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Wild Guns Reloaded: Vale a Pena?

por Hugo Bastos
Wild Guns Reloaded: Vale a Pena?

Wild Guns: Reloaded é aquele jogo que ninguém pensa que precisa jogar, até que ele seja lançado. Quando foi anunciada sua data de lançamento (notícia esta que você pode conferir aqui), muitos jogadores foram, inclusive, pegos de surpresa. Surpresa essa que não se tornou tão agradável assim, vez que o jogo não foi lançado oficialmente em terras tupiniquins.

recomendado

O game traz a nostalgia dos anos 90 em um pacote que honra suas origens e para se manter atualizado, adiciona novas armas, personagens e um novo estágio. Os gráficos passaram por uma remasterização que os melhora significativamente, mas não a ponto de perder sua originalidade.

Desenvolvido em apenas 5 meses, com um time de três desenvolvedores principais e dois de suporte, Wild Guns se tornou um clássico de sua era. E agora, 22 anos após seu lançamento inicial, o shooter steampunk ambientado no velho oeste retorna em toda sua glória.

Clássicos nunca morrem. Então, carregue suas pistolas, acompanhe conosco nossa opinião sobre este clássico.

Um Oeste Selvagem e… Mecânico?

Para os mais novos, talvez a temática não seja familiar. Wild Guns se passa no oeste selvagem, com influências sci-fi e steampunk. Sua história não é tão original. Annie teve sua família massacrada e contratou Clint, o caçador de recompensas, para ajudá-la em sua vingança. Cenários, personagens, e até mesmo o design de som pegam ideias dos filmes Western conhecidos, bem como do mangá de ficção científica Cobra (de Buichi Terasawa).

Dessa forma, robôs, androides e armas de energia se misturam a saloons, ruas empoeiradas e cenários típicos do velho oeste americano. Um cenário pitoresco, mas que foi responsável por imortalizar o jogo.

Nada mais comum que atirar em robôs gigantes no meio do velho oeste...
Nada mais comum que atirar em robôs gigantes no meio do velho oeste…

Sua jogabilidade lembra muito clássicos como Time Crisis, Lethal Enforcers, Blood Bros. e Dynamite Duke (estes dois últimos influenciaram bastante este jogo). Em terceira pessoa, o jogador precisa acertar alvos que se movem ao fundo da tela (uma derivação do estilo de jogo chamada shooting gallery). Nessa perspectiva, existem limitações como o personagem não poder atirar e se mover ao mesmo tempo (com exceção do novo personagem Bullet).

Estas mecânicas de jogo trazem uma dificuldade extra ao game. Algo com o qual os jogadores mais atuais não estão acostumados. Não existe tutorial in-game. Itens podem ser pegos durante o gameplay, que auxiliam o avanço do progresso (como armas, bombas e vidas extras). Mas além disso, o jogador deve ter habilidade suficiente para atravessar as fases, com uma dificuldade sempre crescente.

O modo multiplayer não torna a situação mais fácil. Isso porque as vidas são compartilhadas entre os jogadores. O que quer dizer que, se um dos jogadores morre todas as vidas disponíveis, os outros ficarão sem reserva. E em caso de morte, é game over.

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Escolha um bom parceiro para jogar no multiplayer, ou pode acabar sem vidas para continuar.

São mecânicas que podem soar estranhas aos mais novos. Muitos jogadores podem torcer o nariz para a dificuldade do jogo. Esta, mesmo no modo mais fácil, ainda prova ser desafiadora. O que é um chamariz a mais aos jogadores de longa data.

No Andar da Carruagem, com Bagagem Extra

Em sua essência, Wild Guns: Reloaded traz tudo o que lhe consagrou como um grande jogo. Mas adiciona elementos para fazer jus a uma remasterização. Tais elementos se traduzem em dois personagens novos, novos power-ups, e dois novos estágios (Underground e Flying Ship), no lugar de dois dos já existentes.

Dentre as novas armas temos um lança-granadas com munição de plasma, e um canhão que se assemelha aos canhões de plasma de Caça-Fantasmas
Dentre as novas armas temos um lança-granadas com munição de plasma, e um canhão que se assemelha aos canhões de plasma de Caça-Fantasmas

Doris e Bullet possuem jogabilidade distinta dos outros personagens. A primeira é uma mulher robusta, que ataca com granadas que saem de seus braços biônicos. Ao segurar o botão de tiro, mais granadas são carregadas, ocasionando maior dano aos adversários. Já Bullet é um cãozinho na companhia de um drone voador. Sua área de tiro é um losango que, uma vez travado, não pode ser movimentado. Mas todo alvo dentro de sua área é atingido. Além disso, Bullet é o único personagem que pode se movimentar enquanto atira.

Essas adições são bem implementadas dentro do jogo. Trazem um desafio extra para aqueles que já se cansaram de terminar o original e tornam o jogo mais palatável para os jogadores novatos. Especialmente Bullet, que possui uma jogabilidade mais acessível que os demais.

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Apesar de não se encaixar na história, os novos personagens foram feitos com base nas premissas do jogo.

Já as novas fases, ambientadas em uma área mal-assombrada e em uma nave voadora, são difíceis e extremamente divertidas. O jogador deve lidar com problemas como a baixa visibilidade ou inimigos rápidos, que atiram balas mais rápidas que os demais. O que vem a oferecer mais desafios.

E temos ainda, além das adições supramencionadas, os gráficos foram melhorados para a geração atual. Estão mais vivos, mais coloridos. E essa melhoria gráfica foi feita de forma a preservar aquela sensação old school que o jogo, brilhantemente, proporciona a todo momento.

O trabalho sonoro também é soberbo. A remasterização das músicas 16-bits atualizou a já excelente trilha sonora. E ainda é possível, ao se terminar o jogo em determinadas condições, selecionar a trilha original. O trabalho de som também tem seu charme. Apesar de, por vezes, parecer um tanto amador no que toca aos adversários. Como sons de robôs que parecem borracha sendo torcida, ou explosões que não soam como tal.

Tais detalhes não tiram, no entanto, o brilhantismo de uma obra que soube envelhecer como vinho.

Pequenas Pedras no Caminho

Apesar de excelente, Wild Guns: Reloaded também não está livre de problemas. Apesar de pontuais, podem, de certa forma, comprometer o conjunto da obra.

Um deles é o fato de o jogo não ter sido lançado na PlayStation Store brasileira. Certamente, frustrando fãs que aguardavam ansiosamente por este lançamento. Algo que deve ser resolvido em breve.

Além disso, o valor cobrado está um tanto elevado para uma remasterização como essa. Tomando, claro, como base os valores dos últimos trabalhos de remasterização, como Darksiders. Ainda que valha o valor investido, algo em torno de US$ 20,00 seriam ideais.

E algo que realmente chama a atenção é a extrema falta de criatividade da desenvolvedora quando o assunto é troféus. O jogo não vem com um troféu de platina, e as conquistas a serem destravadas se resumem a “terminar o jogo”, “terminar o jogo sem continues na dificuldade X”, “destravar as roupas de todos os personagens”, “vencer os chefes”. Para um game desse calibre, uma lista cheia, com um troféu de platina, seria algo natural a ser ofertado.

“Do you feel lucky, Punk?”

Não é comum remasterizações de jogos antigos. Ainda mais aquelas que sejam realmente boas, que valham a pena qualquer investimento. Felizmente, Wild Guns: Reloaded cai exatamente dentro destes quesitos.

Conservando o que o fez se tornar um cult dos jogadores, e adicionando novas e melhoradas mecânicas, mostra que “panela velha faz comida boa”. Controles precisos e simples. Jogabilidade desafiadora. Gráficos saudosistas e personagens distintos. Todo esse conjunto traz a certeza de que um excelente trabalho foi feito.

Este jogo mostra que, as vezes, um pequeno time pode fazer uma grande diferença.
Este jogo mostra que, as vezes, um pequeno time pode fazer uma grande diferença.

E mesmo que ele peque em alguns pontos, estes não são suficientes para deixar de enaltecer e recomendar esta obra-de-arte.

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.