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The Inpatient: Vale a pena?

"Until Dawn em VR": o que precisa dizer mais?

por Thiago Barros
The Inpatient: Vale a pena?

A introdução de The Inpatient é uma das mais legais dos games recentes. Especialmente, claro, se você jogou Until Dawn. Conforme a história vai se desenrolando e você pega as referências, então, fica melhor ainda. Mas o jogo vai além disso. Terror psicológico, novas mecânicas inovadoras e uma imersão incrível.

Meu PS4 testou o game na E3 2017 e no booth montado pela Supermassive Games na PSX 2017 – onde os jogadores sentavam em cadeiras de rodas e entravam no Sanatório para jogar. A expectativa era grande, e ele não decepcionou. Tem falhas, sim, mas ainda assim, destaca-se no line-up de games disponíveis para o PSVR até hoje.

“Entendi a referência!”

A conexão de The Inpatient com Until Dawn não poderia ser mais clara. Não só por ser feito pela Supermassive Games e por oferecer diálogos que podem alterar a história do jogo – de acordo com as respostas de quem está jogando. Mas também por fazer parte da cronologia dos eventos contados no “primeiro jogo”. É como se fosse uma prequel, 60 anos antes.

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Sanatório de Blackwood é o palco de The Inpatient (Foto: Divulgação/Supermassive)

O jogador está de volta à Montanha Blackwood e começa a sua aventura justamente antes dos eventos que fizeram com que o local ficasse abandonado na época em que se passa a história de Until Dawn. A “lenda” dos trabalhadores que ficaram presos nas minas, tiveram que comer carne dos colegas que foram morrendo e se transformaram em monstros.

Os temidos Wendigo, que têm inteligência acima da média, pele sobre-humana para resistir aos invernos gelados de locais como Blackwood e resistência a ferimentos. Para evitar que eles ataquem, basta não se mover. Para matá-los, é preciso queimá-los. A gente sabe tudo isso já, mas lá nos anos 50 quando eles apareceram…

Você se vê sem memória, em um hospício isolado de tudo e tendo que conviver com essas “coisas”. Confuso, não? E aí que entra o Efeito Borboleta. Quando “o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo“.

Ou seja, a cada interação sua no jogo, assim como em Until Dawn, você gera uma série de consequências. Boas ou ruins. Que irão influenciar diretamente no desfecho da história. Foi o grande diferencial do “primeiro jogo”, e é também nesse. Não pelo Efeito Borboleta em si, mas porque você pode falar a sua decisão. Isso mesmo. Falar.

Poderia ser revolucionário, mas…

Em The Inpatient, você, de fato, conversa com os personagens. Na hora de um diálogo, as possíveis opções aparecem na tela, e você deve ler a resposta que mais lhe agradar. É só falar no microfone. Caso você não queria/consiga, pode apertar o X no controle, mas é uma sensação bem mais bacana e imersiva usar o sistema de áudio.

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Responsável pelo sanatório: bom ou mau? (Foto: Divulgação/Supermassive)

Por falar em imersão, ela é excelente em The Inpatient. Os gráficos ajudam demais, porque estão entre os melhores do PlayStation VR. Tanto em ambientação quanto personagens. E, além disso, o personagem jogável tem um corpo completo, algo que faz muita falta em uma série de jogos de VR neste quesito. O jogo poderia ser revolucionário.

Mas nem tudo são flores – especialmente por causa da jogabilidade. Se por um lado, há um recurso inovador do uso de voz, além de movimentos com os óculos (se você jogou o Until Dawn, vai se lembrar dos momentos em que não podia mover o DualShock; eles voltaram, só que agora você não pode mexer os PSVR), do outro há falhas que incomodam.

A movimentação é feita pelos sticks analógicos do DualShock, o que é normal. Na direita, vira a câmera. Na esquerda, anda. Básico. Mas quando você começa a andar, logo sente que ele é meio “travado”. É difícil de explicar, porém o personagem anda muito lento, não vira corretamente para todas as direções e isso prejudica muito.

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Jogo tem visual muito bom para o PlayStation VR (Foto: Divulgação/Supermassive)

Em vários momentos, é preciso fazer malabarismo com o controle para andar corretamente e apontar a lanterna, que usa o sensor de movimento da câmera, para onde desejar. Com o PS Move, isso muda um pouco, mas também não é ideal, porque você segura o botão para onde sua cabeça está apontando e gira o Move da direita para se mexer.

“Que pena que acabou…”

Obviamente, isso interfere negativamente em jogabilidade, imersão e diversão. Outro ponto que não é ajuda é que o jogo é bem curtinho (cerca de 3 a 4 horas de duração). É claro, há um fator replay, porque você vai querer ver outros possíveis desenrolares da história, com respostas diferentes às que deu da primeira vez que jogar, mas não chega a prender tanto.

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Quem lembra do Sanatório em Until Dawn? (Foto: Divulgação/Supermassive)

Há também “colecionáveis”, que são as lembranças que o jogador tem nos flashbacks que passam na sua cabeça durante a história. Muitas delas são obrigatórias, mas outras estão escondidas, e é legal procurar para completar todo o quebra-cabeças de The Inpatient. Só que, mesmo fazendo isso tudo, é provável que você gaste, no máximo, umas 12-15 horas.

Até porque não há, nem de longe, tantos momentos de Efeito Borboleta quanto em Until Dawn. E o número de personagens também é reduzido. Você começa sendo interrogado pelo responsável pelo local, Jefferson Bragg, tentando recuperar sua memória, e depois, com o desenrolar das coisas, conhece funcionários e outros pacientes.

Entre o mundo real, flashbacks e alguns sonhos bem malucos, seu objetivo é sobreviver à investida dos Wendigo, que deixaram a mina e estão aterrorizando a região. É uma história simples, mas que, por conta das mecânicas do jogo, se torna envolvente e faz com que os jogadores queiram avançar até chegar à conclusão.

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Os assustadores Wendigo surgiram em The Inpatient (Foto: Divulgação/Supermassive)

Mesmo com os sustos que vêm no caminho. E, acredite, não são tantos, mas a qualidade compensa em relação à quantidade. Há momentos muito tensos, que fazem com que uns gritinhos sejam inevitáveis, apesar de The Inpatient ser bem mais um terror psicológico do que algo assustador propriamente dito.

Brasil, sil, sil!

No fim das contas, The Inpatient causa uma certa dúvida na sua avaliação. Certamente, ele tem aspectos dignos do selo de Recomendado. É uma das experiências mais bacanas que já tivemos no PlayStation VR. Cumpriu a expectativa que se criou após o anúncio e os testes na E3 2017.

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Jogo alterna momentos atuais, flashbacks e sonhos (Foto: Divulgação/Supermassive)

Ainda existe um “fator extra” que decidimos guardar para o final: o jogo é totalmente localizado em Português do Brasil. Menus, legendas, áudio. Até os comandos de voz, que destacamos anteriormente, estão disponíveis no nosso idioma. O que torna a experiência ainda mais interessante para o público brasileiro.

Poderia ter controles mais apurados, um pouquinho mais de ação e durar algumas horinhas mais. Mesmo assim, é uma opção interessante para quem tem o PlayStation VR. O problema é o preço. O jogo custa R$ 150, e pode ser “zerado” em apenas três-quatro horas. Claro, quem comprar pode “rejogar”, como falado acima, mas mesmo assim é um valor caro.

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Como o PSVR não tem tantos títulos com essa qualidade ainda, para quem já possui o headset da Sony, quer uma experiência bacana e pretende explorar todas as possibilidades de The Inpatient como ocorreu em Until Dawn, ele pode ser “Recomendado”. Mas, no geral, acreditamos que pela duração e o preço, é melhor que o público geral “Espere Uma Promoção”.

A Supermassive Games, que no geral, acertou mais do que errou em The Inpatient – e por isso merece elogios. Depois de Until Dawn: Rush of Blood, este é mais um belo título da empresa para o PlayStation VR. E que venha Bravo Team, shooter perfeito para jogar com o PS VR Aim, próximo título de realidade virtual da companhia, em março.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.