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FIFA 17: Vale a pena?

por Thiago Barros
FIFA 17: Vale a pena?

FIFA 17 tem Marco Reus na capa, mas quem é “a cara” do jogo é o Cristiano Ronaldo da temporada 2015/16; um craque que se consolidou com grandes resultados em meio a uma concorrência de peso.

FIFA 17 é o Cristiano Ronaldo da temporada passada: mesmo com rivais de peso, fez história, ganhou títulos e se consolidou como um dos maiores de todos os tempos. O game chegou cercado de expectativas e pressionado pelo bom desempenho do maior concorrente, mas não decepcionou e é uma excelente estreia da engine Frostbite na franquia de futebol.

A chegada dela ao game fez com que tudo o que já era bom ficasse mais real, mais bonito e mais amigável. Nunca FIFA esteve tão lindo e com movimentos e física apurados desta forma. A EA encontrou um balanço entre diversão e simulação neste game. Ainda pode melhorar, mas FIFA 17 beira a perfeição. Na análise abaixo, você vai entender os motivos.

Seja muito bem-vinda, Frostbite!

Se a versão Demo de FIFA 17 já encantava, o jogo completo é estonteante. A migração da série para a engine Frostbite foi um gol de placa da EA Sports. A movimentação dos jogadores com ou sem bola, o visual dos estádios, as faces dos atletas, as reações das torcidas… Tudo isso foi muito bem feito e merece elogios. Há quem diga que nesse ano FIFA mudou pouco. Acreditem: mudou muito. E, em grande parte, para melhor.

Vamos falar primeiro de jogabilidade. Quando a bola rola, percebe-se rapidamente as melhorias em relação ao seu antecessor. O controle da pelota é mais real, do domínio até as arrancadas. O contato físico também. O destaque fica por conta para o trabalho de proteção de bola, de costas para o adversário. O chamado pivô. Está perfeito. Como eu jogo com o Manchester United e tenho Ibrahimovic no meu ataque, fiquei bem feliz com isso.

As finalizações também estão melhores. Está mais difícil fazer gols “macetados”. Sim, ainda tem jogadores “roubados” e chutes de certos pontos em que é mais fácil fazer a bola entrar. Ainda tem gente que só corre com o Messi pela ponta, que chuta de tudo quanto é lugar com o Cristiano… Mas está mais fácil jogar futebol do que jogar FIFA. Ou seja, tabelar, trabalhar a bola, ao invés de fazer “jogadas de videogame”.

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Há apenas uma falha que pudemos identificar: os chutes altos da entrada da área. É muito fácil fazer gol assim. Se você chegar à meia-lua com espaço, é só encher o pé para, provavelmente, marcar. O goleiro, quase sempre, pula mais embaixo do que a altura da bola. Um problema que precisa ser acertado. É legal que os chutes estejam precisos, mas exageraram neste ponto.

Mesmo que o sistema defensivo de FIFA 17 esteja mais difícil. Roubar a bola é uma tarefa árdua, especialmente no offline. No online, se o seu adversário for bom com a estratégia de posse de bola ou for eficiente com passes rápidos, você também pode sofrer para conseguir desarmá-lo. Marcar pressão no campo do rival pode ser uma boa, mas se ele conseguir se livrar de você, fica com o campo aberto para ir rumo ao gol.

FIFA 16 me decepcionou um pouco por ser muito arcade. FIFA 17 ainda não é aquele simulador completo, mas é um belo passo nessa direção. A parte da tática é que ainda segue um pouco abaixo. As funções rápidas que você pode ativar durante as partidas até funcionam, porém não são tão eficientes como já foram, por exemplo, em FIFA 14. 

O posicionamento dos jogadores não segue à risca o que o gamer orienta em muitos casos, especialmente após dobrar a marcação. Os buracos na defesa podem acabar ficando muito grandes se o jogador não conseguir se conter na marcação. É difícil de acostumar e se posicionar certinho no começo. Eu já mesmo tomei algumas goleadas no Temporadas por dificuldade de preencher os espaços como eu queria. 

Outro ponto a se abordar são as bolas paradas. Uma mudança desnecessária, porém, depois que você se acostuma, fica tudo simples de novo. Até mais do que antes, pois escanteios e faltas para a área, com cruzamentos, estão mais efetivos. Nada que uns tutoriais e um pouco de prática não resolvam. O problema é quando você “esquece” e acaba batendo como se fosse um FIFA antigo.

Que Jornada!

Eu sou fã de NBA 2K17, e o Modo Carreira dele é, indiscutivelmente, o melhor dentre os jogos de esporte. Há muito tempo sonhava que a EA fizesse algo parecido no futebol. E em FIFA 17 o sonho foi realizado com “A Jornada”. Nela, você assumirá o papel de Alex Hunter, um jovem de um bairro modesto de Londres sonhando com a Premier League.

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Não vou dar spoilers da história aqui, mas vou dizer que é muito legal ver a carreira no FIFA 17 ter essa pegada cinematográfica. É uma história, que você viverá dentro e fora de campo. Não só jogando e treinando, como também interagindo com as pessoas que fazem parte da vida de Hunter.

A experiência é muito divertida e imersiva. É possível gastar algumas horas sem parar nesse modo de jogo. Pena só que não há grandes opções de customização visual ou apetrechos para gastar seu salário virtual; algo em que até o próprio NBA, que já adota esse modelo há alguns anos, também ainda peca um pouco.

Além d’A Jornada, há outros modos de sucesso, que já são bem conhecidos dos fãs da franquia. O Ultimate Team, por exemplo, volta com tudo, com uma série de novas competições Online e os Desafios de Montagem de Elenco, que podem lhe render boas recompensas, além de todos os atrativos que ele sempre teve. O Temporadas continua uma disputa competitiva e viciante online contra pessoas de todo o mundo.

Ou seja, atrativos não faltam em FIFA 17. Se você quer jogar offline, há campeonatos licenciados na Europa, times brasileiros (com jogadores genéricos, bola fora da EA, mas que deve ser corrigida em breve), o próprio FUT e o modo Carreira. Para quem joga online, além, claro, dos amistosos com amigos, FUT, Temporadas e Temporadas Cooperativas.

Apresentação impecável

Independente do modo de jogo que você escolha, a apresentação de FIFA 17 é muito bem feita. Os estádios são fiéis à realidade, e são muitos os licenciados, os uniformes todos atualizados e com todos os detalhes, as torcidas interagindo e cantando, efeitos climáticos, gramado se desgastando, balizas mexendo conforme a bola bate…

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Para muita gente, podem ser detalhes pequenos, mas fazem bastante diferença vendo o conjunto da obra. Nas partidas offline entre grandes times ingleses, por exemplo, a apresentação é toda imitando a da transmissão da Premier League e da FA Cup. As cutscenes, com os jogadores entrando em campo, também são de cair o queixo.

Na narração, Tiago Leifert e Caio Ribeiro mantêm o estilo e o padrão de qualidade de sempre. Há quem goste. Eu não sou dos maiores fãs, mas respeito o trabalho e admiro o esforço feito pela EA neste ponto, que é um aspecto em que FIFA 17 é superior a PES 2017, que tem uma narração bem menos detalhada.

Mas nada supera a emoção de marcar um gol da vitória, em casa, no finalzinho do jogo. O estádio pulsa, a torcida berra e você se sente o próprio Petkovic na cobrança de falta contra o Vasco na final do Campeonato Carioca de 2001.

Conclusão

Eu costumo trabalhar no Carnaval, analisando os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro para o site Carnavalesco, e creio que aqui caiba um critério usado por lá: todas as escolas começam com nota 10 em todos os quesitos, e vão perdendo pontos ao longo da Avenida. Aqui, FIFA 17 começa com um 10 e é muito difícil tirar pontos dele, porque ele não comete erros graves.

Antes de fazer esse review, eu me certifiquei de que havia jogado o suficiente. Foram muitas horas de jogo, especialmente no Temporadas, no Ultimate Team e no A Jornada, para garantir que eu teria uma opinião consistente do que vi. Até porque, como gostei muito do PES 2017, tirando os problemas relacionados à conectividade, sabia que não seria fácil analisar FIFA 17.

E depois de tantos testes, chego a conclusão de que FIFA 17 é uma compra muito melhor do que FIFA 16, com o qual tive muitas dificuldades de me relacionar. Claro, ainda está cedo, ainda vou passar raiva tomando gol bobo no fim do jogo no Temporadas, mas FIFA 17 está do jeito que eu gosto: simulação mais do que diversão. Ainda não é perfeito, mas é bom. Muito bom.

2 - Selo de Ouro

*O jogo foi cedido pela Warner Games para avaliação

Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.