famoso por seu trabalho em Pokémon e quadrinhos da Marvel, entrega artes promocionais que garantem forte apelo visual.
A localização em português brasileiro, incluindo menus, legendas e interface, é um toque especial para os fãs do Brasil, reforçado por uma mensagem calorosa de Koshiro durante a gamescom latam 2025, agradecendo o apoio dos jogadores locais.
O título não é apenas um exercício de nostalgia; é uma prova de que o gênero shoot ‘em up continua relevante. Ele honra os clássicos com sua estética 16 bits e trilha sonora marcante, mas inova com mecânicas acessíveis e recursos que conversam com jogadores modernos.
Enquanto títulos como Cuphead e Hollow Knight mostram que o retrô pode ser mainstream, Earthion coloca os games do gênero no centro do palco, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo um resgate do passado e um passo adiante.
A DEMO na gamescom latam 2025 nos deixou ansiosos pela versão final, prevista para 2025. Seja no Mega Drive ou em consoles modernos, Earthion já se mostra como um título obrigatório para fãs de navinhas e para quem quer descobrir por que esse estilo nunca sai de moda.