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Leitor Indica: Gris, uma expressão artística em forma de videogame

Apoiador do MeuPS, Murilo Moraes, faz uma indicação especial para os leitores do site. Gris, uma experiência fascinante

por Equipe MeuPlayStation
Leitor Indica: Gris, uma expressão artística em forma de videogame

Superação. Se há uma palavra que possa ser usada para definir a experiência Gris, é essa. Lançado em 2018 pelo estúdio Nomada Studio, o game conta a história de uma garota que se vê, abruptamente, sem voz e com tudo à sua volta sem cor. Seu mundo despenca e ela também. E, lá embaixo, num mundo perdido e vazio, o jogador é desafiado a seguir em frente, superar as perdas e se reencontrar.

As mecânicas e o objetivo do jogo são bem simples: coletar pequenos orbes espalhados pelos mapa, decifrando alguns enigmas para, então, avançar às próximas fases. No decorrer do gameplay, a personagem desbloqueia novos poderes com seu vestido, como usá-lo em forma de capa para atingir lugares mais altos, por exemplo. Não há batalhas sanguinolentas, não há centenas de horas “farmando” itens, não há pontuações exageradas.

A imensidão, o vazio silencioso e a interação com alguns objetos no mundo lembram Journey e Child of Light, outros dois jogos onde muito do que é mostrado também é subjetivo. Em Gris, a obra ganha o jogador detalhando, em forma de desenhos, cores e efeitos, o simbolismo de enfrentar o luto, a perda e a desolação. E o que falar da direção de arte? As ilustrações são inspiradas nas obras do artista de histórias em quadrinhos Jean Giraud (1938-2012) e lembram bastante o filme A Tragédia de Belladonna, de 1973. O crédito é todo do catalão Conrad Roset que assume a liderança na produção artística do jogo.

Gris é um daqueles games que você pode a qualquer momento tirar uma screenshot e ela automaticamente virar um wallpaper perfeito. Cada fase ultrapassada adiciona mais cores ao ambiente simbolizando a recuperação, aos poucos, de tudo que havia antes no mundo da garota. A trilha sonora, além de melodicamente incrível, acompanha em harmonia cada passo dado no jogo e emociona no final.

São poucos os defeitos do game. Na minha experiência não encontrei nenhum bug, mas, como todo jogo, este não é para qualquer um. Há momentos em que ele é absorto demais e possui poucas variações de exploração. Algumas vezes, você pode entrar em algum lugar mais alto ou mais baixo pensando que encontraria algum item novo e diferente, mas não. Somente os pontos brancos espalhados importam aqui e isso pode ser frustrante para aqueles que olham cada canto do ambiente procurando mais detalhes.

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Gris é arte jogável.

Por fim, não é um jogo difícil onde se perde a cabeça para passar de fase, não mexe com a paciência esperando horas para que algo aconteça. É um game rápido, mas marcante. A imaginação é o que define a interpretação de cada pessoa ao se deparar com o universo completamente imersivo de Gris. Cada um entende cada trecho do jogo de alguma forma diferente. Então, apesar de curto, cada vez que você entrar em uma fase diferente pode se surpreender com algum detalhe novo e captar de diversas formas diferentes o que os desenvolvedores quiseram passar. Sendo assim, Gris pode não ser apenas a história da menina que está na tela, o jogo pode ser, indiretamente, a história de diversas pessoas que perderam muito e que precisam se encontrar de novo e achar, por fim, a superação.

Por Murilo Moraes, apoiador do MeuPS.

Quer ver um texto seu publicado aqui também? Basta enviar sua produção original para [email protected] com o título “Leitor Indica”.