Review

EA Sports UFC 4: vale a pena?

Novo game do maior evento de MMA do mundo segue os moldes dos antecessores e chega para encerrar a geração

por Thiago Barros
EA Sports UFC 4: vale a pena?

Quando Dana White se aproxima e coloca o cinturão na sua cintura, após uma carreira longa e cheia de desafios, o sentimento que EA Sports UFC 4 proporciona é recompensador. No octógono, que realmente é o que mais importa, o novo jogo do mais famoso evento de MMA do planeta, brilha.

Ainda tem algumas falhas que vemos desde que a EA assumiu a franquia, é verdade, porém há claras evoluções tanto em termos de ser mais realista quanto em torná-lo mais acessível ao grande público. Contudo, fora do ringue ele ainda deixa a desejar, mesmo com algumas novidades.

Fora a grande questão do preço: R$ 300. Será que vale a pena gastar tanto assim no título? É bem verdade que o último game do UFC chegou ao mercado lá em fevereiro de 2018, então os fãs da categoria podem estar com saudades. Mas, mesmo assim, a impressão que passa é que dá para “esperar uma promoção”, como dizíamos nos tempos de MeuPS4.

Muito bom, mas tijolo não revida

Uma das principais novidades que a EA anunciou para UFC 4 foi a ambientação de lutas fora das arenas que costumam ser palco dos eventos do UFC. Obviamente, elas ainda continuam lá, inclusive a Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro, mas agora você também tem a opção de cair na porrada num quintal norte-americano e no Kumitê.

Sim, inspirado em “O Grande Dragão Branco”. Só que, como diria o grande Chong Lee, “muito bom, mas tijolo não revida”.

Resumindo: o Kumitê e o Quintal não aparecem em nenhum momento do Modo Carreira – e os desenvolvedores até falaram sobre isso, dizendo que queriam manter o realismo. O que seria bastante compreensível se houvesse uma história se desenrolando realmente e um nível de veracidade incrível na carreira. Só que não é o que acontece…

A EA divulgou bastante a entrada do Coach Davis, uma espécie de mentor para seu lutador, no Modo Carreira. E isso realmente parece bem bacana no começo. A introdução é incrível, com cutscenes bem legais e uma imersão superior ao que se viu em outros jogos dessa franquia. Contudo, isso não segue assim na duração da sua jornada.

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UFC 4 faz você virar o GOAT (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Se você esperava algo bem interativo, como A Jornada do FIFA ou Longshot do Madden, pode esquecer. É a sequência de intro e mais nada. Não há sequer cutscenes básicas, mas que dariam uma imersão maior, como pesagens antes das lutas ou imagens mostrando as atividades comerciais que seu lutador faz enquanto se prepara para a luta.

A chegada ao local da luta, o corte de peso, as fotos pré-evento, você pedir para enfrentar um lutador, as entrevistas coletivas que são realizadas para promover a luta, os papos com Joe Rogan no octógono… Coisas que todo fã de UFC reconhece e sabem que estariam, indubitavelmente, na carreira de um lutador, são completamente ignoradas.

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Sentimento de vencer em UFC 4 é recompensador (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Até mesmo o recurso de “rede social” é extremamente “capado”. São pouquíssimas interações, e sempre com o jogo fazendo o que quer, nunca com o jogador tendo liberdade. Sem contar no fato de os adversários das lutas ficarem se repetindo toda hora. Até rolam uns new gen aqui, outro ali, mas vários e vários lutadores vão até 40+, 50+ anos de idade no UFC.

Quando você bate recordes e vira o GOAT (Greatest of All Time), o máximo que acontece é mudar a cor do plano de fundo – assim como rola quando se conquista o cinturão. Ah, e você ganha uns “selinhos” também para exibir no seu perfil online, que pode ser customizado com itens que são desbloqueados com sua progressão e/ou dinheiro real.

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Desafios na jornada de UFC 4 (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Outro ponto que incomoda: como você pode ver na imagem acima, no canto direito superior, é possível arrecadar milhões e milhões com suas lutas. Mas esse dinheiro não pode ser usado para quase nada. Nem mesmo para as personalizações citadas anteriormente. Você vai “se matar” para ganhar contratos melhores e não terá grandes recompensas com isso.

É claro que há novidades bacanas, como treinar com grandes lendas do esporte pra aprender seus golpes, o sistema de skills, a chance de escolher entre lutar na WFA ou no Contender Series de Dana White… Mas, no fim das contas, o Modo Carreira de EA Sports UFC 4 foge um pouco do que se espera nesse momento para um jogo desse tamanho.

Avanços x Velhas Falhas

Como diria Bruce Buffer, “It’s time! 5 rounds for the undisputed EA Sports UFC 4 championship of the world”… No córner azul, chegam os avanços, as novidades no gameplay. Mas no córner azul continuam lá as velhas falhas, já conhecidas dos jogadores de EA Sports UFC; algumas delas, inclusive, desde a primeira versão do jogo.

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Lutas são bem emocionantes (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Eu fiz o exercício de reler os reviews que fiz de EA Sports UFC para o MeuPlayStation, de UFC 2 e UFC 3. Reuni algumas frases que ainda são perfeitas em UFC 4. Exemplo, direto da análise do UFC 2, que já destacava algo que era problemático no 1: “Houve uma melhora em relação ao anterior, mas há muitos golpes que simplesmente cortam outros”.

Galvão Bueno diria que “a física não permite” muitas coisas que acontecem em EA Sports UFC 4. Golpes que conectam de um jeito bem esquisito, outros que “cancelam” os movimentos que o adversário está fazendo. Além disso, conforme dito no review de UFC 3, “e ainda existem alguns bugs esquisitos”.

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Bug deixou a câmera assim no meio do treino (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Isso parece ter se tornado uma marca registrada da franquia – tipo em Assassin’s Creed. Ainda tem momentos em que a câmera fica bem louca, que os personagens entram em posições totalmente nada a ver, e até travamentos em que é preciso reiniciar o jogo.

Dito isso, também é preciso elogiar, e muito, o trabalho da equipe de combate. Há novos movimentos e animações que aproximam mais UFC 4 da realidade. Sem falar na dedicação às características de cada lutador, que realmente parece ter sido grande. É bem claro que as versões digitais deles são muito inspiradas na vida real. Não é algo simplesmente genérico.

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Lutas no Kumitê são incríveis (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

É muito diferente lutar com Jon Jones e com Conor McGregor – e isso não fica restrito só a grandes nomes do esporte, como eles. Até os lutadores não tão famosos, como o brasileiro Thiago Marreta, que foi um dos que mais me chamaram a atenção pela similaridade, têm o visual e o estilo de luta muito, muito bem traduzidos no game.

E quando você junta isso a uma jogabilidade aprimorada, é a receita do sucesso. Novamente, apesar dos bugs e de algumas velhas falhas, podemos dizer que, dentro do octógono, EA Sports UFC 4 brilha. Os golpes de impacto, as finalizações, as transições. Tudo parece muito mais suave, realista e, de certa forma, fácil.

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UFC 4 tem modo de luta só em pé (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Especialmente em momentos como o clinch e o jogo de chão, que eram mais complicadinhos, tudo ficou mais acessível para quem joga casualmente ou é iniciante. As melhorias de gameplay são realmente percebidas. Portanto, se de um lado temos alguns erros que já são conhecidos e não deveriam mais estar ali, de outro temos modificações relevantes e que merecem ser elogiadas.

EA Sports UFC 4: vale a pena?

Seguindo na linha do novo x velho, mas agora com foco totalmente positivo: ambientação e modos de jogo agradam bastante. Não que haja grandes mudanças em relação ao seu antecessor, porém o fato é que há mais maneiras de se divertir com o novo game. Tanto pra quem curte online quanto no offline.

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Cada cena como essa te alivia (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Batalha de Blitz, Ranqueada, Carreira, Torneio, Luta Rápida, Modo Nocaute… As possibilidades são inúmeras, e tudo isso com muitas arenas, além do Kumitê e do Quintal, e um elenco de lutadores recheadíssimo – com os atuais, as lendas e até mesmo convidados bem especiais, como Bruce Lee, Tyson Fury e Anthony Joshua.

É bem verdade que essa palavra era usada pela THQ nos antigos jogos do UFC, mas EA Sports UFC 4 é “undisputed” no ramo. O visual impressiona, tanto na identidade adotada nos menus, como nos “personagens” e até nos cenários. É tudo muito bem feito. Além de ter também uma baita trilha sonora. Só os comentários que são repetitivos, mas não chegam a atrapalhar.

É muito legal ver como a franquia do UFC se manteve firme na EA Sports. Certamente, tem muito a ver com o fato de não haver uma concorrência – assim como Madden. Em FIFA, a briga com PES dura anos, e em NBA, infelizmente, a empresa optou por “desistir de enfrentar” NBA 2K. Ainda assim, é de se elogiar o produto final apresentado na quarta edição do jogo oficial do Ultimate.

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Finalizou! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Para quem é fã da série, sem dúvidas é um título que vale a pena adquirir logo. Já para os mais casuais, a melhor opção é mesmo deixar seu preço baixar. Afinal, isso talvez não demore muito a acontecer. Especialmente se você tem o UFC 3 e não se importa tanto em ter os lutadores mais atualizados e essas novidades de gameplay.

Mesmo sendo lançado dois anos depois do seu antecessor, e não anualmente como todos os outros jogos de esportes, UFC 4 não mudou tanto assim. O que até é esperado, em ano de última geração de consoles. Provavelmente, em 2022, com UFC 5, já no PS5, aí sim a gente vai poder realmente falar de um salto de qualidade relevante na franquia.

Veredito

EA Sports UFC 4
EA Sports UFC 4

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: EA Sports

Jogadores: 1-2

Comprar com Desconto
75 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Ambientação impecável
  • Jogabilidade "mais acessível"
  • Customização do seu lutador
  • Plantel de lutadores bem recheado
  • Variedade de Modos de Jogo
Desvantagens
  • Velhas falhas da série estão de volta
  • Poucas melhorias em relação ao antecessor
  • Modo Carreira decepcionante
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.