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Dev de AC Valhalla detalha como foi terminar e lançar o jogo durante a pandemia

17 estúdios trabalhavam no game no início da pandemia de Covid-19, sendo um grande desafio conseguir manter uma boa comunicação com todos os setores

por Vítor Amorim Heringer
Dev de AC Valhalla detalha como foi terminar e lançar o jogo durante a pandemia

Em entrevista a própria Ubisoft, o produtor de Assassin’s Creed Valhalla, Julien Laferrière, contou sobre as principais dificuldades de terminar e lançar o jogo em plena pandemia de Covid-19. Como era de se esperar, a Ubisoft Montreal, principal desenvolvedora do game, precisou fechar suas portas e lidar com as adversidades das comunicações totalmente online.

No entanto, o desenvolvimento do novo jogo da franquia dos assassinos tinha um problema ainda maior: 17 estúdios da publisher francesa trabalhavam no título. Laferrière disse que precisou lidar com “mil estúdios”, em analogia à todas as casas dos devs que participavam de AC Valhalla.

Tivemos que fechar o estúdio e todos estavam de volta às suas casas. Minha primeira reação foi: estávamos operando com 17 estúdios; agora temos cerca de mil estúdios. Era como se cada pequena casa fosse agora um estúdio, e tentamos aplicar as melhores práticas que tínhamos para co-dev em termos de comunicação e esse tipo de coisa, para tentar escalar para uma equipe neste contexto.

Imagem do jogo AC Valhalla com o protagonista Eivor levantando seu escudo e recebendo flechadas
Alinhar a comunicação foi um dos problemas iniciais do tralho remoto em AC Valhalla. Foto: Reprodução/Ubisoft

Ele revelou que a principal dificuldade inicial foi a de estabelecer comunicações assertivas. No momento em que o vírus se alastrou pelo mundo, no início de 2020, AC Valhalla estava em fase alpha, ou seja, apenas começando a fechar o jogo, em suas palavras. Apesar disso, a boa organização da equipe ajudou a superar as contrariedades.

O produtor contou que todos já sabiam os seus papéis para o andamento da produção, só precisou fazer reuniões online com frequência para manter todos os processos “sincronizados”.

A tecnologia foi a “salvadora” do fim do desenvolvimento de AC Valhalla

Atualmente, estúdios como os da Ubisoft contam com uma série poderosas máquinas para desenvolver jogos AAA. Entretanto, não era possível fornecer um PC desta magnitude para diversas pessoas. Dessa maneira, os líderes decidiram que os computadores de trabalho ficariam no escritório e todos acessariam remotamente de suas casas.

Os únicos que receberam os potentes PCs foram animadores e pessoas que trabalhavam no sistema de combate de AC Valhalla, pois precisavam de o mínimo de latência para conseguir trabalhar. Obviamente, não são todos que possuem o mínimo de equipamento em casa para trabalhar. Laferrière  também destacou o bom trabalho do setor de TI, com tudo resolvido em apenas “duas a três semanas”.

Algumas pessoas não tinham uma configuração adequada em casa, então os departamentos de TI e logística eram super-heróis modernos e apenas entregavam PCs para as pessoas que precisavam deles. Tudo isso aconteceu em um período de duas a três semanas. Na verdade, fiquei muito surpreso com o tempo de resposta, com a rapidez com que conseguimos nos tornar basicamente um projeto 100% remoto. Não apenas um projeto remoto, um estúdio remoto .

Imagem do protagonista de AC Valhalla lutando contra um inimigo em um cenário com neve
Devs que trabalhavam no sistema de combate de AC Valhalla receberam PCs potentes em suas casas. Foto: Reprodução/Ubisoft

Como unir todos os elementos do jogo estando separados?

Apesar de estar na fase de polimento durante a pandemia, o produtor destacou que a edição de conteúdo ainda fazia parte, principalmente em um projeto da magnitude de AC Valhalla, com uma série de sistemas para funcionar. Ele citou os 20 diferentes arcos de missões. Somente durante a fase final de desenvolvimento que conseguiram analisar se a estrutura faria sentido para o jogador.

Para isso, antes todos se juntavam em sala de reunião para conversar sobre certas partes do jogo. Com a pandemia, os devs acessavam o jogo remotamente e escreviam seus comentários em um documento. Isto fez até que o processo se tornasse mais “formal” e “organizado”, em sua opinião.

Foi um grande desafio, na verdade. Tradicionalmente, você reúne um monte de pessoas em uma sala de reuniões, reproduz a construção, troca comentários e assim por diante. Mas como você faz isso remotamente? Tínhamos que ser inteligentes. Tivemos a sorte de aproveitar [plataformas de streaming], então tínhamos uma infraestrutura de desenvolvimento onde, do seu PC, você podia jogar nosso jogo. Em vez de realizar essas grandes reuniões, encorajamos as pessoas a jogar e escrever seus comentários [em um espaço de trabalho virtual compartilhado].

Mesmo com todas as adversidades, Laferrière comemora o lançamento de sucesso de AC Valhalla em 10 de novembro, a maior da história da franquia na semana inicial, bem a tempo da estreia da nova geração de consoles. Nada disso seria capaz sem os grande esforços dos profissionais de diversos setores da Ubisoft.