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[Análise] MLB The Show 18: Vale a Pena?

Ainda é um jogo de nicho, mas para esse nicho...

por Thiago Barros
[Análise] MLB The Show 18: Vale a Pena?

A NBA é grande no Brasil desde os anos 90, a NFL começou a fazer sucesso nos anos 2000, mas o baseball ainda não emplacou por aqui. Por isso, MLB The Show 18 não é um dos games de esporte mais procurados do mercado nacional. É um jogo muito de nicho. Só que para esse nicho, ele não chega a ser um home run, mas é ao menos um bom base hit.

Só que é preciso compreender que o jogo busca ser o mais realista possível ao levar o esporte ao PS4. Por isso, tem tudo o que é mais característico do baseball. Tanto o bom quanto o “ruim”. Se você jogar no modo tradicional, com nove entradas, pode demorar até terminar uma partida, que não tem a mesma dinâmica de um FIFA ou NBA. Porém, essa é realidade do baseball.

A sua dinâmica talvez seja a mais lenta dentre os principais esportes. Para aqueles que gostam e entendem do esporte, porém, é extremamente atrativo. A prova disso é que a MLB é mais valiosa do que todas as ligas de futebol e a própria NBA. Só perde para a NFL. Mas vamos falar do MLB The Show 18 – que é o que importa, né?

First things first

Uma expressão muito comum nos Estados Unidos, “first things first” significa “as primeiras coisas primeiro”. Ou seja, vamos iniciar a conversa com o básico, depois avançamos. Por isso, vale uma abertura aqui falando do esporte em si. Afinal, não é todo mundo no Brasil que manja de baseball – pelo contrário.

​Então vamos lá: o nome já diz bastante. O objetivo é conquistar “bases”. São três, mais o “Home Plate”, que é onde o time deve chegar para marcar um ponto. A partida é dividida em “entradas”. São nove ao todo. Cada entrada tem um time no ataque e um na defesa. Quem ataca rebate as bolas. Quem defende as arremessa – e pega as bolas rebatidas no campo.

A dinâmica é simples: o rebatedor que acerta a bola, corre em direção a uma base. Se chegar a ela, pode ficar lá ou partir para a seguinte. Depois dele, vem outro rebatedor. O objetivo é fazer esse movimento entre bases até cegar ao “Home Plate” e pontuar. Do lado da defesa, o ponto focal é o arremessador acertar as bolas de forma que o cara do bastão não consiga rebater.

Claro que há muitas variações nessa história, mas o básico é isso. Quem arremessa tem como objetivo eliminar quem rebate. Quem rebate tem que acertar a bola e correr até a próxima base, fazendo um Base Hit. Quando a rebatida é perfeita, e nenhum jogador do time defensivo chega até ela, é um Home Run, que garante a corrida até o Home Plate o ponto para o time atacante.

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Por outro lado, se os defensores conseguirem recuperar a bola, podem: eliminar o rebatedor, se isso for feito antes de bola quicar no chão e interromper a corrida dele, tocando no seu corpo ou fazendo com que a bola chegue à base seguinte antes dele. Obviamente, isso é uma introdução breve. Você pode conferir mais detalhes aqui ou aqui para compreender tudo melhor.

Fastball

Existem muitos tipos de arremessos de bola feitos pelos pitchers. MLB The Show 18 é como uma fastball. Aquela bola rápida, direta, sem rodeios. E é uma jogada mais segura, sem arriscar tanto. Exatamente como o novo jogo da Sony San Diego para a liga norte-americana de baseball. Ele é um belo jogo, mas que não inova muito em nada.

Após o sucesso de MLB The Show 17, aliás, não havia muito o que melhorar. Por isso, o foco da empresa parece ter sido manter o que deu certo e aplicar apenas alguns tweaks para deixar sua sequência ainda mais redondinha. O que funciona, mas para quem joga a franquia há um tempo, pode ser relativamente decepcionante.

Nos modos de jogo, por exemplo. A variedade é impressionante. Tem um Modo Retrô, para você jogar com gráficos e jogabilidade antigos. O Modo Franquia, para administrar uma equipe, dentro e fora de campo. Playoffs, Treinos, Desafios e também um “Ultimate Team” próprio, chamado de Diamond Dynasty. Fora, claro, os jogos rápidos.

Isso é um ponto super positivo do game, porque o fator replay aumenta e você tem uma grande quantidade de possibilidades de jogo. Só que nada é muito novo. A principal novidade fica com “Road to the Show”, o modo carreira. Também não é um modo totalmente novo, mas que agora tem alguns pontos mais semelhantes a outras experiências semelhantes.

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É bem legal começar em testes para olheiros, depois passar pelo draft, talvez ir para ligas menos expressivas e só então chegar à Major League Baseball. Tudo isso com interações com técnicos, progressão do personagem e diálogos com opções diferentes para construir a personalidade que seu jogador vai ter.

Nem tudo é perfeito. Porque você tem que escolher um estilo de jogo e fica preso a ele, porque o sistema de progressão é baseado apenas nas suas performances e não há uma skill tree para os jogadores customizarem o que querem melhorar. No máximo, alguns boosts, que melhoram seus atributos, mas novamente, sem você escolher.

No gameplay em si, porém, MLB The Show 18 é o melhor que já se viu. Os movimentos de bolas estão mais reais, assim como das rebatidas. Os efeitos de clima agradam, os jogadores têm uma mobilidade maior, o sistema de precisão de arremessos e rebatidas está ótimo e os tutoriais, com várias opções de comandos para cada ação, também ajudam bastante.

​Dá pra arriscar dizer que MLB The Show 18 é um dos melhores games esportivos de todos os já feitos em termos de jogabilidade e tradução do jogo real para o digital.

Strike two

Só que MLB The Show 18 também tem seus strikes. Os desenvolvedores erraram uma rebatida aqui e outra ali. Nada que justifique uma eliminação, mas há pontos a melhorar. A apresentação dos jogos, especialmente. Os comentários são genéricos, o visual de cutscenes não gera aquela expectativa de começar o jogo e, in-game também nada demais. E essa “borda preta” aí?

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Há alguns pontos bacanas, tipo a textura dos uniformes, muito mais bem trabalhada, e até todo um trabalho feito com faces e características de jogadores. Entretanto, ele não apresenta o que se espera de um trabalho gráfico de um jogo de esportes de nível AAA. PES e FIFA, NBA 2K e NBA Live, F1, UFC…Todos impressionam mais do ponto de vista gráfico.

Nos modos de jogo, apesar da variedade, há um senso de que boa parte da experiência acaba sendo muito genérico. O modo Franchise, por exemplo, que há alguns anos era crucial para os jogos de esporte, parece ter sido esquecido por muitas séries, incluindo MLB The Show. Tudo, claro, em detrimento das experiências que envolvem microtransações.

Se os jogos da EA Sports têm o Ultimate Team, que começou no FIFA e hoje se alastra até no UFC, mesmo sem fazer tanto sentido por ser um esporte individual, MLB The Show 18 traz de volta o Diamond Dynasty, lançado em 2017. Ele é até bem bacana, com direito até a um novo recurso, pedido pela comunidade, de importação de logos para uniformes e escudos.

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Só que o sistema de colecionar itens de variados tipos, dentre jogadores, estádios, comissão técnica, patrocinadores, é cansativo e, sem gastar dinheiro de verdade, provavelmente você penará para alcançar seus objetivos. De qualquer forma, nenhuma problema com esse modo. Porém, fica apenas a decepção pela mesma intensidade não ser aplicada a outros.

Base hit

Ao fim de todas essas entradas, fica uma sensação bem mais positiva do que negativa. MLB The Show 18 não chega a ser um Home Run daqueles espetaculares em que a galera vai ao delírio – mas cumpre seu papel. É um base hit importante, que ajuda a manter um time bem posicionado no caminho para pontuar.

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Seu único ponto que poderia – e até deveria – ser melhor é a apresentação, a parte gráfica, que deixa a desejar se comparada aos outros principais games esportivos do mercado. Porém, não chega a ser também algo assombroso. É apenas OK. Com detalhes até bem positivos, mas no geral, sem impressionar tanto.1

Obviamente, o selo dado aqui é para o jogo em si, não necessariamente para toda a comunidade gamer, mas como uma experiência esportiva da modalidade, MLB The Show 18 é recomendado. Claro que não é para todo mundo, apenas para quem curte baseball. Só que, para esse público em específico, mesmo que pequeno, ele vale a pena.

Até para quem não gosta ou conhece muito, mas tem curiosidade, vale “esperar uma promoção” e comprar. É mais ou menos como a maioria dos outros jogos de esporte de alto nível. É ótimo para os fãs, mas também tem potencial para conquistar quem não é tão ligado assim. Claro, se essa pessoa vier com a mente aberta e disposta a aprender para aproveitar a experiência.

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.