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NBA 2K20: vale a pena?

O que fala mais alto: gameplay ou microtransações?

por Thiago Barros
NBA 2K20: vale a pena?

Se você gosta de basquete, ignore o Metacritic. NBA 2K20 não é ruim. Longe disso. Há uma campanha dos fãs para falar mal do jogo devido às microtransações, e sua versão inicial foi mesmo decepcionante em termos de gameplay. Agora, no entanto, está tudo certo, e ele é, sim, um jogo justíssimo da franquia.

Não é o melhor, mas está longe de ser o pior. Houve críticas justas à época do lançamento, assim como na demo, mas após um patch gigantes lançado na semana passada, as coisas estão como deveriam. Sem glitches e bugs, com jogabilidade certinha e a qualidade gráfica que todo mundo conhece dessa série tão bem sucedida.

Tem muitas microtransações? Sim. Mudou muito em relação ao NBA 2K19? Não. Então, ele merece uma nota baixa? Nada disso. NBA 2K20 não é um game nota 7. Ele é fiel ao jogo – da vida real – que tem que retratar. Tem modos bacanas, visual incrível e o gameplay com ele é super divertido e realista.

NBA 2K20 é o que deve ser

Meu primeiro review de NBA 2K foi há algum tempo – NBA 2K13, quando eu ainda escrevia em outro site. Lá, escrevi até o NBA 2K15. Aqui, no Meu PS4, comecei no NBA 2K17. Por que estou falando isso? Para vocês entenderem que eu tenho uma longa relação com essa série – e compartilho dos amores e ódios dos fãs pela mesma.

Na demo, por exemplo, também me senti bem irritado com o ritmo do jogo, a falta de um gameplay consistente e a pequena quantidade de conteúdo. E compreendo totalmente as reclamações sobre as microtransações, que realmente, são exageradas e o ponto negativo mais claro do jogo.

Mas, numa boa, NBA 2K20 é exatamente o que ele deveria ser. Nesse ponto, não dá para dizer que você esperava algo diferente, caso já tenha um conhecimento sobre a franquia, além do cenário dos games. Como já disse nos reviews de Madden e PES, 2020 não é um ano para grandes inovações. E temos que entender isso.

Por que NBA 2K20 investiria em mudanças drásticas de gameplay, num novo motor gráfico ou até mesmo em modos de jogo diferenciados depois de uma geração tão bem sucedida, que está chegando ao seu fim? Por que arriscar se, jogando de forma mais segura, você irá vencer de qualquer forma? Tem que jogar com o regulamento debaixo do braço.

Não me entendam mal: eu também quero melhorias. Mas é preciso compreender que elas só devem ser mais percebidas na próxima geração. Não tem jeito. E, dentro desse cenário, o novo NBA é exatamente o que deveria/poderia ser: uma experiência bem semelhante ao seu antecessor, com times atualizados, uma novidade aqui, outra ali e só.

Produtor Executivo: LeBron James

A principal mudança vem no MyCareer, onde a história é assinada por LeBron James e seu parceiro Maverick Carter. Curiosamente, o enredo vai na contramão do que a 2K faz com o jogo: propõe um descontentamento com o “status quo”. Tem um personagem com o nome de “Che”, que é um “revolucionário” na sua forma de pensar/agir.

É algo claramente influenciado pelas posições de LeBron de ser “mais do que um atleta” e de não se resumir a “cala a boca e jogar” – como foi sugerido por uma jornalista a ele, em um dos muitos casos polêmicos sobre os quais o craque dos Lakers se posicionou de forma pública e contundente.

Isso vem de uma forma menos livre do que em outros Modos Carreira da série. Há menos maneiras de influenciar no que acontece – e a história é bem curtinha. Depois, vira aquele MyCareer que todo mundo conhece (e ama), com a Neighborhood sempre agitada (PvP) e sua experiência na NBA (PvE).

Sem dúvidas, esse é o aspecto mais viciante e divertido de NBA 2K20. Porém, para quem vive no Brasil, é complicado aproveitá-lo. Assim como acontece com Madden NFL, há um número muito maior de jogadores nos EUA, e isso influencia diretamente na conectividade – gerando lags e travamentos quando você tenta jogar online.

Andar pela “Vizinhança”, personalizar seu boneco e participar dos eventos é mole. Mas na hora em que a bola laranja sobe, o tempo de resposta fica muito pior, os movimentos não são tão naturais e, muito provavelmente, você vai enfrentar adversários que jogam muito bem e ainda têm a conexão melhor.

No fim das contas, a experiência tem que ser basicamente um Modo Carreira tradicional de jogos de esporte. Você faz seu boneco e vai em busca do estrelato na liga. E isso, por si só, já diverte bastante.

A+

O sistema de avaliação do jogador no MyCareer dá notas em formato de letras, conforme você vai progredindo na partida. Caso ele fosse utilizado para avaliar os aspectos de NBA 2K20, ele teria muitas notas A e A+. As microtransações seriam um D ou E, e não temos como reforçar isso mais do que já fazemos, mas a apresentação e a jogabilidade…

Os gráficos, sem dúvidas, são “A+”. Especialmente porque, dessa vez, até os menus estão lindos. Finalmente, a 2K Sports prestou mais atenção a essa área. O visual é o mais bonito da geração. Seguindo o exemplo das belíssimas capas do jogo. Os gráficos in-game, então, nem se fala. Mantêm o que já estamos acostumados, mas ainda assim impressionam.

As faces dos jogadores estão super realistas, os corpos idem (que evolução em relação ao começo da geração), os torcedores e elementos extras também agradam… Não tem como ser muito melhor do que isso. É um pacote completo, com repórteres na quadra, show do intervalo, atrações nos timeouts… Excelente.

Para completar, o áudio também não poderia ser melhor. A trilha sonora é incrível, mas não é só isso. As frases dos narradores, comentaristas, repórteres e até entrevistas com atletas são todas muito bem construídas, variadas e têm momentos informativos e divertidos. Um investimento corretíssimo da 2K.

Só que nada disso importa se o jogo não for bom na hora que a bola começa a quicar, não é mesmo? Pois bem, NBA 2K20 acerta aí também. É verdade que ele parece um NBA 2K19 Reloaded, mas isso não pode ser uma crítica, já que o jogo anterior também era ótimo – e, claro, esse ainda corrige alguns problemas do antigo.

Por exemplo: tocos e roubadas de bola. Ambos eram bem OP no último título. Agora, você precisa tentar os bloqueios em um timing muito mais realista, e as roubadas não fazem os jogadores “colarem” a mão na bola assim que encostam nela. Ela quica mais, bate na mão de quem está com a posse, sobra para um outro jogador…

Claro, ainda não é um game perfeito. Tem movimentos “meio esquisitos”, o jogo está um pouquinho rápido demais, alguns jogadores são extremamente apelões (LeBron do Miami Heat de 2013 pode ganhar jogos sozinho), o novo sistema de playcalling é mais complexo (bom para especialistas, ruim para casuais) e, de novo, online é impossível jogar.

Dois detalhes interessantes: o online é nivelado pelo time que você seleciona e, para quem não sabe, além dos times da NBA atuais, o jogo também tem as equipes da WNBA e vários times clássicos da NBA. Há até equipes com os melhores elencos da história de cada time – só é uma pena que alguns ex-jogadores não estejam lá por questões de licenças.

Horas e horas de basquete

Portanto, para quem quer um jogo legal de basquete para o seu PlayStation 4, não tem opção melhor do que NBA 2K20. Beleza, também não tem concorrente, mas não é só por isso. É porque ele é bom mesmo. Novamente, pela milésima vez, não inova tanto, e essa necessidade das microtransações é chata, mas não dá pra reclamar do game em si.

Especialmente porque ele tem um fator replay absurdamente grande. São muitos (muitos mesmo) os modos de jogo. As possibilidades de cada um idem. Você pode jogar partidas rápidas ou a liga completa da NBA ou WNBA. Pular só para os playoffs. O MyGM, onde os jogadores controlam tudo do time – dos jogadores à bilheteria.

Ainda tem o MyCareer, já citado, e o MyTeam, que é uma espécie de “Ultimate Team”. E esse último merece uma atenção especial, porque tem desafios offline, jogos online, um viciante modo 3×3 e, obviamente, toda aquela busca por cartinhas melhores para o seu time, com uma adição bacana que são as cartas que “evoluem”.

Não, não é Pokémon, mas você pode pegar um Vince Carter, por exemplo, de nível 80, e caso vá cumprindo objetivos com ele, levá-lo a um overall superior a 90. Dwyane Wade, recém aposentado, é outro que tem um card assim. E, ao que tudo indica, a 2K Sports irá investir bastante nisso, e em outros conteúdos especiais, para o modo.

Sem falar, claro, na Neighborhood. A empresa já tem vários eventos marcados para essa área do jogo, além das tradicionais disputas entre os jogadores criados no MyCareer por cada player. Ou seja, NBA 2K20 é um jogo que precisa de dedicação para você estar em alto nível sempre – ou de muito dinheiro para comprar VC e evoluir seu boneco.

NBA 2K20: vale a pena?

Então, NBA 2K20 vale a pena mesmo? Se você já tem o NBA 2K19 e não se liga tanto em ter os jogos mais recentes, pode ficar com ele e baixar um roster atualizado. Se você não tem um jogo de basquete e quer o que há de melhor na categoria, vale muito. E, é claro, para os fãs da franquia, idem.

Claro, há muitas variáveis a se considerar. Por exemplo, agora também saem os jogos de futebol, o preço de cada game não é barato, mês que vem tem Call of Duty… Tudo irá só depender da sua prioridade e do seu interesse em cada um. Mas deixando tudo isso meio “de lado” e considerando apenas NBA 2K20 em si, não tem como não recomendar.

Sim, ele poderia ter mais inovações. O ganho de VC’s sem ser comprando poderia ser maior. Tem alguns ex-jogadores, como Chris Bosh, que não autorizaram o uso de suas imagens e nomes – o que prejudica bastante os times clássicos e até os “All-Time” de cada franquia. Ainda não há a tão esperada localização para o Brasil. E mesmo com o gameplay melhorado, certas falhas ainda se fazem presentes. Por isso, não é um 9 ou 10.

Mesmo assim, ele “fecha essa geração” de consoles para a franquia NBA 2K em alto nível. Apresentação incrível, jogabilidade bem ajustada, modos de jogo variados (apesar de não inovarem em relação à série)… É uma experiência completa de basquetebol virtual.

Veredito

NBA 2K20
NBA 2K20

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: 2K Sports

Jogadores: 1 a 4 online

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83 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos muito bonitos
  • Jogabilidade aprimorada
  • Variedade de modos de jogo
  • Novidades no modo MyTeam
Desvantagens
  • Problemas de conectividade
  • Pouca inovação
  • Muitas microtransações
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.