Review

[Análises] Conheça os jogos da PlayStation Plus de setembro

por Hugo Bastos
[Análises] Conheça os jogos da PlayStation Plus de setembro

Verdade seja dita: ao ser anunciado, o line-up de jogos gratuitos, para os assinantes da PlayStation Plus, de agosto causou um gosto amargo. Apesar de alguns serem divertidos, as reclamações foram mais preponderantes. Isso mudou drasticamente no anúncio dos jogos disponíveis para assinantes da Playstation Plus de setembro.

Vários jogos ofertados já são conhecidos dos gamers. Outros, com propostas diferentes daquelas que nós, ocidentais, estamos acostumados, vieram mostrar algumas de suas peculiaridades.

E, para dar um vislumbre no que será jogado por muitos a partir da próxima terça-feira (6), abaixo segue uma breve análise de cada jogo oferecido. Sem mais delongas, vamos a elas.

LORDS OF THE FALLEN (PS4)

Comparado a Dark Souls desde a sua concepção, Lords of the Fallen é um jogo que, de certa forma, agradou a crítica especializada. Muito embora tenha sido criticado pela falta de um modo cooperativo, batalhas contra chefes e problemas técnicos, o jogo agrada por ser uma “porta de entrada” mais acessível ao estilo de jogo que a série Souls.

O jogador controla Harkyn, um prisioneiro condenado, libertado com o intuito de deter uma invasão das forças demoníacas da divindiade Adyr. Tendo sido inspirado (até demais, diga-se de passagem) na série Souls, verificam-se os elementos básicos: ambientes interconectados, inimigos monstruosos, gameplay não linear, entre outros.

O sistema de experiências também é similar ao da série Souls, com algumas modificações. A medida que o jogador usa combos contra inimigos, um multiplicador de experiência cresce. Esse multiplicador volta a 0 toda vez um checkpoint é utilizado. Se morrer, Harkyn aparece no último checkpoint usado, perde todos os pontos de experiência não utilizados, e os inimigos não-chefes voltam à vida. Até aí, nada de diferente.

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“Há um mapa para as coisas ruins que eu fiz bem aqui…”. Harkyn tem uma cicatriz para cada crime que cometeu.

O jogador ainda tem que chegar até o local da sua morte para recuperar seus pontos de experiência. As coisas ficam interessantes nesse ponto. Ao ressuscitar, um contador aparece e, se o jogador não chegar a tempo (ou se morrer no caminho), os pontos estarão perdidos para sempre.

O sistema de criação de personagens também pode assustar alguns no início. Cada classe é determinada por duas principais escolhas, entre três tipos de magia (brawling, deception e solace) e entre três tipos de conjuntos de armaduras (guerreiro, ladino ou clérigo).

A quantidade de opções de personalização agrada.
A quantidade de opções de personalização agrada.

A exploração do jogo também não deixa a desejar. Cada nova área oferece múltiplos caminhos, segredos, atalhos, áreas secretas, com a possibilidade de sempre voltar às áreas anteriores. Personagens aparecem nas áreas visitadas, oferecendo um pouco de história pra contar. Um jogo sólido, que sofre com bugs que podem travar completamente o progresso do jogador, e com a falta de identidade própria, estando constantemente à sobra de Dark Souls.

Veredito: Se gosta da série Souls, de RPGs de ação, ou ainda curte um desafio na medida, este jogo é bom para você. Senão, pode ser que não venha a aproveitar o que o game tem a oferecer.

Os cenários tem mais a oferecer que apenas batalhas.
Os cenários tem mais a oferecer que apenas batalhas.

JOURNEY (PS4/PS3)

Uma obra prima que dispensa apresentações. Lançado em 2012, Journey é um jogo Indie que angariou prêmios antes conquistados apenas por games Triplo-A, como Jogo do Ano, Melhor Design, Melhor História, nomeado como o 5° melhor jogo de PS3 de todos os tempos e, como se não bastasse, o primeiro jogo a concorrer ao Grammy Awards na categoria Melhor Trilha Sonora (apesar de não ter vencido), um feito que nenhum outro jogo conseguiu até hoje.

Por essas “poucas” razões, não precisaríamos continuar este short review, mas esta não é a proposta. Em Journey, o jogador encarna uma figura misteriosa, vestida com um robe e um cachecol mágico, devendo atravessar um deserto dividido em diferentes áreas e chegar ao cume luminoso da montanha, objetivo final do game.

A jogabilidade é básica e simples. A figura misteriosa possui poucos movimentos, como correr, pular, planar e interagir com objetos do mundo. Para voar, é necessário coletar runas espalhadas pelas fases, o que faz evoluir o cachecol mágico necessário para tal. Ao encontrar mais runas, o tamanho do cachecol aumenta. Ele também pode diminuir em certas circunstâncias. Pedaços de pano ajudam o personagem a se manter no ar por mais tempo.

A montanha é o destino final do personagem. Entre você e ela há muito o que percorrer.
A montanha é o destino final do personagem. Entre você e ela há muito o que percorrer.

O componente multiplayer do jogo é interessante. Jogadores podem encontrar outros durante sua jornada, não mais que um por vez. Não há meios de se comunicarem entre si, exceto por notas musicais. Não há, ainda, como determinar quem é o personagem, ou até mesmo ver o gênero deste, mas o padrão das notas muda de jogador para jogador. Além disso, enquanto estiverem próximos, cada um dos jogadores restaura a magia do cachecol do outro.

Tudo no game se encaixa como deveria. O visual, a trilha sonora, a história minimalista e cativante. Jogadores ainda haverão de falar sobre Journey muitos anos depois de terem-no jogado. O que nos leva a outra questão: por mais que você, gamer de plantão, já tenha jogado esta obra de arte antes no PS3, vale dar uma chance a ela no PS4. Se precisar de mais razões, leia o artigo abaixo.

Veredito:  O que está fazendo que ainda não jogou Journey?

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Um jogo que DEVE ser jogado, seja sozinho ou com um amigo…

PRINCE OF PERSIA – THE FORGOTTEN SANDS (PS3)

Quarto jogo da “trilogia” Sands de Prince of Persia, PoP – The Forgotten Sands se passa entre Sands of Time e Warrior Within. O jogador controla novamente o príncipe, que parte para encontrar-se com seu irmão Malik. Buscando sabedoria e liderança, encontra o reino de seu irmão sob ataque.

Alguns elementos novos foram adicionados na jogabilidade. Os principais são a adição dos poderes elementais, baseados nos quatro elementos principais (terra, fogo, água e vento). Tais poderes se comportam de formas diferentes durante o combate. Durante a exploração, os poderes ainda auxiliam o jogador a atingir áreas originalmente inalcançáveis.

Além destes, o príncipe pode adquirir upgrades de Razia, como novas habilidades. Os combates foram modificados. Agora, o príncipe pode enfrentar muitos inimigos ao mesmo tempo, até o limite de 50.

A melhor maneira de lidar com multidões assim é usar seus novos poderes e técnicas de controle de multidões (crowd control)
A melhor maneira de lidar com multidões assim é usar seus novos poderes e técnicas de controle de multidões (crowd control)

O jogo não empolga. Tem um nível técnico abaixo do esperado e gráficos fracos para o ano de seu lançamento. A adição dos poderes elementais não foi uma boa ideia, pois deixou o jogo demasiadamente fácil. O desafio é ridículo e a jogabilidade desagradável. Nem mesmo lembra o fantástico Sands of Time.

Veredito: Dispensável. Jogue se não tiver nada melhor pra fazer.

DATURA (PS3)

Datura é um daqueles jogos estranhos que não se entende o porque de ter sido feito. Com uma trilha sonora até instigante, o jogo é todo em primeira pessoa. O jogador inicia em uma ambulância, recebendo primeiros socorros. Misteriosamente, aparece em uma floresta. Deste ponto em diante, o jogador é levado para explorá-la e encontrar objetos e personagens.

Neste ponto da análise, cabe um paralelo. Existe uma planta venenosa de nome Datura, também conhecida como “Erva do Diabo”. Uma planta com flores brancas belíssimas e com propriedades altamente alucinógenas, proibida em diversos países. Seu efeito mais comum é a completa inabilidade de diferenciar o que é real do que é fantástico.

E assim, não há outra explicação sobre como esse game foi feito, exceto pensar nos desenvolvedores sentados em uma sala 2×2, ingerindo imensas quantidades dessa planta. E assim como a planta, o jogo causa desconforto mental.

O gameplay foi desenvolvido para ser melhor aproveitado com o PlayStation Move. Mas é possível também jogar com o DualShock. De qualquer forma, a experiência não será agradável. O jogador é forçado a utilizar controles de movimento a todo tempo (inclusive com o DualShock), o que estraga completamente a experiência. Isto porque a jogabilidade não ajuda, sendo bastante truncada.

O que mais assusta não é a história, mas coisas assim...
O que mais assusta não é a história, mas coisas assim…

Os gráficos são bem estranhos. Sendo um jogo em primeira pessoa, era de se esperar que apenas parte do corpo do personagem fossem vistas. Mas o que se vê são partes flutuante do personagem (como se este fosse o Rayman), com movimentos não condizentes com a realidade. Dê uma olhada no vídeo acima para entender o que estamos explicando.

O jogo demora cerca de 90 minutos para ser terminado. Muito embora haja a possibilidade de jogá-lo novamente, muitos irão preferir não passar por esta experiência “alucinógena”.

Um jogo promissor. Lamentavelmente, não correspondeu às expectativas.
Um jogo promissor. Lamentavelmente, não correspondeu às expectativas.

Veredito: O tipo de jogo que deve ser evitado/ignorado em qualquer situação.

BADLAND (PS4/PS3/PSVITA)

Uma mistura de Zombie Tsunami (um jogo lançado para smartphones), Flappy Bird e Limbo. Esta é a melhor definição de Badland. Jogo também lançado para smartphones em 2013, e com uma versão “Jogo do Ano” para consoles em 2015, Badland acaba sendo uma pedida divertida e descompromissada para jogar no ônibus, ou a caminho do trabalho (desde que não seja o motorista, óbvio).

O personagem principal é Clony, que deve descobrir o que há de errado com a floresta. As fases são divididas em dias e em horários do dia. E só. A história é tão elaborada quanto o que foi descrito aqui, e isso torna o game interessante. Não há pretensão de contar algo elaborado, ou cheio de mistérios. Assim como Limbo, Badland consegue ser bom sendo simples.

A jogabilidade é fluída, precisa. A medida que o jogador avança, a floresta vai sendo tomada por máquinas e criaturas dispostas a parar seu avanço. Durante a jornada, Clony (que mais parece uma cabeça decapitada com asas de morcego) encontra clones que se juntam a ele, e o jogador pode utilizá-los como “buchas de canhão” para passar etapas mais desafiadoras.

Superar as armadilhas do jogo requer olhos bem abertos. Mantenha os olhos abertos
Superar as armadilhas do jogo requer olhos bem abertos. Mantenha os olhos abertos

Os cenários misturam um fundo com gráficos vibrantes e vivos e uma paisagem morta e escura por onde Clony precisa passar. Há uma perturbadora beleza por trás do design do jogo, especialmente por misturar o macabro com o belo. Diferente de Limbo, onde tudo lembra a morte e desolação, Badland apresenta um mundo com uma interessante sobreposição entre os temas.

É um jogo desafiador, sem dúvidas. A tela move-se constantemente para a direita, e as armadilhas são elaboradas. De forma que o jogador acaba tendo que avançar na base da tentativa-e-erro. O que pode enfurecer alguns jogadores e desanimar outros. Possui um troféu de platina, que provavelmente poucos irão conquistar.

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Um jogo cativante, sem dúvidas. Muitas mortes o aguardam.

Talvez um revés seja exatamente sua proposta. Badland é um jogo perfeito para smartphones, então se encaixa muito bem para PSVita. Para os consoles caseiros, a proposta acaba se perdendo na execução.

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Veredito: Se tiver um Vita, é uma pedida quase obrigatória. Garante horas de diversão. Senão, talvez queira se aventurar em algo mais ambicioso e elaborado.

 AMNESIA: MEMORIES (PSVITA)

Talvez o jogo mais “diferente” da lista da Plus desse mês. Nós, ocidentais, não estamos acostumados ao estilo Visual Novel, jogos em que a maioria das imagens são estáticas e a história lembra, literalmente, uma novela, com o jogador sendo responsável pelo direcionamento do enredo.

Amnesia: Memories foi lançado no Japão em 2013, e nos mercados ocidentais em 2015. O terceiro da série Amnesia, o jogo conta a história de uma heroína sem nome. Ao acordar, sem memória da sua vida (daí o título do jogo), e descobrir a verdade por trás de sua amnésia, ela deve escolher entre enredos românticos, cada um diferente para cada um dos 5 mundos disponíveis.

A história é intrincada e cheia de desvios. Uma simples escolha pode levar a desfechos não esperados. Não obstante os romances do jogo, ainda há a questão sobrenatural na qual a garota está envolvida. Existem mais de 20 finais possíveis, divididos entre bons, normais e ruins. Além disso, o jogo possui sua cota de colecionáveis, o que agrada aqueles que gostam de explorar todas as opções que o jogo tem a oferecer.

Escolhas e mais escolhas permeiam seu caminho até os confins de sua mente.
Escolhas e mais escolhas permeiam seu caminho até os confins de sua mente.

Graficamente falando, o jogo é uma coletânea de imagens estáticas e diálogos, com um interstício entre uma história e outra. Não há muito o que se dizer aqui. Exceto que as imagens são ao melhor estilo “anime”, e agradam bastante.

Sendo um jogo mais voltado ao público feminino, certamente não agradará a todos. Mais ainda devido a sua proposta inusitada. Mas, se já jogou Disgaea Infinite (PSP) ou Code Geass: Lelouch of the Rebellion Lost Colors (PS2), talvez deva dar uma chance a este.

Veredito: Passe longe, bem longe, se seu gênero pender mais para a ação e estratégia. Do contrário, ou se procura algo realmente diferente, dê uma chance a este. Ótimo para aqueles dias de ócio, ou para aquelas tardes com chuva, ou ainda pra curtir com a namorada.

Sim, é um jogo voltado "para meninas". Acostume-se com cenas assim.
Sim, é um jogo voltado “para meninas”. Acostume-se com cenas assim.

E então? Vai jogar algum destes games? Deixe sua opinião nos comentários!

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.