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Dreamfall Chapters: É Indie mas…

Dreamfalls coloca você em três mundos diferentes, sendo um deles o lar de todos os outros existentes.

por Rui Celso
Dreamfall Chapters: É Indie mas...

Você já parou para pensar o quanto nossos sonhos são importantes? Alguns dizem que quando pensamos muito sobre determinado tema, sonhamos com ele. Outros dizem que os sonhos são espelhos da realidade. A verdade é que ninguém sabe ao certo.

E se você pudesse controlar o que sonha? Viver aquele sonho como se fosse sua vida? Será que no futuro isto será possível? É este o tema abordado por Dreamfall Chapters.

Dreamfall é uma série que começou nos PCs, passou pelo Xbox, Xbox 360 e agora chega ao PlayStation 4. No entanto, antes de comemorar é preciso esclarecer a seguinte dúvida: o não conhecimento dos outros jogos da série, atrapalha o entendimento de Chapters? É isso que iremos descobrir.

Uma narrativa profunda e envolvente espera por você aqui, onde os sonhos são as coisas mais importantes do mundo.

  • Jogo: Dreamfall Capters
  • Desenvolvido por: Red Thread Games
  • Distribuído por: Deep Silver
  • Onde encontrar: Aqui (R$91,90)

Os sonhadores

Em Dreamfall Chapters você assume o controle de três personagens: Zoe Castillo, Kian Alvane e Saga. Cada um deles em uma realidade diferente. Tudo começa com Zoe na cidade de Propost.

A cidade de Propost possui a mais alta tecnologia, assim como um governo corrupto que quer obrigar seus cidadãos a usarem a Dreamachine (Máquina dos Sonhos) o tempo todo. O aparelho faz com que as pessoas tenham sonhos lúcidos, além de permitir que o usuário escolha o seu próprio. É como uma droga. Algumas pessoas não conseguem parar.

Zoe está em coma, o ano é 2220. Sua mente está em um local chamado Storytime (Hora da História), um mundo paralelo ao real e ao imaginário.

Zoe é uma Dreamer (Sonhadora), única capaz de sonhar lucidamente sem a ajuda da máquina. No entanto, após acordar, ela se esquece de tudo que aconteceu antes, e durante sua estadia no hospital. Porém, sente que precisa ajudar alguém em apuros.

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Zoe entra em coma no jogo anterior. Fonte: PS4 Share

Em outro mundo, Kian Alvane recebe sua pena de morte após suas ações criminosas. No entanto, com a ajuda de um dos prisioneiros e um pouco de magia negra, ele consegue escapar.

Esta é uma era onde a magia está sendo expurgada do mundo. A raça de magicals (feiticeiros) está sendo aniquilada e apenas humanos poderão viver na terra. Para lutar contra isto e todo o governo corrupto, um grupo de rebeldes (o mesmo que ajudou Alvane a escapar da prisão) recruta o ex-prisioneiro para ajudá-los em sua missão.

Aqui há duas escolhas: ajudá-los ou não. Caso queira seguir o caminho da resistência e tentar redimir-se de seus pecados, você terá que enfrentar sua própria tribo, os Azadi. Um povo que justifica seus atos criminosos em nome de seus deuses.

Neste mundo, Alvane descobre que há uma máquina capaz de rastrear sonhos. Com o poder desta tecnologia, o governo terá em suas mãos, todos os cidadãos de Marcuria.

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Kian passa a ter barba e cabelo após um tempo junto com os rebeldes. Fonte: PS4 Share

Entre um mundo e outro, existe aquele que fica entre ambos, o que eles chamam de House of All Worlds (A Casa de Todos os Mundos). Aqui vive Saga. Sua história está ligada a personagens do passado, sendo obrigatório jogar os jogos anteriores para compreender.

Como eles estão conectados? Pelos sonhos.

Perdi alguma coisa?

Antes de focarmos na parte técnica, é importante dar ênfase em como a narrativa é abordada, já que esta é a maior proposta do jogo.

Às vezes um sonho não possui um começo, meio e fim. Ele simplesmente vem e você fica sem entender o que aconteceu. Embora Dreamfalls trate sobre o assunto, não significa que ele não tenha uma história a ser contada.

Jogar Dreamfalls Chapters é como ter estes sonhos sem sentido, onde você é simplesmente jogado no mundo vivencia aquele momento. Para entender quem são os personagens e sobre o que eles estão falando, é necessário ter jogado The Longest Journey e Dreamfall: The Longest Journey, lançados para PCs, Xbox e Xbox 360.

Isto torna-se um pouco difícil se levarmos em consideração que os usuários são diferentes. O jogo fica impossível de se jogar sem saber toda a história? Não, muito. Existe uma galeria de personagens que conta uma história resumida sobre cada um dos personagens, porém, nada que se compare à vivência daquela história.

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A bruxa Baba Yaga equilibra os sonhos. É ela quem traz os pesadelos às pessoas. Fonte: PS4 Share

Por se tratar de um jogo focado em diálgos, é normal (e chato) não vermos cenas de ação como vistos em Heavy Rain ou Beyond Two Souls. Claro, há a questão da comparação: indie vs AAA, porém, a Red Thread poderia ter trabalhado um pouco mais neste ponto e evitado algumas (muitas) conversas desnecessárias.

E falando em diálogos, devo dizer que a interpretação dos dubladores sofre uma queda constante. Há momentos que necessitam de entusiasmo e simplesmente sofrem para falar. Outros precisam de um pouco mais de delicadeza e acabam se entusiasmando demais. Tirando isso, o sotaque britânico com palavras estranhas dá um ar diferente ao jogo.

Sonhando com as inclusões

Atualmente, todo mundo quer se ver representado na mídia, e nos jogos eletrônicos não é diferente. Em se tratando de inclusão, Dreamfall faz muito bem sua parte. Há personagens homossexuais, de outras raças, cores, religiões…o que não falta aqui é diversidade.

Embora toda esta inclusão seja legal, fica um ponto de desapontamento com o cenário em que tudo isso é mostrado. As cidades são muito grandes e possuem um design incrível, mas é horrível saber que você não consegue subir uma simples escada. Em contrapartida, é possível analisar quase tudo ao seu redor, rendendo informações (in)úteis para você.

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A Thread Games trata diversos assuntos importantes na sociedade real. Fonte: PS4 Share

Todo personagem acaba sendo importante devido ao sistema de escolhas. É legal ver como o curso da história muda com suas decisões, mas seria muito mais prazeroso de se ver se as animações fossem menos travadas.

O sistema é funcional, mas se compararmos com a versão de PC, fica evidente a falta de precisão em alguns comandos na versão para console. Claro, ela não é de toda ruim e funciona na maior parte do tempo. No entanto, quando dá algum erro e ele não entende o que você quer fazer, a frustração fala mais alto.

Infelizmente não há legendas em português, então é necessário entender bem do inglês para saber o que está se passando. Caso você saiba pra onde está indo e o que deve ser feito, o jogo pode ser terminado em até 10 horas, porém, se você quiser conquistar todos os troféus, será necessário uma segunda partida.

Já posso acordar?

Dreamfall Chapters é um jogo focado em história e muito pouco em ação. Ao jogá-lo, deve ser levado em consideração que haverão momentos em que você vai querer jogar o controle na parede de tão chato que são os diálogos. Por outro lado, haverão momentos que você ficará tão envolvido que sua boca vai abrir sem perceber.

As animações travadas e as dublagens meia-boca são compensadas pelos belos gráficos e conversas engraçadas. É muito estranho vê-los falando palavras em “português” mas que na realidade, você não sabe o que significam de fato na língua deles.

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Suas decisões podem afetar os negócios de Nela. Escolha com cautela! Fonte: PS4 Share

Chapters deve ser apreciado com calma e paciência. Sua decisão em comprá-lo fica exclusivamente ligada ao conhecimento dos outros títulos. Se você conhece a série e quer ver como a história se desenrola, compre. Caso não faça nem ideia do que está acontecendo, mas tem curiosidade em saber, jogue primeiro os anteriores.

VEREDITO: É indie mas…é razoavelmente legal.

O que é bom:

  • História
  • Sistema de escolhas
  • Gráficos
  • Controles

O que não é bom:

  • Animações travadas
  • Dublagem
  • Sincronização da dublagem com as legendas
  • Quedas de frame-rate e algumas travadas durante os loadings.

Para quem jogou e gostou de:

  • Beyond Two Souls
  • Heavy Rain
Rui Celso
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Jogando agora: Nada no momento.
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