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Defenders of Ekron: É Indie Mas…

Um jogo que prova: jogos de nave podem ter muita profundidade.

por Hugo Bastos
Defenders of Ekron: É Indie Mas...

Defenders of Ekron cai naquele nicho de jogos cujo estilo é variável. Ele é um jogo de tiro “twin-stick”, com visão ao estilo “top-down”. É um jogo de exploração. É um jogo de ação. Suas muitas facetas provam que a desenvolvedora chilena In Vitro Games foi corajosa ao misturar tantos aspectos em um único produto.

Não se engane. Este é um jogo interessante e competente, que falha apenas em determinados pontos. Seu maior mérito é conseguir entregar uma boa experiência. Embarque junto com Eneas (sem piadinhas), um piloto de testes fracassado, que se encontra no meio de uma guerra civil, e precisa agora lutar para salvar sua pele e seu país.

Descubra também como uma mistura de gêneros pode ser interessante, mesmo que isso leve a algumas situações um tanto frustrantes.

Meu nome… é ENEAS!

Típica história de um jovem sonhador, que precisa enfrentar dificuldades para encarar seus sonhos. Eneas é um piloto de Anakim (os mechas do universo do jogo). Após uma seção de treinamento, ele é levado para um exame final. Neste, ele precisa liberar uma habilidade especial chamada Ishvara, essencial para pilotos profissionais.

No entanto, algo sai errado. Por não conseguir liberar a habilidade, acaba relegado como piloto de um programa experimental, criado para recuperar recursos de de inimigos derrotados e, então, melhorar seu Anakim. A narrativa do jogo começa, então, a verter para outros lados, como conspirações e traições.

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Típica história de animes: o herói rejeitado torna-se o escolhido. Fonte: Captura de Tela

Jogos assim não costumam focar na história, sendo mais vertidos para seu gameplay. Sendo assim, este é mais um motivo para admirar a tentativa da desenvolvedora em tentar focar nesta parte. Apesar de trazer uma história rasa, com reviravoltas e segmentos muito óbvios e previsíveis, ela é integrada a jogabilidade de forma fluida.

Impiedoso e difícil

Defenders of Ekron faz jus ao seu gênero. O jogo é difícil. Sua jogabilidade é refinada, com controles bem precisos. Os inimigos tendem a seguir certos padrões, como vir em grupos, de todos os lados, ou mesmo inimigos esparsos, mas em um curto intervalo de tempo. E eles não são piedosos.

O maior empecilho na questão da jogabilidade são os checkpoints. Estes são poucos e muito distantes entre eles. Dessa forma, a cada morte, o jogador precisará percorrer longos caminhos até chegar no ponto onde se encontrava anteriormente (e isso se não tornar a morrer, o que é frequente).

As mecânicas de ataque e defesa também são interessantes. O jogador conta com um reservatório de energia e, cada tiro e uso do escudo, ou de outras habilidades, este reservatório é usado. Assim, não é possível atirar “a torto e a direito”, devendo cada tiro ser bem pensado e calculado.

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Não apenas os tiros gastam energia. As habilidades especiais requerem grandes quantidades dela. Fique atento. Fonte: Captura de Tela.

Isso traz uma estratégia poucas vezes vista em jogos deste tipo. Especialmente na luta contra chefes, que tendem a ser implacáveis e ter ataques rápidos e mortais.

Audiovisual e suas nuances

Graficamente falando, Defenders of Ekron excede as expectativas. Os cenários, vistos de cima, são bem construídos e arranjados. A movimentação dos personagens (inimigos e aliados) é fluída e a jogabilidade é sempre limpa. Assim, o jogo não sofre de problemas comuns a estes gênero (como elementos demais no cenário).

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Para um jogo independente, os gráficos são bastante elaborados. Fonte: Captura de Tela.

Esta maestria não é replicada na parte sonora. A trilha do jogo não demonstra a mesma inspiração de sua parte gráfica. Os efeitos são fracos e não transmitem toda fúria e seriedade do campo de batalha. E para completar, o jogo não é localizado, o que dificulta o entendimento da história, e traz certa confusão àqueles que não dominam o idioma.

Os Defensores de Ekron

Defenders of Ekron é um título ousado. Ao inserir elementos não usuais em um gênero já consolidado, a desenvolvedora mostra que a mudança é interessante. Assim, apresenta um título com qualidade, mostrando que mudanças são sempre bem vindas.

Apesar disso, o título não escapa a ter seus percalços. A falta de um troféu de platina, a dificuldade um tanto exagerada, e a ambientação podem não agradar a alguns fãs dos famosos shooters.

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Para os que gostam, o jogo conta ainda com sua parcela de colecionáveis. Fonte: Captura de Tela.

Com um sistema interessante de evolução chamado Oxus, que faz o jogador escolher entre melhorar seus atributos ou recuperar a energia para poder prosseguir, e inimigos que somente podem ser derrotados em padrões específicos, Defenders of Ekron adiciona aquele nível de estratégia tão agradável. Um jogo certamente recomendável.

O que é bom:

  • Gráficos elaborados;
  • Jogabilidade viciante e elemental;
  • Dificuldade exagerada, mas justa.

O que não é bom:

  • Trilha sonora mediana;
  • Fases com checkopoints muito esparsos.

Para quem gostou e jogou:

  • Super Stardust (série);
  • Sine Mora.
  • Sonic Wings.
Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.