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Call of Duty: WWII: Vale a Pena?

Bem vindo, soldado!

por Daniel dos Reis
Call of Duty: WWII: Vale a Pena?

Às vezes, “é preciso dar um passo atrás para depois dar dois passos adiante“. Uma frase comum quando queremos explicar que, por vezes, é necessário voltar um pouco, repensar, refazer a estratégia. Para que se consiga progredir com mais consistência. Foi exatamente esta a tática adotada pela Activision quanto ao novo Call of Duty: WWII.

Lá em 2014, quando a Sledgehammer acabara de concluir Call of Duty: Advanced Warfare, já havia tendências de que o público desejava experiências mais conservadoras. Então, a editora decidiu voltar às origens e trabalhar em uma proposta desse tipo, valendo-se, claro, de todo know-how adquirido em títulos mais avançados como Modern Warfare 3, Black Ops 2 e o próprio Advanced Warfare.

O resultado da mudança de postura só pudemos conferir agora, em novembro de 2017. E já adiantamos, foi uma atitude mais que certeira.

WWII resgata os bons momentos da série ao mesmo tempo em que oferece boas doses de novidades. Com uma campanha carregada de ação, um multiplayer robusto e um modo Zombies divertido, esta nova reentrada da série agrada fãs mais antigos, ao passo em que oferece aos novatos o crocante sabor de um Call of Duty raiz.

Quase um filme de Steven Spielberg

Apesar de ser relativamente curta (entre 6h a 7h) e ainda se aproveitar de ideias retrógradas, a campanha de WWII agrada bastante em sua narrativa, apresentando personagens interessantes e momentos bem intensos.

A trama é retratada, principalmente, sob a ótica do soldado Ronald “Red” Daniels, pertencente a 1º Divisão de Infantaria do Exército dos Estados Unidos. Um texano decidido a dar o seu melhor para libertar a Europa da tirania dos nazistas, mas não a qualquer custo. Ao contrário do Sargento William Pierson, um militar forjado pelas duras batalhas da Segunda Guerra Mundial, que segue a cartilha “missão dada é missão cumprida”, não importa como. Pierson só quer vencer a Guerra.

Este antagonismo é o principal elemento abordado nos relacionamentos entre o comando e comandados. O enredo mostra como cada pessoa luta sua própria guerra.

Por ser uma espécie de ‘bom samaritano’, Daniels trata seus inimigos com respeito – mesmo sabendo de todas as atrocidades cometidas por eles – e em certos momentos até ajuda civis alemães, a contra-gosto do Sargento, claro.

E se você assistiu ao filme O Resgate do Soldado Ryan e a mini-série Band of Brothers, ambos com participações de Steven Spielberg e Tom Hanks, vai notar uma certa relação, ou até mesmo inspiração.

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A guerra como ela é.

O emblemático desembarque nas praias da Normandia, libertação da França, a terrível luta na Ardenas, até a invasão e posterior derrocada da Alemanha. Tudo é muito bem construído, com vários componentes históricos e uma ótima ambientação. Dos vilarejos franceses, às trincheiras da Bélgica e destroços da Germânia, você se sente mesmo no Teatro de Operações Europeu.

As batalhas, por sua vez, são emocionantes, com destaques para os momentos onde acontecem variações com controles de blindados Sherman e dos caças Thunderbolt.

A Sledgehammer construiu uma narrativa bastante contextualizada, juntando evolução de personagens bacana, com personalidades muito fortes como o próprio Sargento Pierson, o centrado tenente Tunner ao melhor amigo de Red.

A campanha versa sobre heroísmo e Espírito de Corpo, uma palavrinha pouco conhecida fora dos muros dos quartéis. Em uma explicação simples, seria como: todos trabalhando em equipe para um bem maior. Você cuida do seu companheiro, que por sua vez zela pela integridade do outro e assim por diante. 

E ao contrário da maioria dos CoDs modernos, em WWII a equipe optou também por implementar mecânicas mais tradicionais. O HP do personagem não se regenera sozinho. É preciso coletar itens ou mesmo pedir para os companheiros. Por sinal, você pode pedir munição ou até mesmo um auxílio para localizar melhor os inimigos. Ficou bem legal isso.

Por outro lado, existem artifícios já muito datados. Tudo na narrativa depende do soldado Red. Precisa explodir um tanque inimigo? Vamos enviar o Daniels! “Nossa, um atirador de elite está nos atrapalhando.” Daniels, vá agora mesmo resolver isso! Vamos explodir aquela parede? Daniels! Resgatar um ferido? Ele mesmo, o grande salvador, Daniels!

Além disso, independente de quantos companheiros estejam ao seu lado na luta, o Terceiro Reich inteiro só mira em seu personagem. Isso acaba irritando um pouco. Um jogo de 2017 contar com abordagens tão simples. Certamente haveria espaço para mecânicas mais inteligentes e uma participação mais efetiva do pelotão.

O que impressiona ainda é visual das cutscenes. Estão muito bonitas e poderiam a ter ser confundidas com filmes por uma pessoa menos atenta. Já o visual em gameplay é bem bacana na campanha, mas decepciona um pouco nos modos online. A engine utilizada já mostra sinais de cansaço.

Em volta disso, está a sonoplastia que também é bem competente, repassando todo clima de ação nos momentos adequados e de ‘sensação de épico’ em outras ocasiões.

Nota: recebemos da Activision versão norte-americana que não conta com localização para nosso idioma. A versão vendida no Brasil conta sim com dublagem e legendas.

De volta aos bons tempos

É nos modos multiplayer que o ‘regresso’ das mecânicas pode ser mais sentido. Nada de pulos duplos, raios laser ou wallrides. WWII é o supra-sumo do ‘bom e velho’ Call of Duty.

Mapas que favorecem os confrontos, mecânicas que, apesar de não contar com exoesqueletos, ainda são muito dinâmicas e precisas, scorestreaks muito legais e uma vasta variedade de opções que divertem bastante fazem com que os fãs brilhem os olhos.

Uma das novidades é a implementação das divisões que podem ser entendidas – a grosso modo – como classes. Infantaria para jogadores que preferem fuzis de assalto, Airborne para SMGs, Montanha para atiradores, Expedicionária para fãs de armas de grosso calibre e a Armored, para metralhadoras e outras de emprego coletivo.

Todas bem divididas e (ainda) muito bem equilibradas. Até as próprias armas estão equacionadas, com o adendo de que as de Assault ainda são mais letais. Algo que os desenvolvedores não devem levar muito tempo para corrigir.

Já o sistema de evolução continua a funcionar sem muitos mistérios. Conforme seu progresso, você conquista Tokens que podem ser usados para desbloqueio de scorestreaks, demais divisões e granadas, além dos attachments, liberados com a evolução da arma selecionada. Não há muitos segredos em Call of Duty.

Além dos modos tradicionais, já presentes em quase todos os jogos da série, dessa vez a grande estreia fica por conta do modo War, uma opção que vem agradando bastante aos fãs de partidas um pouco maiores. Nele, você conquista (ou defende) pontos e vai evoluindo pelo mapa, que vai se ampliando (ou regredindo) conforme sucesso da investida.

É algo similar ao Rush de Battlefield da Electronic Arts, mas com uma dinâmica à la Call of Duty. Ao todo são três mapas, com destaque para Operation Neptune, onde você desembarca nas praias da Normandia e deve avançar contras as metralhadoras alemãs, conquistando terreno, até a destruição das peças de artilharia.

Outra estreia é o Headquarters. Uma espécie de Área Social, onde você pode aceitar contratos – que quando cumpridos rendem uma boa quantidade de XP – completar Desafios específicos como conquistar 15 kills com rifle em algumas horas, treinar a pontaria, conhecer todos os scorestreaks, fazer 1vs1 e até coletar lot boxes. É um local bacana que serve como distração entre um confronto e outro.

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Headquarters é uma das novidades.

Mas o que se destaca no game mesmo é que ele, de fato, está prazeroso de se jogar. Não tanto pela temática de Segunda Guerra Mundial, mas sim por sua jogabilidade afinada e sem muitas invenções desnecessárias. E também pelo layout dos mapas, agradáveis e muito ao estilo consagrado, com desenhos um pouco mais abertos e outros mais fechados.

E fechando o pacote, o Nazi Zombies, o tradicional modo de sobrevivência popularizado pela Treyarch. Nele, você deve sobreviver as infindáveis hordas de zumbis nazistas, tentando construir barreiras e coletar itens que auxiliem no prolongamento do gameplay.

Trata-se de um pequeno enredo paralelo baseado em um cenário hipotético de terror. Ambientado em uma vila da Bavária, nos anos finais do conflito. Neste, os jogadores são transportados a um canto assustador da cidade, com esgotos sangrentos e laboratórios.

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Modo Zombies é ótimo para se jogar com os amigos.

É uma opção bem divertida, principalmente quando você se junta com pessoas conhecidas através de uma party. Vale a pena gastar horas e horas enfrentando as tenebrosas criaturas e, mesmo que não seja um jogo genuinamente de terror, causa bons sustos.

Bem vindo de volta, soldado

Call of Duty: WWII é como um prato-feito. Não é exatamente a mais glamurosa das refeições, mas agrada a imensa maioria. O retorno para as raízes fez muito bem à série que volta a ser uma opção de respeito para os fãs de FPS. Mas além do ‘arroz com feijão’, se propôs a oferecer algumas misturas como o War Mode e o Headquarters, conferindo um saborzinho especial à refeição.

E mesmo que não tenha se arriscado tanto em oferecer abordagens mais inteligentes no enredo principal, ainda sim é uma retumbante narrativa, com momentos bastante intensos, repletos de emoção.

Os modos online também fazem sua parte, entregando jogabilidade e mecânicas agradáveis em mapas e modos que divertem bastante, principalmente naquelas partidas rápidas em que você sequer nota o tempo passar.

Há de considerar ainda que nesta primeira semana o desempenho das conexões, por vezes, não era adequado, o que os desenvolvedores foram corrigindo ao longo dos dias. Neste momento por exemplo, já está bem fácil encontrar partidas e se divertir sem maiores problemas.

Veredito

Call of Duty: WWII
Call of Duty: WWII

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Sledgehammer Games

Jogadores: 1 (com multiplayer online)

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88 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Confrontos dinâmicos
  • Enredo bacana
  • Modo Zombies ótimo
Desvantagens
  • Campanha curta
Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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