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Serial Cleaner: É Indie Mas…

Você é um Faxineiro, mas não um qualquer.

por Hugo Bastos
Serial Cleaner: É Indie Mas...

Você é importante. Ninguém ousa mexer com você. As pessoas comuns não sabem quem você é ou o que você faz quando não está “trabalhando”. A polícia não sabe da sua existência. O submundo não o ameaça. Pois você sabe seus segredos. Você sabe de tudo sobre todos. Você é o cara. Você é o faxineiro. Você é… O Serial Cleaner!

Se você, jogador, assistiu ao filme John Wick: De Volta ao Jogo (não assistiu? Então assista. Baita filme), sabe do que estamos falando. Serial Cleaner narra a história de um faxineiro profissional, encarregado de limpar as mais diversas cenas de crimes. Desde serviços limpos que deram errado, a verdadeiras queimas de arquivo.

Um indie extremamente interessante, o título aborda o momento seguinte a aqueles jogos onde a matança rola solta. Mostre que é o melhor naquilo que faz. Sempre mantendo o bigode mais estiloso dos anos 70/80.

  • Jogo: Serial Cleaner
  • Desenvolvido por: iFun4All S.A.
  • Distribuído por: Curve Digital
  • Onde encontrar: Aqui (R$ 45,90 – Desconto de 20% para assinantes da PS Plus até dia 25 de julho – Sem Opção de Cross-Buy)

“Uma reserva para 12”

A vida de um faxineiro do submundo é recompensadora, mas não é fácil. Quando chamado, não importa a hora ou o local, você deve estar pronto. Serial Cleaner é como a sequência direta de cada fase de Hotline Miami. Mas, ao invés de deixar corpos e poças de sangue para trás, sua tarefa é deixar as cenas dos crimes exatamente como estavam antes.

Uma vez chamado, sua tarefa é descartar corpos, recolher evidências, limpar os rastros de sangue do local. Com seu Rayban e seu bigode totalmente estiloso, você deve pegar sua Belina e partir para onde quer que seja chamado. Academias, editoriais de jornal… Onde quer que você seja necessário.

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Quando os danos colaterais de um trabalho são grandes, é você quem chamam para resolver. Fonte: Captura de Tela.

A história se desenrola nesse sentido. Uma chamada acontece, você é convocado, limpa uma cena, volta para casa da mamãe, para elogiar sua comida e guardar as evidências (agora seus troféus), e aguarda a próxima chamada. A medida que o enredo se desenrola, novos detalhes são revelados.

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Viver com a mãe, mesmo depois de velho, tem suas vantagens. Fonte: Captura de Tela.

A história não é tão elaborada. Não existem reviravoltas mirabolantes ou momentos de cair o queixo. Nada, contudo, que possa atrapalhar a experiência do título.

Ferramentas de trabalho

O título possui uma jogabilidade focada em dois aspectos: furtividade e perfeição. O design das fases e a colocação dos oponentes (policiais que patrulham as áreas) é fixa. Mas cada vez que o jogador inicia determinado estágio, a localização dos corpos/evidências é modificada. Para isso, o protagonista conta com seu conveniente “sentido de faxineiro”.

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O “sentido de faxineiro” permite mostrar a localização de corpos e evidências, bem como pontos onde o protagonista pode se esconder. Fonte: Captura de Tela.

O faxineiro deve, então, se livrar de quaisquer corpos, limpar o sangue deixado para trás, e coletar quaisquer evidências que tenham ficado à vista. E isso deve ser executado de forma furtiva. Sua tarefa, lembre-se, é recolher corpos. Não adicionar mais à conta. Por isso, o Faxineiro não tem armas ou qualquer outro meio de defesa.

O jogador precisa estar sempre atento às patrulhas do local. Os guardas possuem rotas definidas, e seu campo de visão é apurado. Além disso, ao se mover, o Faxineiro tende a fazer mais barulho (que aumenta ao carregar um corpo ou usar o aspirador). Ser detectado pode significar ser pego, e precisar reiniciar completamente o estágio.

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Sua missão é não deixar qualquer rastro. Prove-se digno de confiança. Fonte: Captura de Tela.

Os policiais são precisos em sua observação. Qualquer elemento suspeito no seu campo de visão é imediatamente detectado. A perseguição não termina até que o jogador saia do campo de detecção. A movimentação nos estágios deve ser perfeita.

Os Anos Dourados

O título é ambientado nos anos 70/80. Muito bem ambientado, isso se deve comentar. A trilha sonora é imersiva. Os gráficos dão um toque “retrô”. As referências históricas complementam a ambientação. Cita-se por exemplo, um jornal com a notícia “Músico famoso morre aos 27 anos”. Uma clara referência ao “Clube dos 27“.

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As referências aos acontecimentos daqueles anos são constantes. Fonte: Captura de Tela.

Fora isso, ainda há o estilo que o faxineiro adota. Os óculos, bigode e penteado lembram bastante as baladas diuturnas que ocorriam constantemente. Tudo se complementa com os veículos e cenários mostrados. Claramente, uma bela ode ao passado.

Por falar em gráficos, estes são de um estilo um tanto peculiar. Os cenários e personagens lembram bastante dobraduras de papel, com uma ênfase substancial às linhas retas e ângulos bem definidos. Adiciona-se isso à paleta de cores, e o jogo assume um modelo único e bem interessante.

…Mas faltou aquela ajeitada no topete

O design das fases favorece a elaboração de estratégias diferentes. Caso o jogador seja pego antes de terminar o serviço, como já dito, ele precisa recomeçar o estágio do início. Mas neste ponto (a jogabilidade em si) reside alguns dos poucos problemas do jogo.

Para começar, a inteligência artificial dos inimigos é bisonha, para dizer o mínimo. Inimigos que o avistam irão persegui-lo. Mas uma vez que você saia de seu campo de visão, eles percorrem mais alguns metros, e param. Não vendo mais ameaças, resumem sua patrulha. Isso, mesmo que tenham avistado o Faxineiro correndo com um corpo nas costas.

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Você será pego muitas vezes. Acostume-se e trace estratégias diferentes. Fonte: Captura de Tela.

Mas esta não é a parte mais complicada. Se o faxineiro for avistado e, durante uma perseguição direta, se esconder em uma casa, os guardas não o perseguirão. Como se ele desaparecesse em pleno ar. “Ok, ele pode ter saído pelo outro lado”. Esse é um argumento válido…

Mas o que ocorre quando o Faxineiro entra em um armário, nas mesmas condições acima? A mesma coisa! E para piorar a situação, quando poças de sangue, cadáveres e evidências começam a sumir misteriosamente durante o curso da fase, tudo o que eles (os guardas) fazem é suspeitar, investigar, e voltar à sua programação normal.

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Agora você me vê / Agora você continua me vendo, mas para o jogo isso não é importante porque estou fora do seu campo de visão. Fonte: Captura de Tela.

Este não é um ponto que chegue a prejudicar a experiência. Os guardas ainda são perfeitos em sua observação (precisos demais, por vezes). O jogador ainda pode cumprir apenas os objetivos primários, mas para aqueles que gostam de desafios, precisarão limpar todo o sangue e recolher os colecionáveis secretos dispostos nas fases. O que não se provará uma tarefa fácil.

Serial Cleaner: Um novo jeito de fazer faxina

Serial Cleaner é um jogo surpreendente. Possui uma jogabilidade precisa, controles meticulosos e uma trilha sonora ambientada em uma das melhores épocas da história. Certamente, alguns problemas apresentados não limam a imagem que o jogo transmite.

Os desafios são diversos. Se o jogo começar a parecer fácil, tentar adicionar elementos como “sem cones de visão, sem raio de ruídos, visão de bêbado” garantem um aumento no nível de dificuldade, e consequentemente, na diversão proporcionada. Além disso, ainda existem os colecionáveis para destravar roupas específicas, e estágios ambientados em filmes famosos.

Mas os desafios não param por aí. Como está se tornando um costume, o jogo ainda conta com um troféu de platina, que para ser destravado, demanda um esforço maior do jogador, do que somente completar as fases. Limpar todo o sangue, destravar e completar todas as fases secretas, destravar todas as vestimentas. Prepare-se para investir um bom tempo.

No final, Serial Cleaner faz juz à sua ambientação: “No meu tempo é que era melhor“.

Veredito: É Indie Mas… É legal (demais!)

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Quem é o cara?
Eu sou o cara!
Fonte: Captura de Tela.

O que é bom:

  • Ambientação feita de forma competente;
  • Mecânicas de jogo diferenciadas e bem implementadas;
  • Bastante conteúdo por um preço convidativo;
  • Desafio à altura.

O que não é bom:

  • Uma dificuldade por vezes exagerada (falhar nos níveis exige começar do zero, mesmo já o tendo quase finalizado);
  • Inteligência Artificial dos inimigos absurdamente falha.

Para quem jogou e gostou de:

  • Metal Gear Solid (pelos elementos de furtividade)
  • Série Styx (pela furtividade e necessidade de limpar seus rastros)
  • Stealth Inc.
Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.