[Análise Rápida] Resident Evil Revelations: Vale a pena?
Um jogo reciclado duas vezes vale a pena?
Resident Evil Revelations é mais um título que a Capcom traz de gerações anteriores para o PlayStation 4. A empresa japonesa já portou outros títulos da série no ano passado, como RE4, 5 e 6 com gráficos aprimorados e DLCs inclusos.
Resident Evil Revelations foi lançado originalmente para o portátil Nintendo 3DS em janeiro de 2012. O game parecia super promissor por ser bem superior graficamente e em termos de narrativa quando comparado a outros títulos do portátil. Exatamente por isso, pouco mais de um ano depois, a Capcom lançou Resident Evil Revelations para os consoles de mesa da sétima geração.
Em RE Revelations os veteranos Chris Redfield e Jill Valentine se vêem em meio a uma conspiração envolvendo as organizações anti-bioterroristas BSAA e FBC, além do grupo terrorista Veltro. Focado em Jill, o jogo coloca os personagens a bordo do navio abandonado Queen Zenobia, que está infectado por criaturas infectadas por um novo vírus, chamado T-Abyss.
Uma saga diferente
A sub-franquia Revelations tem uma abordagem um pouco diferente dos jogos principais de Resident Evil. Enquanto os títulos numerados trazem o alicerce da cronologia da série da Capcom, os Revelations (que já são dois jogos) focam-se em tramas secundárias, abordando espaços de tempo entre dois jogos principais.
Resident Evil Revelations se passa entre Resident Evil 4 e 5 e aposta em um conceito semelhante a uma série de televisão, com divisões em capítulos – que nem sempre são lineares no tempo ou no espaço – e que sempre são finalizados com os famosos cliffhangers (aquela estratégia que faz você ficar curioso pelo que está por vir na história).
A sub-franquia também é uma espécie de termômetro ou forma de a Capcom sentir a “vibração” do público. Lançado em uma época em que a série Resident Evil investia bem mais pesado na ação do que atualmente, Resident Evil Revelations chegou com um certo ar saudosista por apostar em cenários escuros, sustos, suspense e inimigos mais desafiadores.
O game não chega a ter um clima tão pesado quanto Resident Evil 7, mas é bem mais próximo do survival horror que deu origem à franquia do que a tríade RE4, RE5 e RE6.
Um meio termo entre o clássico e o moderno
Resident Evil Revelations trouxe uma evolução dos controles estabelecidos em RE4. A câmera é em terceira pessoa acima do ombro, mas o jogador tem liberdade para movimentar a câmera e a mira. Essas mudanças – que atualmente não parecem ser mais tão relevantes – foram um grande salto na época, por tornarem a jogabilidade mais fluída e dispensar a movimentação “tanque” estabelecida em RE4 e que teve continuidade em RE5.
Apesar da aproximação com o survival horror, Resident Evil Revelations dispensa algumas das características dos títulos mais clássicos da série. As limitações de inventário praticamente são inexistentes e o jogo ainda conta com baús. O jogador pode carregar até 4 armas de sua escolha, além de armas secundárias, como granadas. Ainda, munições e ervas definitivamente não são fatores críticos – é bem difícil ficar sem munição, já que há uma boa oferta espalhada pelo cenário.
Um ponto positivo para o game é trazer uma nova forma de exploração a partir do gênesis, uma espécie de câmera especial que permite que o jogador encontre itens escondidos no cenário, incluindo aí ervas e munição. Quem tem paciência para explorar não passa sufoco como nos primeiros jogos.
Com essa mistura de fatores, Resident Evil Revelations até causa alguns sustos, mas falha em manter o jogador tenso. Como os fatores do survival horror são abordados com certa superficialidade (não há uma limitação de itens ou de inventário) é difícil sentir que a experiência a bordo do navio Queen Zenobia é realmente ameaçadora.
Apesar de suas falhas, Resident Evil Revelations é divertido. O fator replay aumenta bastante com a inserção de coletáveis e uma dificuldade mais alta (Infernal) na campanha. Vale destacar também o Modo Raid – uma espécie do clássico “The Mercenaries” – que traz incontáveis desafios, personagens e armas destraváveis, garantindo muitas e muitas horas de gameplay além da campanha.
O que há de novo?
Vamos ao que importa: o que este port de Resident Evil Revelations traz de diferente? Muito pouca coisa, na verdade.
O jogo chegou com resolução de 1080p, taxa de 60fps e texturas melhoradas. Esses fatores não conseguem elevar de forma significativa a qualidade gráfica de Resident Evil Revelations ou sequer fazer com que ele “passe” por um jogo da atual geração.
O game já foi “reciclado” duas vezes: foi portado do 3DS para o PlayStation 3 e agora chega ao PS4. É um título lançado há mais de cinco anos que, já na sua época, estava aquém da qualidade observada em jogos do PS3.
O primeiro port para consoles de mesa já deixava bastante a desejar, com texturas bem ruins e que sofrem ainda mais com um design de personagens realmente sofrível. Resident Evil Revelations é um jogo esteticamente duvidoso e nem as texturas melhoradas no PS4 e aumento de resolução podem resolver essas questões.
Apesar de trazer uma história envolvente com conspirações e muitas reviravoltas acompanhada de um gameplay divertido, o port de Resident Evil Revelations para PS4 não é um item essencial. Caso você já tenha experimentado o game em suas versões anteriores, a compra é realmente dispensável.
Ainda assim, caso você queira repetir a dose ou tem curiosidade para conhecer um pouco mais a cronologia da franquia Resident Evil, talvez seja melhor esperar por um preço mais compatível com um jogo reciclado duas vezes. O game chegou em formato digital por R$ 129,99 e físico por R$ 149,90, algo surreal, até os padrões da Capcom.