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Outriders: vale a pena?

Com pouca inovação e muitos problemas técnicos, novo shooter da Square Enix não empolga

por Thiago Barros
Outriders: vale a pena?

Desde seu anúncio, Outriders levantou questões sobre sua similaridade com outros títulos do gênero. Dá para dizer, por exemplo, que ele é um Anthem que “deu certo”. Mas será que isso é o suficiente? Em um mercado recheado de opções de shooters/looters, o que pode ser um diferencial para a produção da People Can Fly, publicada pela Square Enix, se destacar?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares – e que não conseguimos responder. Não é que Outriders seja um jogo ruim. Longe disso. Ele tem tudo o que se espera de um game desse tipo. Mas é “só” isso. Se sobram tiroteios, grind e uma bela diversidade de cenários, armas e inimigos, faltam enredo, novidades e aspectos técnicos.

A impressão que fica é que ele é um misto de coisas de outros jogos que acabou ficando sem uma cara própria. Mesmo com um combate divertido em muitos aspectos, o jogo peca por não expandir além disso. Em um dado momento, você já sabe exatamente o que esperar – independente da missão. Uma área aberta, com espaços para “cover” seu e dos inimigos.

Virão ondas e ondas de inimigos, além de um ou mais chefes, para você matar e pronto. Tem uma sidequest aqui, outra ali, mas no geral, seguindo também esse modelo. No meio disso tudo, um enredo ao qual ninguém presta atenção, cutscenes com diálogos duvidosos e um visual abaixo do esperado, e problemas de conexão.

Congelado

A história de Outriders coloca o jogador no papel de um soldado que deixou a Terra para buscar povoar um novo planeta, Enoch. Nesse local, ele encontra uma Anomalia que lhe dá poderes místicos – divididos em quatro classes, das quais é possível escolher só uma:

  • Trickster: uma classe de ‘assassino’, excelente em perturbar os inimigos com ataques de golpe e fuga;
  • Pyromancer: excelente em alcance médio e pode envolver multidões de inimigos em chamas;
  • Devastator: um tanque, ótimo para absorver impactos enquanto derruba os inimigos de perto;
  • Technomancer: pode atacar inimigos de longa e média distância e apoiar seus companheiros de equipe com seus aparelhos.

As quatro classes de Outriders

Depois de uma longa introdução, e de alguns anos congelado, você vai escolher a classe e começar a enfrentar inimigos em um mundo bem diferente do que encontrou na sua chegada. Sejam eles humanos ou criaturas locais.

E, como em todo bom jogo desse estilo, a classe é só o começo. Tem árvore de habilidades, tem grind por armas e equipamentos, e tudo aquilo que já estamos mais do que acostumados a ver. Missões escondidas, baús, vendedores de itens…

Parece que Outriders também ficou “congelado”, não é mesmo?

O objetivo é simples: ir subindo de nível, conforme vai descobrindo o que está acontecendo em Enoch, até zerar a história principal, em cerca de 20 horas, e ficar se dedicando às expedições no endgame. Sempre em busca de melhores equipamentos e armas.

Exatamente o que se espera de um jogo como esse, e o que vai atrair os jogadores que curtem esse estilo. A grande questão negativa que passa é a falta de uma cara mais clara. Vemos elementos de Destiny, Doom, The Division, Anthem, Avengers e muitos outros jogos. Mas, afinal, o que é Outriders? Quem é Outriders? O que chama a atenção que ele trouxe pra cena?

Nada.

Podemos, sim, elogiar alguns aspectos. Como os combates. A inteligência artificial dos inimigos é impressionante, e os tiroteios são bem emocionantes; podendo até ficar bem difíceis se você jogar sozinho. Para facilitar um pouquinho nesse aspecto, é possível equilibrar no “Nível do Mundo”, onde quanto maior o level, mais recompensas (e mais complicadas são as batalhas).

Personagem usando uma arma de fogo em Outriders
Combates é um dos destaques do game.

Inimigos, mundos, armas e equipamentos também se destacam. É tudo muito bem feito. As variações agradam, e é realmente satisfatório superar uma onda enorme de bichos ou humanos e avançar. Porém, poderia haver missões um pouco diferentes. Explorar, resolver algum puzzle, apenas observar determinado lugar…

Um ponto que merece destaque é a localização para o português do Brasil completinha – mesmo com alguns bugs em legendas e áudios em determinados momentos. Além, é claro, do fato de ele não ter microtransações, o que precisa ser bastante exaltado. Só que, além de não ter muita personalidade, Outriders ainda sofre com problemas técnicos.

Isso faz com que o jogador precise ter um sinal de alerta ainda maior. Desconexões, bugs na tela inicial e até casos de crash que perdem progresso e itens. Tudo isso foi relatado recentemente. Nos nossos testes, ficamos dois dias quase inteiros sem conseguir jogar, e ainda tivemos também inúmeros crashes in-game (mas sem prejudicar o progresso, felizmente).

Tela de personalização de equipamentos de Outriders
Um dos problemas mais graves de Outriders é a perda de progresso.

Os devs já prometeram patches de correção, mais detalhes sobre os erros e “expansões significativas” no futuro. A primeira impressão, contudo, não foi tão positiva. E, já que falamos tanto que Outriders “se inspira” em outros jogos, resta saber quem ele vai seguir agora: Anthem, que continuou com falhas e caiu no esquecimento, ou The Division, que se recuperou e voltou a crescer após um início duvidoso.

Outriders: vale a pena?

Por enquanto, Outriders chegou ao mercado como mais um shooter/looter em terceira pessoa e, muito provavelmente, é só assim que ele será lembrado – além de ter feito história com um altíssimo número de jogadores no Xbox, por estar incluso no Game Pass. Afinal, é um game que acerta na ação, mas peca em inovação.

Falta personalidade. Algo diferente. Uma característica única que seja capaz de prender o jogador. Especialmente com tantos games bem similares já disponíveis e com mais atrativos; caras próprias. The Division, Destiny e até Marvel’s Avengers chamam mais a atenção – em todos os quesitos – do que o novo game da Square Enix.

Que não é ruim, apesar de ter muitos problemas técnicos. É apenas um daqueles jogos fáceis de ignorar, especialmente se você tiver que gastar R$ 279,90 para adquirir o seu. Com uma promoção, e amigos que gostem de algo nessa pegada, pode valer a pena. Agora, porém, parece um investimento que não compensa tanto assim.

Veredito

Outriders
Outriders

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: People Can Fly

Jogadores: 1-4

Comprar com Desconto
70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Ambientação dos cenários é bem feito e variado
  • Diversidade de classes, habilidades e armas agrada
  • Ritmo do combate e adaptação da dificuldade
  • Não tem microtransações
  • Possui localização completa para o Brasil
Desvantagens
  • Falta "personalidade" para ser diferenciado
  • Design das missões é extremamente repetitivo
  • Problemas técnicos incomodam bastante
  • Visual não agrada tanto nas cutscenes
  • Difícil demais achar pessoas para jogar coop
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.