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Guacamelee! 2: Vale a Pena?

História interessante, mas gameplay repetitivo, marcam este novo jogo da Drinkbox.

por Hugo Bastos
Guacamelee! 2: Vale a Pena?

Se pudéssemos trocar Guacamelee! 2 e seu antecessor, com certeza esta análise seria diferente. Se este jogo fosse o primeiro do Mexiverso – como os desenvolvedores agora denominam o universo de seus títulos – sua “sequência” seria extremamente elogiada. No entanto, como o segundo jogo da franquia, Guacamelee! 2 não é tanto o que se esperava.

Claro, o jogo possui uma história interessante, que envolve viagens no espaço-tempo, cheias de referências. Personagens que se destacam e um vilão cujas motivações passam longe de originais dão o toque certeiro no enredo. Ainda assim, quando se começa a jogar, a sensação que se tem é que falta algo.

A trilhas sonora é boa, mas não tão marcante quanto Sierra Morena, por exemplo. A jogabilidade é precisa, mas os controles falham de tempos em tempos. Algumas piadas são engraçadas, mas a maioria é forçosa demais. Em resumo: Guacamelee! 2 é bom, mas não é melhor que seu antecessor.

Guarde essas palavras, caro leitor. Você ainda as verá (e suas variantes) em nossa análise.

“Juan! La Puerta!”

Depois de salvar o mundo de Calaca e seus asseclas, Juan pôde, finalmente, descansar. 7 anos depois, tudo o que ele tem são as memórias de tempos gloriosos, acompanhadas de muitos quilos a mais e uma família para cuidar. No entanto, tudo isso muda, quando Salvador, uma ameaça de outra linha temporal, resolve aparecer.

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A vida foi muito boa para Juan, mas pelo visto não para seu corpo. Fonte: Guacamelee! 2

Buscando as três relíquias sagradas, ele começa a mexer com a fábrica da realidade, fazendo com que diversas linhas temporais se cruzem. Cabe a Juan, agora, seguir para a Linha do Tempo das Trevas, a original de Salvador, e mais uma vez salvar o dia.

As motivações dos vilões, seus esquemas, e até mesmo seus passados, não são coisas originais, por assim dizer. Apesar disso, a história foi tão bem construída, que é divertido ver como as coisas se desenrolam. Destaque para Uay Pek, antiga companheira de Chivo, que se mostra a mais interessante dos vilões.

Interessante também foi ver como os desenvolvedores da Drinkbox ainda conseguiram introduzir uma organização secreta galinácea, chamada Pollo Illuminati, no meio do enredo. Esta, talvez, seja a melhor parte do jogo: descobrir como elas funcionam, o que querem, e o que querem com você.

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O panteão de inimigos é bastante diversificado, e as lutas contra eles são a melhor parte do jogo. Fonte: Guacamelee! 2.

(Não) Vale a Pena Ver de Novo

Sendo um jogo ao estilo Metroidvania, Guacamelee tem suas características já conhecidas. Mapas interconectados, um mundo aberto altamente explorável, e áreas que só podem ser acessadas com determinadas habilidades. Nada de novo aqui. A questão é que, ao que parece, houve um certo desleixo nesta parte do jogo.

Não há muita diferença entre o título anterior e este. Excetuando um novo poder para Juan, todas (mesmo!) as outras habilidades são exatamente as mesmas do primeiro Guacamelee!. Isso faz com que, em determinado momento, você comece a se questionar “mas eu já joguei isso antes”.

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Olha só. O gancho do galo… De novo… Fonte: Guacamelee! 2

Neste ponto, Guacamelee! 2 não é melhor que seu antecessor. No primeiro, houve a surpresa da fusão de estilos de jogo tão distintos. Esse estilo era interessante justamente por que era uma novidade. Trazer todo esse mesmo estilo para o segundo jogo foi um erro crasso, pela repetitividade.

Nem mesmo a adição das habilidades do Juan Pollo salvam essa parte. Agora, é possível lutar na forma de galinha. O que não agrega muita coisa, já que é tudo parecido. E ao tirar o foco de Juan, fica-se a sensação que o jogo está deslocando o jogador para uma zona onde ele não quer ir.

Quadrado-Quadrado-Bola

Mas aí você indaga “ah, mas os combates devem ser diferentes e imersivos, certo?”. Hm… Não.

Guacamelee! 2 traz novos inimigos e novos chefes. No entanto, nada de muito diferente do que já foi visto anteriormente. Não que não seja prazeroso emendar combos de 300+ hits, ou destruir tudo o que se vê pela frente, ou mesmo lutar como uma galinha (!). Mas tudo se torna repetitivo depois das primeiras horas.

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Alguns novos inimigos, como o Piñataface, são até interessantes. Fonte: Guacamelee! 2.

Ademais, os controles tendem a falhar de tempos em tempos. E mesmo que o combate seja preciso, e não haja input lag, perder no meio da luta porque os comandos não funcionaram como deveriam é irritante. Especialmente porque neste existem combates realmente desafiadores.

A exploração também não traz aquela sensação de descobrimento. Sendo um Metroidvania, não havia como fugir muito do estilo. No entanto, há uma sensação de repetição gigante. Os cenários se parecem demais com os do primeiro jogo, e até mesmo as maneiras de desbrava-los são muito parecidas.

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Em um determinado momento, é possível enfrentar inimigos em batalhas por turnos, ao estilo Final Fantasy. Fonte: Guacamelee! 2.

Algo que realmente agregou valor ao título foi a inclusão de diversos segredos a desvendar, especialmente na história das galinhas illuminati, e a adição de “treinadores”, que permitem a Juan desbloquear habilidades diversas. Mas mesmo estas habilidades apenas aprimoram aquelas que ele já tem. Ou seja: nada muito diferente do primeiro jogo.

Ouça a música, Juan!

Algo que chamou bastante a atenção em Guacamelee! 2 são seus cenários, muito vívidos e coloridos. De fato, como já dito anteriormente, eles são muito parecidos com os do primeiro jogo. Mas este é um ponto no qual a sequência se sai melhor. Seus cenários são vívidos e cheios de energia.

Há um colorido mágico nas áreas exploradas. Mesmo no mundo dos mortos (sim, ele está de volta), esta beleza continua. Entre saltos e socos, pare um pouco para admirar as paisagens ensolaradas de Los Manglares, ou a bela noite de Villachulla.

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Verdade seja dita: as paisagens deste jogo se destacam bastante. Fonte: Guacamelee! 2.

Já o mesmo não se pode dizer da trilha sonora. Apesar de esta se encaixar com a proposta do título, falta algo nela. Não temos aqui faixas épicas como Sierra Morena ou Caverna del Pollo, do primeiro Guacamelee!. Os temas aqui são bons, mas não melhores que seu antecessor.

A dura realidade de Guacamelee! 2

Já dissemos anteriormente, mas é necessário lembrar. Guacamelee! 2 é um jogo bom, e disso não há dúvidas. O grande problema é que ele foi lançado à sombra de seu antecessor, que era um jogo fantástico. Por isso, este jogo é apenas isso. Um bom jogo.

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Neste aspecto, faltam elementos que o tornem um jogo de destaque. Tudo já foi visto e explorado, e a impressão que se tem é que houve ou desleixo, ou preguiça, ou mesmo falta de expertise da equipe desenvolvedora. E não se pode dizer que eles não são competentes: nos trouxeram os excelentes Guacamelee!, Severed e Mutant Blobs Attack.

Algo que certamente salva o título é seu multiplayer cooperativo local, para até quatro pessoas. Jogar com amigos dessa forma torna tudo muito mais divertido, já que o caos e desordem rolam soltos na tela. Mas fique atento: a dificuldade escala bastante quando se está jogando com muitos jogadores, e com o número total de pessoas, os inimigos ficam realmente destruidores.

Outro aspecto interessante são as inúmeras referências espalhadas pelo título. Você com certeza vai se deparar com algo que já tenha visto em outras mídias, e estes pontos são realmente divertidos. Mas que ainda assim, não salva o jogo por si só.

Guacamelee! 2 é aquele exemplo claro de um jogo que seu coração pesa em dizer que não se destaca, mesmo sendo muito bom. Porque, infelizmente, ele é apenas isso. Um jogo bom. Aproveite quando estiver em promoção.

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.