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Fábricas de Sonhos: Square, Enix e uma fusão histórica nos games

Desde 2003, formam a Square Enix, com Kingdom Hearts, Tomb Raider e Final Fantasy

por Thiago Barros
Fábricas de Sonhos: Square, Enix e uma fusão histórica nos games

Depois de algumas semanas ausente, o Fábricas de Sonhos está de volta para contar a história da Square Enix. A empresa japonesa, que é se consolidou no mercado por ser responsável por títulos como Final Fantasy, Kingdom Hearts e Tomb Raider.

Para quem não sabe ou não se lembra, Square e Enix eram duas empresas distintas, que se uniram em 2003. A primeira, fundada em 1975, é a publisher de Dragon Quest, enquanto a segunda, de 1983, possui como principal nome a série Final Fantasy (mas produziu muitos grandes RPGs, como Chrono Trigger e Secret of Mana).

Meu PS4 relembrará, abaixo, um pouquinho das histórias de ambas as empresas, além dos principais momentos que elas viveram juntas, já como Square Enix.

Enix

Fundada nos anos 70, a Enix tem uma longa história. Porém, ela publicava títulos de outras empresas, não fazia os próprios. Dragon Quest mesmo. Os primeiros jogos da série foram publicados pela Chunsoft. Depois, algumas outras empresas trabalharam com a marca em sequências e spin-offs.

O bacana é que a Enix só começou a trabalhar com games nos anos 80, quando fez um concurso de programação de jogos para computadores. Love Match Tennis e Door Door foram os vencedores e saíram não só em PCs como nos consoles da época. Porém, na sequência, seu foco ficou mesmo em publicar coisas criadas pelos outros e dar royalties.

Além de jogos eletrônicos, a Enix também atuou com anime e mangás nos anos 90, mas primeiramente, foi fundada com o nome de Eidansha Boshu Service Center, por Yasuhiro Fukushima, que publicava tabloides com anúncios de imobiliárias. Ou seja, a história da empresa é uma baita salada.

No fim dos anos 90, ela anunciou que começaria a lançar jogos para Nintendo e Sony, e no início dos anos 2000 ela demonstrou o interesse em se alinhar a alguma gigante do mercado para crescer mais ainda. Square e Namco surgiram como as favoritas, e vocês sabem o fim da história, né?

Square

Masafumi Miyamoto fundou a Square em setembro de 1986. Na verdade, ela nasceu em 1983 como uma divisão de software dentro da Den-Yu-Sha, mas tornou-se um projeto independente três anos depois. Seus primeiros dois títulos foram The Death Trap e Will: The Death Trap II, criados por Hironobu Sakaguchi, ainda na Den-Yu-Sha.

Já separadamente, com Sakaguchi como diretor, eles lançaram vários títulos sem muito sucesso no Famicom e decidiram se mudar para Ueno, Tóquio, em 1987. E foi lá que nasceu o maior nome da sua história: Final Fantasy, inspirado pelo sucesso da rival da época, Enix, com Dragon Quest.

A partir de então, a empresa passou a se dedicar a títulos de role-playing games. E entre os anos 80 e 90, a empresa publicou alguns dos principais jogos da história do gênero nos consoles, como Chrono Trigger, Secret of Mana e Kingdom Hearts – esse último em colaboração com a Disney.

Seu grande momento veio com Final Fantasy VII, que vendeu 9,8 milhões de cópias e foi um enorme sucesso no PlayStation no fim dos anos 90. No entanto, no início dos anos 2000, a empresa não passava por bons momentos financeiros – algo semelhante ao que vivia a então rival Enix.

Em 2001, houve uma troca de CEO, com Yoichi Wada assumindo e prometendo mudar as coisas. A partir daí, e claro, com o lançamento de Final Fantasy X e Kingdom Hearts, a companhia voltou ao seu melhor em 2002, entretanto seguiu com os seus planos de se reestruturar totalmente. O passo seguinte? Unir-se a uma rival.

Final Fantasy

Se vamos falar de Square, temos que ter um capítulo à parte sobre Final Fantasy. Afinal, foi esse jogo que salvou a companhia de ir para o limbo no fim dos anos 80. A empresa estava endividada e não conseguia produzir nenhum jogo de real sucesso. O produtor, hoje super reconhecido, Hironobu Sakaguchi estava prestes a companhia.

Era preciso tentar algo de diferente. Uma cartada final. Uma aposta final. Uma fantasia final. Daí surgiu Final Fantasy. Nobuo Uematsu, compositor da trilha sonora de FF, diz que, realmente, o jogo foi um último suspiro de uma empresa desesperada. Sakaguchi, por sua vez, diz que essa história é meio exagerada.

Segundo ele, os desenvolvedores queriam um título fácil de abreviar com letras romanas e sílabas em japonês. “FF” surgiu por ser simples assim em inglês e “Efu Efu” em japonês. Por conta do gênero do game, o segundo F, claro, seria “Fantasy”. Mas o primeiro acabou demorando a ser decidido.

A primeira sugestão, inclusive, chegou a ser “Fighting”. Mas havia um jogo britânico com esse nome naquela época, então a equipe decidiu por “Final”. Ele admite que a empresa “estava em uma fase complicada quando desenvolveu Final Fantasy”, mas explica que o nome do jogo não é por isso: “Qualquer coisa que começasse com F estaria ótimo”.

Independente da versão correta sobre o nome, o fato é que Final Fantasy foi o ponto de mudança da história da Square. Curiosamente, inspirado em Dragon Quest, justamente da Enix, com quem ela iria se fundir décadas depois. Com mais de 140 milhões de jogos vendidos, até que deu certo a tal fantasia final, não é mesmo?

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Final Fantasy VII, um dos maiores sucessos da empresa.

Fusão

25 de novembro de 2002. Foi nessa data que foi anunciada, oficialmente, a intenção de Square e Enix se fundirem. A ideia era diminuir os custos de ambas as empresas e criar uma gigante japonesa capaz de bater de frente com estrangeiras. A sugestão, porém, não foi aceita logo de cara. Muitos acionistas ficaram temerários com a coisa.

Especialmente do lado da Square, porque assim que a fusão se concretizou, em abril de 2013, 80% da equipe vinha da empresa e isso gerava uma preocupação de que a Enix ganharia muito mais do que ela na parceria. Porém, com o nascimento da Square Enix, tudo melhorou para os dois lados do acordo.

Com Yoichi Wada, da Square, como presidente, e Keiji Honda, da Enix, como vice, eles foram atrás de outras companhias para o fortalecimento do grupo. Dentre os muitos investimentos feitos, o principal foi a Eidos, adquirida em 2009. Publisher com os direitos de séries como Tomb Raider e Hitman, do Reino Unido, ela virou Square Enix Europe.

Desde 2003, a empresa já lançou grandes títulos e reviveu históricos, como Kingdom Hearts II (2005), Dawn of Mana (2006), Chrono Trigger (2008), The Last Remnant (2009), Final Fantasy XIII (2009), Tomb Raider (2013), Thief (2014), Just Cause 3 (2015), Rise of the Tomb Raider (2016), I Am Setsuna (2016), Hitman (2016) e Nier: Automata (2017).

E nos próximos meses veio alguns títulos de alta importância para ela. Shadow of the Tomb Raider, Life is Strange 2 e, em breve, Hitman 2 e Kingdom Hearts 3. O destaque maior, claro, vai para o último, esperado faz muito tempo pelos fãs, mas todos os outros são games de nível AAA e que devem fazer muito sucesso.

Estrutura Organizacional

Além do line-up da Square e da Enix, a Square Enix também tem os títulos de peso da Eidos. Hoje, ela tem companhias na China, no Japão, no Reino Unido e no Canadá. Ou seja, aquele plano de expansão para bater de frente com marcas famosas do Ocidente deu certo. Hoje, a Square Enix é uma gigante.

Sua sede é em Shinjuku Eastside Square, em Tóquio, e ela tem Yosuke Matsuda como presidente e Yasuhiro Fukushima como presidente de honra. Atualmente, ela conta com diversas subsidiárias, como a Square Enix Co, em Tóquio, a Crystal Dynamics, na Califórnia, a Eidos Montreal, no Canadá e a Square Enix Europe, em Londres.

Com cerca de 4 mil empregados e renda de mais de 250 bilhões de ienes em 2017, a Square Enix está muito forte no mercado, mas não tem escritório no Brasil. Uma pena, não é mesmo? Seus jogos, porém, costumam chegar com localização, pelo menos de menus e legendas, para o nosso público.

Principais jogos

Ao longo de muitos anos, a editora desenvolveu, publicou e distribuiu diversos jogos e franquia renomadas.

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2003

  • All Star Pro-Wrestling III
  • Final Fantasy Crystal Chronicles
  • Sword of Mana
  • Final Fantasy X-2

2004

  • Dragon Quest V: Hand of the Heavenly Bride
  • Kingdom Hearts: Chain of Memories
  • Musashi: Samurai Legend

2005

  • Final Fantasy IV Advance
  • Kingdom Hearts II

2006

  • Children of Mana
  • Final Fantasy XII
  • Final Fantasy XI
  • Dawn of Mana

2007

  • Kingdom Hearts II Final Mix+
  • Dragon Quest Swords: The Masked Queen and the Tower of Mirrors
  • Final Fantasy Fables: Chocobo’s Dungeon

2008

  • Space Invaders Extreme
  • Infinite Undiscovery
  • Chrono Trigger
  • The Last Remnant

2009

  • My Pet Shop
  • Batman: Arkham Asylum
  • Final Fantasy XIII

2010

  • Just Cause 2
  • Nier
  • Lara Croft and the Guardian of Light
  • Final Fantasy XIV
  • Mario Sports Mix

2011

  • Dungeon Siege III
  • Dead Island
  • All Zombies Must Die!

2012

  • Deus Ex
  • Sleeping Dogs
  • Hitman: Absolution

2013

  • Tomb Raider
  • Kingdom Hearts HD 1.5 Remix
  • Final Fantasy XIV: A Realm Reborn
  • Final Fantasy X/X-2 HD Remaster

2014

  • Tomb Raider: Definitive Edition
  • Thief
  • Kingdom Hearts HD 2.5 Remix
  • Lara Croft and the Temple of Osiris

2015

  • Life is Strange
  • Rise of the Tomb Raider
  • Just Cause 3

2016

  • Dragon Quest Builders
  • I Am Setsune
  • Hitman
  • Deus Ex: Mankind Divided
  • Final Fantasy XV

2017

  • Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue
  • Nier: Automata
  • Dragon Quest
  • Dragon Quest II
  • Dragon Quest III
  • Final Fantasy IX

2018

  • Dissidia Final Fantasy NT
  • The Awesome Adventures of Captain Spirit
  • Octopath Traveler
  • Shadow of the Tomb Raider
  • Life Is Strange 2
  • Just Cause 4 *

Clique aqui para ver a lista com todos os jogos da Square Enix.
* Ainda não foram lançados

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