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Remakes, remasters e reboots: falta criatividade na indústria?

Os lançamentos de remakes, remasterizações e reboots só vêm crescendo ao longo dos últimos anos

por Vinícius Paráboa
Remakes, remasters e reboots: falta criatividade na indústria?

A indústria dos games vive a “Era dos Remakes”. Desde a estreia de Ratchet & Clank (2016), as desenvolvedoras e editoras perceberam o quão lucrativo pode ser o investimento na “nostalgia”. O resultado disso? Remakes, remasterizações e reboots tomaram conta do mercado, o que faz os jogadores se questionarem: as empresas estão perdendo criatividade ao simplesmente trazerem antigas franquias de volta?

O ponto inicial a ser discutido aqui é o porquê dessa moda. Em 2017, a Activision trouxe de volta a trilogia original de Crash Bandicoot, na coletânea “N’Sane Trilogy”, que vendeu 10 milhões de cópias. Com isso, a publisher prometeu mais remasterizações para os anos seguintes, e elas vieram: a trilogia clássica de Spyro e os dois primeiros títulos de Tony Hawk’s Pro Skater também foram lançados para as plataformas atuais.

Nesse momento, os estúdios perceberam: atacar a nostalgia dos gamers é um investimento quase certeiro. De acordo com um estudo publicado em 2016 pela Universidade de Southampton, o sentimento nostálgico aumenta a vitalidade de uma pessoa e até a deixa preparada para o presente e o futuro. Segundo os pesquisadores, o passado pode explicar quem este ser se tornou.

Vamos levar esse pensamento para o mundo gamer. A infância de um jogador dos anos 90 e 2000 foi repleta de jogos muito bem feitos e memoráveis. Além das IPs citadas, é normal vermos players exaltando títulos como Resident Evil 2, 3 e 4, Final Fantasy VII, Shadow of the Colossus… por coincidência (ou não) todos ganharam ports para as gerações atuais e seguem vendendo bem.

Imagem de capa da matéria sobre o diretor principal de Final Fantasy VII Remake Parte com a imagem de Cloud, o protagonista do jogo
Final Fantasy VII Remake foi bastante aclamado em 2020

Certos remakes e remasterizações são questionáveis

De qualquer forma, a abordagem de determinadas empresas quanto ao assunto é bastante questionável. Recentemente, a Square Enix anunciou a data de estreia de Life is Strange: Remastered Collection para 30 de setembro. Acontece que o jogo chegará ao PS4, mesma plataforma para a qual o título original foi lançado.

Quando pensamos em remakes, remasterizações e reboots, a ideia primordial é a de que determinado game precisa de detalhes gráficos condizentes com a atual geração de videogames. Então, trazer Crash Bandicoot do PS1 ao PS4 é uma manobra justa e inteligente. Relançar Life is Strange para o mesmo console, com alguns aprimoramentos gráficos, não.

Isso também nos leva à questão principal: está faltando criatividade na indústria? Com tantos remasters (talvez desnecessários) chegando, os gamers que clamam por novidades, obviamente, reclamam.

A resposta para essa pergunta é não. Basta olharmos para os concorrentes ao prêmio “Game of the Year”. Desde 2015, apenas três jogos que se classificam como “remakes, remasterizações ou reboots” concorreram ao troféu: DOOM (2016), Resident Evil 2 (2019) e Final Fantasy VII Remake (2020). Nenhum desses nomes ganhou o caneco.

Ao olhar para o “Oscar dos videogames”, é possível notar que diversas novas IPs chegam ao mercado anualmente e se estabelecem como nomes consagrados. Em 2019, por exemplo, Sekiro: Shadows Die Twice, soulslike da FromSoftware, foi o vencedor do GOTY.

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Não faltam boas ideias: Sekiro prova isso

Sobra criatividade, mas o dinheiro com remasters é muito bom

Criatividade há de sobra. O “xis” da questão é que as empresas estão tentando equilibrar seus lançamentos entre jogos novos e remakes, para lucrarem mais. Ao colocar tudo na balança, a chegada de games novos parece diminuir um pouco, enquanto as estreias de remasters crescem.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter em 2020, Michael Pachter, analista da Wedbush, também explicou: “Remakes são dinheiro fácil. Custam pouco para serem remasterizados para HD e provavelmente conseguem gerar de 10% a 20% das vendas dos jogos originais”.

Considerando como os “cofrinhos” das editoras estão enchendo — Activision que o diga — a prática de relançar títulos antigos realmente só deve crescer. Aos jogadores resta apreciar o passado, mas torcer para que isso não iniba as criatividades dos devs.

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