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The Swords of Ditto: Vale a Pena?

Roguelike recomendado.

por Raphael Batista
The Swords of Ditto: Vale a Pena?

A Devolver Digital, conhecida por publicações independentes de destaque como OlliOlli, Broforce, Hotline Miami, apresenta seu novo título: The Swords of Ditto. O jogo, com um visual simpático e amigável, revela a ilha de Ditto amaldiçoada pela bruxa Mormo e cabe às Espadas, pessoas selecionadas pelo acaso, enfrentar a vilã e trazer paz ao povoado.

Do gênero roguelike, o game possui características marcantes e bem desenvolvidas. A geração dos mapas aleatoriamente, a evolução dos inimigos a cada Espada, a necessidade de busca por novos equipamentos, são elementos que tornam o jogo uma produção excelente para os amantes do gênero e pessoas que querem um desafio especial.

Cheiro de infância

O visual apelativo à nostalgia de The Swords of Ditto é o primeiro impacto da obra. E, talvez, tal fator é proposital para chamar a atenção. Fato é que o design caricaturado, com fortes traços coloridos, apresenta um visual que remete à jogos eletrônicos da infância, como disponíveis, na época, no Cartoon Network.

Com isso, o jogo apresenta a ilusão do esteriótipo infantil. Por suas características, é fácil confundir a proposta do game com um título voltado para a diversão familiar. Contudo, tal intenção é proposital para frustar com as expectativas e elevar as sensações a um patamar completamente diferente.

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Visual divertido e cheio de cores. Fonte: captura de tela.

Logo no contato inicial com a primeira Espada, o jogador sente a nítida impressão da dificuldade do jogo. Com movimentos básicos de ataque, dash, interação e uso de habilidades, o gamer precisa lidar com diferentes inimigos, enfrentar dungeons, eliminar mini-chefes e enfrentar a bruxa em um curto período de tempo. Sim, existe tempo!

Ao contrário de Rogue Legacy, um dos primorosos do gênero, em que o jogador reiniciava o jogo exclusivamente ao morrer; em The Swords of Ditto, o jogo é reiniciado ao morrer OU quando o período de 4 dias se encerra. É preciso gerenciar o tempo na exploração, não morrer, e coletar os recursos necessários para o confronto final (batalha que é de alto nível).

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4 dias. Muito a se fazer! Fonte: captura de tela.

A visão aérea panorâmica torna a situação um pouco mais difícil. E trata-se mais de um incômodo do que algo projetado. Em combates com múltiplos inimigos, é de certo modo complicado acertar todos os ataques pela ilusão de ótica que o mapa apresenta. Muitas vezes, o jogador sofrerá danos ao encostar nos inimigos que se aproximaram demasiadamente.

Você é só mais um

Talvez a características mais pertinente do gênero é a efemeridade dos personagens e o quão descartáveis são. Não importa o quanto você batalhe para ser a melhor Espada, uma outra virá para tomar o seu lugar e, então, ela poderá ser mais gloriosa, ou não.

A verdade é: não há conexão entre os personagens. Afinal, não há uma narrativa profunda e pessoal. Simplesmente os eventos acontecem de forma aleatória, as Espadas são levantadas para o confronto, existe a batalha final, e o jogador recomeça tudo de novo. Claro que existe uma forma de quebrar a maldição, contudo, é preciso descobrir como, onde e com quem. No entanto, até lá, o guerreiro estará restrito a um looping.

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Cada Espada possui um semblante diferenciado, mas não único. É preciso gerenciar seus equipamentos. Fonte: captura de tela.

Afinal, o objetivo da produção não é desenvolver uma trama. Não é sobre a jornada de um herói. Trata-se de combater o sentimento de eternidade, de tentar vencer o inevitável. Com isso, não importa quem seja o protagonista do momento, apenas são ferramentas para a resolução de um dilema do destino.

É por tal motivo que The Swords of Ditto não é um jogo familiar, e nem se enquadra para jogar casualmente. É um título que quer provocar no jogador o desejo de confrontar a maldição, será preciso então buscar equipamentos melhores, aperfeiçoar-se em técnicas, encontrar recursos e descobrir como quebrar a maldição.

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Fonte: captura de tela.

Maldição!

Não somente no conto que é apresentado uma maldição, mas em certos momentos do jogo acontecem coisas bizarras. E eis que surge algo inédito na indústria dos videogames: não é possível saber se foi erro do sistema ou se é algo ocasionado pelo próprio jogo.

Permita-me explicar: existem determinados recursos dentro do jogo que possibilitam o auxílio na aventura, como parar o tempo ou ganhar vida. São bens valiosos que o jogador pode colecionar. No entanto, o jogo dá a entender que “certos problemas podem ocorrer”. E isso de fato aconteceu em um primeiro acesso, tornando impossível o progresso. Bug ou consequência?

Isso é uma das coisas irritantes no jogo. O jogador não tem noção, pelo menos não é explicado até descobrir pela prática, de todos os recursos disponíveis no jogo e suas consequências. Como quebrar a maldição, por exemplo? Descubra por si só. Nenhuma dica. Nenhum tutorial. Morra, viva, morra, viva, quantas vezes necessárias até descobrir como vencer, de fato, o jogo.

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Descubra por si só o que fazer e para onde ir. Fonte: captura de tela.

Seja a Espada!

The Swords of Ditto promove uma experiência roguelike completa. Atende a todos os requisitos mínimos para apresentar aos jogadores um título de qualidade, com diálogos engraçados e jogabilidade desafiadora.

6Não é uma proposta com o intuito de desenrolar uma história. Trata-se do combate pelo combate, da evolução pela evolução. Para os que buscam um jogo casual, sem compromisso, o título poderá frustar aos jogadores pela sensação de “nunca sair do lugar”. Já para os jogadores mais compromissados, ainda mais caçadores de platina, será um prato cheio.

Jogos roguelike, por si só, possuem a premissa de algo mais desafiador. Querem proporcionar aos jogadores algo divertido, competitivo e custoso, mas que no final vale muito a pena. Por isso, o jogo é Recomendado.

Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: GTA V | Prince of Persia: The Lost Crown
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.