Recursos do DualSense serão explorados ou ele vai ser apenas um novo DualShock 4?

No dia 7 de abril de 2020, a Sony revelou o controle DualSense do PlayStation 5. O acessório foi anunciado prometendo ser “revolucionário” com as novas tecnologias de resposta tátil, gatilhos adaptáveis e áudio 3D. Desde então, muitos estúdios e publishers abraçaram os recursos e fizeram questão de levar para os seus jogos. No entanto, será que isso realmente vai acontecer durante toda a geração?

Voltemos a 2013. O DualShock 4, na época do lançamento do PS4, também prometia novas maneiras de interagir nos games a partir do touchpad, mas acabou se tornando apenas um mero botão na maioria dos games. Muitos títulos no início da geração passada utilizavam o recurso de maneira mais criativa, mas não durou muito tempo. A própria vibração do acessório mais antigo, apesar de não ser tão precisa como do atual, foi pouco explorada pelos estúdios, pelos menos por produtoras terceiras.

Ao que parece ser uma indicação da própria Sony, as desenvolvedoras da PlayStation Studios sempre tentaram utilizar ao máximo as tecnologias do DualShock 4. Um exemplo é The Last of Us Part II. O título da Naughty Dog faz questão de aproveitar o touchpad, assim como Days Gone, que, dependendo da direção em que arrasta o dedo, pode acessar diferentes menus.

Until Dawn e InFAMOUS: Second Son usufruem ainda melhor do touchpad, ao incluí-lo como um artifício fundamental para o gameplay de todos os jogos. Portanto, é bom destacar o bom trabalho dos exclusivos da Sony em manter vivo o recurso do DualShock 4.

O futuro do DualSense parece promissor

A grande pergunta é: qual o futuro das tecnologias do controle DualSense? Por enquanto, parece bem promissor. Desde o lançamento do PlayStation 5, há grandes exemplo de total suporte às tecnologias do acessório, e não somente à sua utilização “crua”, como, também, de forma criativa.

Como destaque, obviamente, estão os exclusivos de PS5: Astro’s Playroom, Returnal e Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão. O primeiro jogo serviu como uma apresentação dos novos usuários do console ao controle. É difícil alguém não abrir um sorriso e não se surpreender assim que a tela do game abre…

Os outros dois títulos também utilizam os gatilhos adaptáveis e a resposta tátil do DualSense. Do mesmo modo, outro jogo da PlayStation o faz muito bem: Marvel’s Spider-Man Miles Morales. Demon’s Souls, exclusivo de PS5, não entra nos destaques, mas é bom lembrar que também aproveita as tecnologias do controle nos momentos certos.

A utilização dos recursos do DualSense pelos estúdios da Sony não é exatamente uma surpresa. Todavia, dessa vez, o suporte de desenvolvedoras terceiras está quase do mesmo nível. Call of Duty Black Ops Cold War é elogiado por conta dos gatilhos adaptáveis, assim como FIFA 21. O jogo de futebol da EA reproduz o cansaço dos jogadores ao deixar o botão mais resistente.

DIRT 5 também é outro título que foi bem recebido pelo uso do acessório. A Codemasters fez até questão de aprimorar ainda mais os recursos no game de corrida off-road, em um update programado para hoje (20). O estúdio afirmou o seu desejo de “elevar a experiência” e a imersão dos jogadores. Dois motivos que estão quase sempre associados ao DualSense.

Falando de lançamentos futuros, Life is Strange: True Colors, programado para 10 de setembro, explorará as capacidades do controle a partir dos poderes da protagonista Alex. Segundo a Square Enix, os gatilhos serão importantes na jogabilidade.

Ao explorar as ruas e espaços de Haven Springs com o poder crescente de Alex, você sentirá a resistência do botão aumentando à medida que seu poder fica mais intenso, demonstrando através do toque que este sentido sobrenatural e volátil não está completamente sob o controle de Alex.

GhostWire: Tokyo, recentemente adiado para 2022, também promete ser criativo ao aproveitar os recursos do acessório. A Tango Gameworks diz até que os jogadores perceberão as diferenças entre poderes de olho fechados, somente ao segurar o equipamento.

Durante combates, os jogadores manipulam os poderes dos elementos com as mãos para derrotar espíritos maléficos, e os gatilhos adaptáveis do controle DualSense traz esses poderes à vida, oferecendo uma sensação tangível e distinta para cada um. Mesmo com os olhos fechados, é possível perceber a diferença entre rajadas de vento precisas e sagazes; a correnteza destrutiva da água; e a devastação bruta do fogo.

Com estreia marcada para 21 de setembro, Kena: Bridge of Spirits também usufruirá dos gatilhos adaptáveis e da resposta tátil nos combates com arco e flecha. Esses são só alguns exemplos do que está por vir. Muitos outros jogos receberão total suporte ao DualSense, indicando o futuro promissor do controle do PlayStation 5.

O que os devs e os executivos pensam sobre o DualSense

Nada melhor do que os elogios dos próprios desenvolvedores e de executivos da indústria de games para deixar o horizonte ainda mais animador, não é mesmo? Pete Hines, vice-presidente de marketing e comunicações globais da Bethesda, em abril de 2020, já previa que os jogos iriam fazer “coisas legais” com as tecnologias do accessório.

Eu experimentei o feedback háptico e os gatilhos adaptáveis ​​e fiquei muito impressionado. Eu acho que os jogos farão coisas bem legais com eles.

O diretor técnico de DIRT 5, David Springate, foi além em sua explicação de como são importantes as novas tecnologias do controle, se perguntando até o motivo de não terem feito isso antes: “Não é sempre que um controle aparece e te surpreende. Nos perguntamos: ‘por que não estávamos fazendo isso antes?’ É incrível. Com os gatilhos adaptáveis do controle DualSense, você não apenas fornece um ‘ligado’ ou ‘desligado’, você fornece uma forma de onda para explicar o quão suave você quer, ou o quanto você quer que os (gatilhos) empurrem ou puxem“.

Até mesmo Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, elogiou as capacidades do DualSense, indicando que poderia lançar uma nova versão dos controles para os videogames da Microsoft com algumas das tecnologias. Em novembro de 2020, o executivo já havia declarado que todos da indústria devem aprender uns com os outros.

Veja outros relatos de devs da indústria de games:

Szymon Erdmanski (Bloober Team)

Gostamos de pensar no controle sem fio DualSense como uma forma adicional de contar a história. Se você está em uma sala escura e de repente pode sentir vibrações e pulsos sutis vindos do controlador, isso aumenta o clima e aumenta a atmosfera.

Gabriel Araneda (Dual Effect Games)

Eu acho que o DualSense será transcendente para jogos de terror no PS5, já que ajudará a inserção do jogador na experiência. Posso imaginar um artefato de plástico transparente cheio de aranhas que você manipulou com as mãos usando os sensores de movimento do joystick, enquanto sente todas aquelas perninhas de aranha se agitando na palma da sua mão.

Kenji Kimura (Tango Gameworks)

Você precisa experimentá-lo diretamente porque é muito difícil de explicar tanto verbalmente como em texto, pois o feedback háptico e os gatilhos adaptativos do DualSense são tão bons que fizeram nós, desenvolvedores, dizermos “uau!”. Isto porque essas tecnologias nos fizeram sentirmos várias ações e ataques como nunca antes.

Zachary Lewis (Bend Studio)

Sendo o cara da interface, a tatilidade e as respostas hápticas do DualSense me deixaram animado para jogar. Vimos que alguns jogos do PlayStation já começaram a explorá-lo. Já vimos jogos de PS5 que o exploraram. Mas acho que existe muito mais a ser feito. Será preciso tempo para ver como podemos integrar isso para que o jogo fique mais real nas mãos do jogador. Isso é algo com o qual estou muito animado no PS5.

Além deles, diversos outros profissionais do setor já expuseram comentários positivos sobre o acessório. Obviamente, não é uma garantia que em toda geração do PlayStation 5 os estúdios utilizarão ao máximo as tecnologias. No entanto, tudo indica que sim, e melhor ainda, de maneiras criativas e imersivas para os jogadores elevarem suas experiências ao aproveitarem seus games favoritos.