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Shiness: The Lightning Kingdom: Vale a pena?

Inspirado em RPGs clássicos, Shiness surge como uma excelente opção para fãs e simpatizantes do gênero.

por Renan Klopper
Shiness: The Lightning Kingdom: Vale a pena?

Financiado através de uma campanha bem sucedida no Kickstarter e repleto de uma magia pura em um mundo de fantasia cativante, Shiness: The Lightning Kingdom finalmente chega ao PlayStation 4.

Trazendo muitos elementos tradicionais dos principais jogos de RPGs clássicos dos consoles de 16 e 32 bits, o jogo desenvolvido pelo estúdio independente francês Enigami tem carisma, excelente trilha sonora, uma arte gráfica admirável, exploração fluida e combates dinâmicos.1

Tudo isso faz de Shiness – The Lightning Kingdom um daqueles jogos os quais facilmente se passam como um título desenvolvido por grandes e reverenciados estúdios japoneses já consagrados por clássicos do gênero RPG. Venha conosco, embarque em uma aventura por um mundo totalmente novo, criado por fãs como todos nós…

E descubra todo o encanto de Shiness em nossa análise.

O início da aventura

A trama de Shiness é simples, porém envolvente. Os protagonistas Chado e Poky abandonaram seu país e embarcaram em uma viagem em busca das chamadas “Lands Of Life” (terras da vida em tradução literal), um lugar considerado inexistente por muitos.

Ambos são guiados por um espírito natural chamado Shiness (que somente Chado pode se comunicar). Ele clama ser o espírito da terra e que influencia o protagonista a seguir rumo às Terras da Vida. No entanto, (como era de se esperar), algo dá errado durante a jornada.

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A história do jogo é contada através de cutscenes em artes muito bem feitas. Fonte: Captura de Tela

O jogo possui uma forma muito interessante de desenvolver sua história enquanto nos ambientamos com o mundo. Ao encontrarmos novas raças e dilemas diferentes, tanto os protagonistas como os jogadores acabam se inteirando dos conflitos pessoais e guerras que estão acontecendo em Mahera, o mundo de Shiness.

Toda a trama de Shiness é contada com o tom bem humorado. Assim, somos instigados a avançar sempre, conhecendo mais de todo o universo único que é Mahera e suas espécies, dialetos e lugares.

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Representando perigo no início, todos acabam sendo cativados pelo enérgico Chado. Reparem também na semelhança com uma certa raça de gatos humanoides alienígenas. Fonte: Captura de Tela.

Explorando o mundo

Shiness: The Lightning Kingdom é um RPG de ação. Seu foco está em exploração e resolução de enigmas, enquanto descobre novos locais e realiza missões ao longo da aventura. Para auxiliar Chado e Porky, outros personagens se unirão ao grupo

Os recrutados (em um total de cinco) vão se inserindo com o decorrer da história. Cada um possui uma habilidade especial para a exploração, que ajuda na resolução dos puzzles. Estes, por sua vez, se tornam cada vez mais desafiadores, mas oferecem recompensas à altura.

Como todo bom RPG, Shiness conta com suas missões principais e missões secundárias. Estas últimas, embora muitas, não são cansativas e oferecem boas recompensas que auxiliam na evolução, afinidade em elementos específicos (aspecto abordado mais abaixo) e personalização. Além de, claro, trazer aspectos novos à história.

A exploração em Shiness é tão divertida quanto os outras áreas do jogo. Os cenários são bem feitos e intimistas, fazendo com que o jogador queira, cada vez mais, adentrar neste universo e conhecer mais dos desafios e história dos ambientes que são compostos de florestas, castelos, cavernas, montanhas e etc.

E para finalizar, muitas cidades, grandes e pequenas, também estão espalhadas pelo mundo, repletas de vendedores, personagens cativantes, com histórias particulares e contratos de missões.

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Andar sozinho em ambientes desconhecidos é perigoso, por isso contamos sempre com a ajuda de dois companheiros que nos acompanham pelos cenários. Fonte: Captura de Tela.

Aquele combate que dá gosto!

Por vezes, em jogos do gênero, batalhamos tanto para evoluir que as batalhas acabam se tornando cansativas e enfadonhas. Quando um jogo consegue fazer com que este aspecto seja divertido e eficiente, devemos enaltecer.

O combate de Shiness é divertido e possui muitos aspectos variados. Assim, mesmo que as batalhas ocorram seguidamente, o jogo não se torna enfadonho. Novas formas de combater são sempre implementadas, combos arrasadores desferidos, e uma proposta frenética que acerta em muitos pontos.

Embora o grupo seja composto de três personagens, apenas um por vez entra na arena da batalha. Um botão faz com que outro personagem assuma a luta a qualquer momento, desde que não esteja sendo atacado. O mesmo se aplica aos inimigos. Eles podem se alternar e deixar um companheiro recuperando energia enquanto o outro luta em seu lugar.

Esse tipo de modificação também ajuda contra inimigos específicos. Um personagem é forte em dano físico, outro em dano mágico, e etc.

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Os companheiros não ficam inúteis quando estão de fora dos combates. As habilidades de suporte são usadas nestas situações. Fonte: Captura de Tela.

Tiro, porrada e Shi!

Shiness é frenesi, na essência da palavra. Todos os personagens possuem combos aprendidos por meio de pergaminhos, encontrados ao longo da aventura. Cada combo diferente, se feito de maneira correta, termina em um golpe mais poderoso.

Há ainda as magias, usadas com Shi (a essência espiritual), que representam os elementos naturais (Fogo, água, vento e terra) e funciona no arquétipo do “Pedra, papel e tesoura”, onde um elemento é mais forte que outro. Personagens diferentes possuem afinidades diferentes, que se aprimoram conforme o uso das magias.

A versatilidade dos personagens implica a dinâmica dos combates. Os mais fracos fisicamente serão melhores com magias, enquanto o inverso também é verdade. Shiness possui ainda uma infinidade de equipamentos e personalizações relacionadas a novos combos e novas magias.

Os menus são muito intuitivos e contam também com a bonita arte do jogo. Mesmo com diversas opções, o jogador não se perde ao definir as melhores opções.

Pequenos deslizes

Como Shiness não conta com encontros aleatórios, o jogador vê todos os inimigos andando pelo mapa e escolhe atacá-los ou não. Podendo também ser atacado primeiro, obviamente. Jaz aqui um problema chato do jogo.

Ao atacarmos o inimigo, não existe aquela animação que nos leva a outro cenário para que a luta comece – ela começa ali mesmo e a arena é fechada e delimitada por Shi.

Em ambientes menores e com obstáculos, estes acabam ficando literalmente no meio da luta e atrapalham muito o combate. Principalmente por não haver controle de câmera nas batalhas, podendo o jogador ficar preso, atacar sem ver e apenas contar com a sorte.

Outro ponto negativo se refere à localização. É sabido que o título veio de um financiamento coletivo, então alguns recursos acabam sendo limitados. Mas em um produto de qualidade tão surpreendente, uma localização (mesmo apenas de menus e legendas) é primordial para agregar uma parcela maior de jogadores.

Inspiração plástica

Comum em jogos independentes, sobretudo financiados via financiamento coletivo, Shiness também se inspira em muitos clássicos do gênero em seus aspectos técnicos. Vemos muito de jogos como Alundra, Grandia e Breath Of Fire só pelo design dos personagens e a ambientação animesca do jogo.

A arte é linda e intimista. Cada ambiente conta com um tema musical impecável. Automaticamente, e de alguma forma, ele remete à tal situação e ao mundo de fantasia criado pela Enigami.

Barcos voadores, cidades voadoras, florestas voadoras luminosas ou catacumbas escuras… Tudo parece ser pintado a mão e digno de se emoldurar. A arte gráfica de Shiness é soberba e modesta de uma forma tão cativante quanto seus personagens.

O destaque negativo fica por conta da física de alguns objetos. Às vezes não é fácil discernir se podemos ou não subir em tal lugar, passar pelo lado e etc. É comum o personagem se prender em lugares mais detalhados até que pulemos ou giremos a câmera.

A trilha sonora que embala o jogo também segue o exemplo de seu visual. Mas com referências distintas.

Em determinadas ocasiões, logo no começo de algumas músicas, Chrono Cross pode vir aos ouvidos dos fãs do gênero. E isto é um grande elogio, visto que, indiscutivelmente, o jogo da Square tem uma das trilhas sonoras mais impactantes.

Por utilizar instrumentos da maneira correta nos melhores momentos, é possível ouvir a música de Shiness e imediatamente ser transportado por qualquer ambiente retratado do jogo. A música chama a atenção nos momentos certos e se torna protagonista. Fruto de um trabalho impecável dos desenvolvedores e digno de respeito.

Shiness – É Indie mesmo?

Para chegarmos ao veredito de Shiness: The Lightning Kingdom, depois de ter lido toda a análise, a pergunta acima pode vir à tona. E isso é comum. Durante todo o jogo qualquer um pode acabar se perguntando a mesma coisa.

O enredo é empolgante e cativa. Quando menos se espera as coisas mudam de figura . De repente, tudo é parte de algo muito maior e que vai crescendo até o momento em que fazemos parte daquilo e queremos ir até o fim. Esse é o espírito dos RPGs.

Mesmo focado na narrativa, a exploração e o combate de Shiness, bem como sua trilha sonora e a arte gráfica, têm tanta personalidade que é realmente difícil acreditar que foi desenvolvido de forma independente através de uma campanha do Kickstarter. E para melhorar, ainda conta com um troféu de platina, para animar os caçadores mais ávidos.

Tudo isso faz de Shiness um jogo recomendadíssimo para qualquer um que curta o gênero. E para aqueles que não curtem, este é um excelente portal de entrada.

Shiness: The Lightning Kingdom é indie, mas conta aspectos que o credenciam a disputar sua atenção com os grandes blockbusters do mercado. Vale a pena, com certeza!

Renan Klopper
Renan Klopper
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Jogando agora: Nada no momento.
Ex-redator.