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Sniper Elite 5: vale a pena?

Sniper Elite 5 chega e logo ocupa o lugar de "melhor da série". Um tiro certeiro da Rebellion

por Vinícius Paráboa
Sniper Elite 5: vale a pena?

Entre tantos conflitos ocorridos na história humana, é difícil pensar em um mais marcante que a Segunda Guerra Mundial. Esse é o palco de Sniper Elite 5, sequência da famosa franquia stealth da Rebellion Developments, onde vivemos mais aventuras na pele do tenente Karl Fairburne.

O jogo tem muitos pontos fortes: carrega o nome de uma série já estabelecida, faz o jogador ficar “tenso” com o controle em mãos, além, é claro, de ser prazeroso. Entretanto, ainda tropeça em alguns aspectos, como sua jogabilidade extremamente punitiva, I.A. confusa e bugs.

Pare a Operação Kraken!

Karl Fairburne é o “exército de um homem só” — o que não é bem uma novidade para os fãs da série. Assumindo novamente esse papel, o tenente vai parar na França, onde precisa desvendar e dar um fim à “Operação Kraken”, um plano dos alemães com potencial para colocar tudo a favor do eixo na Segunda Guerra Mundial.

Com a ajuda de companheiros da Resistência, Fairburne se vê em cenários inspirados em locais reais, como o bailiado de Guernsey, onde se passa boa parte da campanha. Por lá, o militar se infiltra em diversas bases inimigas, sabota planos, elimina alvos e evita possíveis tragédias para o seu lado da guerra.

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Karl Fairburne, protagonista de Sniper Elite 5 (Foto: Vinícius Paráboa)

Embora a história entretenha, o jogador não se surpreende com os acontecimentos. Os plot twists são previsíveis, enquanto os personagens secundários são totalmente esquecíveis, não dando peso algum à trama.

Outro motivo por não nos apegarmos a esses personagens se dá pelo fato das cutscenes não terem impacto. As expressões faciais não brilham e parecem mal desenhadas, embora, por outro lado, a dublagem (em inglês) merece destaque positivo — as vozes, com sotaques em francês e alemão, transmitem a sensação de se fazer presente na França, durante a Segunda Guerra Mundial.

A falta de uma história “pesada” sempre se tratou de algo que a franquia Sniper Elite tentou superar. Entretanto, não foi dessa vez que a Rebellion conseguiu acertar este headshot.

Alvo na mira

A jogabilidade de Sniper Elite 5 é seu ponto mais forte, apesar de também ser o seu calcanhar de Aquiles. O game é do gênero stealth: o jogador precisa atravessar cenários abertos na surdina para assassinar alvos, roubar documentos, explodir bases, entre outras coisas.

A variedade de gameplay é um grande elemento no jogo. Existem diversas formas de abordar situações, além de utilizar vários equipamentos para chegar ao seu objetivo. Quer ir furtivamente pelos arbustos e atrair um inimigo para uma cilada? Vá em frente. Prefere sacar sua sniper e efetuar um disparo à longa distância para repelir os adversários? A escolha é toda sua.

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Se esconda bem para não ser pego! (Foto: Vinícius Paráboa)

Por falar nesses equipamentos, o título conta com um sistema de customização de armas, bastante útil antes de entrar nas missões. É possível editar os pentes, os canos, as miras, as munições, entre outras coisas desses armamentos, além, é claro, de escolher quais itens carregar (minas, granadas, etc.).

É muito importante saber o que está disponível no seu inventário antes de se aventurar pelos mapas franceses. Por exemplo, ao escolher uma sniper com munição especial “subsônica”, o player causará menos dano aos oponentes, mas evitará barulho e, consequentemente, os alarmes das tropas.

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Sistema de customização de armas foi muito bem produzido (Foto: Vinícius Paráboa)

Aliás, deixar os alemães soarem o alarme é uma péssima ideia. Sniper Elite 5 tem um grave problema de nivelamento de dificuldade, caso Karl Fairburne seja detectado pelos inimigos. Mesmo sendo possível ajustar a dificuldade de gameplay, o jogador avistado é caçado por uma infinidade de soldados, que raramente dão trégua na busca. Um simples erro custa caro e praticamente compromete toda a missão.

Normalmente, a solução para esses casos seria reiniciar do último checkpoint, mas os pontos de salvamento parecem aleatórios. Com isso, ao renascer, o player se vê novamente no meio do conflito, com os inimigos já em estado de alerta com a sua presença.

Inclusive, a Rebellion poderia ter trabalhado melhor a parte da inteligência artificial do game. Por vezes, os soldados se movimentam de maneira esquisita, especialmente ao detectarem Karl Fairburne — eles correm perdidos, às vezes em círculos.

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Atirar de sniper e chamar atenção do inimigo, nem sempre é uma boa ideia… (Foto: Vinícius Paráboa)

Outro fator a se comentar em Sniper Elite 5 são os seus mapas sandbox. A complexidade do level design é grande e faz o jogador se perder em meio a tantos objetivos — mas engana-se quem pensa que isso é algo negativo.

Os mapas são bem desenhados, cada um a sua maneira. É possível encontrar arbustos para se esconder, vinhas para se esgueirar, além de trincheiras que fazem o jogador ficar tenso com o controle em mãos — afinal, não é difícil se deparar com um inimigo escondido por ali.

Ambientes bonitos, personagens nem tanto

Sniper Elite 5 tem os melhores gráficos de toda a série, sem dúvidas. Os ambientes são muito bem desenhados, com arbustos, folhagens, rios e outros elementos naturais trazendo beleza ao gameplay. Apesar disso, no entanto, ainda é possível encontrar bugs visuais ao andar em escadas, por exemplo.

Dá para dizer que os personagens também foram mais bem trabalhados em relação aos demais games da franquia. Entretanto, os fãs podem ficar desapontados ao perceber que eles tinham potencial para serem muito melhores — as expressões faciais ruins, citadas lá atrás neste texto, denunciam isso.

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Cenários foram muito bem construídos pela Rebellion (Foto: Vinícius Paráboa)

No PS5, console utilizado para esta análise, o game roda a 4K dinâmico e 60 FPS — taxa de quadros alta é sempre um fator bem-vindo em shooters. Neste quesito, a Rebellion se saiu bem, pois não há queda notável de FPS.

O console de nova geração também se aproveita da tecnologia do DualSense. Os gatilhos adaptáveis se fazem presentes ao mirar com a arma (pressionar L2 pela metade deixa a câmera em terceira pessoa, enquanto apertar a fundo faz ela ir para primeira pessoa). Já com o feedback tátil, o jogador sente caminhões percorrendo a estrada, aviões voando pelos céus, inimigos caminhando, etc.

Alto fator replay

Sniper Elite 5 conta com mais um ponto positivo que a se destacar: o seu fator replay. Isso porque, os jogadores têm a opção de encararem as missões da campanha em modo cooperativo com algum amigo, algo que permite ainda mais variedade de gameplay.

Não só isso, mas o jogo stealth ainda conta com um “Modo Invasão”, bastante divertido, onde é possível “invadir” a sessão de outro player para matá-lo (e seu companheiro, caso esteja em coop) em sua própria quest. Além disso, caso deixe ligado essa opção, alguém pode entrar em sua sessão com o mesmo objetivo — mais um motivo para rejogar a história.

O invasor, é verdade, é “nerfado” em relação ao jogador principal. Ele possui acesso a uma pequena porção das ferramentas e à metade das armas que Karl tem — isso, é claro, torna a tarefa de eliminar o inimigo bem mais complicada.

Por outro lado, o invasor também conta com uma vantagem: informações. Isso porque, ele consegue marcar seus os adversários com os binóculos, para saber as ações de Fairburne (se matou algum alemão ou soou o alarme). Não só isso, mas ainda há como usar telefones pelo mapa para descobrir a localização aproximada do inimigo.

Essas adições tornam o gameplay mais completo e não faz o título cair no esquecimento após a primeira jogatina. Então, caso se importe no “tempo de vida” de Sniper Elite 5, isso não deve ser um problema.

Sniper Elite 5: vale a pena?

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Diversão é o que não falta em Sniper Elite 5 (Foto: Vinícius Paráboa)

Sniper Elite 5 é, definitivamente, o jogo mais divertido da franquia. Com alto fator replay, diversas táticas de combate e cenário sombrio da Segunda Guerra Mundial, os fãs com certeza terão motivos de sobra para visitarem o 5º capítulo.

Por outro lado, nem tudo são flores. Tanto novatos quanto veteranos da série podem se incomodar com a jogabilidade punitiva — pelo menos até a Rebellion corrigi-la, em um possível update. Além disso, não é raro encontrar bugs na jogatina.

Na PS Store, a versão padrão do título, que contém as versões de PS4 e PS5, sai por salgados R$ 299,90 — um investimento alto para os padrões brasileiros e até mesmo para um game AA. Talvez, o mais recomendado seja esperar por uma promoção, embora se trate, de fato, de um game muito divertido.

Veredito

Sniper Elite 5
Sniper Elite 5

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Rebellion Developments

Jogadores: 1-2

Comprar com Desconto
80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Alto fator replay
  • O modo invasão é bastante divertido
  • Variedade na abordagem de missões
  • Mapas bem trabalhados
  • Boa utilização do DualSense
Desvantagens
  • Bugs visuais incomodam
  • Jogabilidade extremamente punitiva
  • I.A. confusa em certos momentos
  • História não surpreende
Vinícius Paráboa
Vinícius Paráboa
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Jogando agora: Final Fantasy VII Rebirth, A Plague Tale: Requiem, Dragon's Dogma 2
Editor no MeuPlayStation. Fanático por Crash Bandicoot, God of War e pelo Grêmio.