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[Espaço do Leitor] Conte sua história para nós!

por Daniel dos Reis
[Espaço do Leitor] Conte sua história para nós!

Olá leitor!

É sempre uma satisfação falar assim, diretamente com você!

Buscando uma aproximação maior entre nós (equipe) e você, estamos inaugurando um novo quadro aqui em nosso site. O “Espaço do Leitor” foi criado para possibilitar que você nos conte uma história.

Que história?

Qualquer uma que você achar pertinente e sentir vontade. Pode ser um causo, uma notícia ainda não postada, uma análise sua de qualquer jogo, velho ou novo, uma expectativa futura, suas visão do mercado…enfim. O escopo é bastante amplo e você é livre para jogar letrinhas na tela do jeito que quiser.

E é bastante simples participar:

Para tanto, basta:

  • Seguir os Princípios Editorias: Veja AQUI
  • Enviar no email: [email protected]
  • Prazo: sexta-feira de cada semana

O artigo será postado, possivelmente, aos domingos.

Além disso, no e-mail você deverá deixar claro se permite ou não a exibição de propagandas no seu artigo. Como você bem sabe, em quase todos nosso artigos nós exibimos banners. Neste caso, visando ser transparente, você pode escolher se nos autoriza ou não.

Ressaltando que não há problema nenhum em não permitir 🙂

Basta escrever: eu autorizo a exibição de propagandas ou eu não autorizo a exibição de propagandas.

Por padrão, caso não seja especificado, nós iremos exibir.

Reforçando que o texto sairá no seu nome, como se você fosse um redator.

Estamos ansiosos por sua história! E, para estrear, eu faço as honras e contarei a minha história, depois é com vocês, okey!?

Um PlayStation em minha vida

Sexta-feira, 4 de dezembro de 1998. Era uma noite como qualquer outra, estava eu em meu quarto, quando minha mãe entra no recinto e anuncia: “amanhã, você e seu pai vão ao centro pesquisar preços do videogame que você quer mas, preste muita atenção: é somente para ‘ver’, não vamos comprar nada“.

Naquele momento eu tinha certeza. Eu iria ganhar um PlayStation!

A vida finalmente sorriu para mim, após longos meses de insistentes pedidos, bom comportamento (mentira rs), notas razoáveis…meu desejo enfim seria realizado.

Eu tinha em casa um Nintendinho de 8 bits que na verdade era um Dynavision 4. Um bom videogame mas, muito aquém do mercado corrente.

Mesmo que eu tivesse acesso facilitado a um Super Nintendo (O vizinho era parça), possuir em casa um novo console era muito mais legal que incomodar os outros.

Eu conheci o tal videogame de CD através de uma locadora próximo à escola mais de um ano antes e, desde então, regularmente eu saia de casa e ia até o templo dos videogames para assistir aos outros jogadores a vivenciarem um estranho jogo onde pessoas horrendas e cachorros com raiva, que quebravam janelas, queriam matar os jovens policiais em uma mansão.

Passava horas somente observando as jogatinas alheias, já que não tinha um tostão furado para ter minha experiência no aparelho.

E assim seguiu a vida, toda semana eu andava uns 3KM para assistir mais ou menos 1h de gameplay dos jogos em 3D. Sabe “televisão de cachorro”? Então, a sensação era a mesma.

Mas o momento sublime havia chegado. Restavam poucas horas até que eu pudesse, finalmente, ter o meu próprio PlayStation.

A noite de sexta-feira foi longa, seguramente uma das maiores da minha vida. Não me lembro de ter conseguido dormir. Não havia como.

ps1_sonho

Dizem que o melhor da festa é esperar por ela…mas não, não é! A agonia é torturante.

O sábado também foi arrastado.

Normalmente, meu pai não ficava em casa. Ele trabalhava todos os sete dias da semana e vendia todas suas férias. Seu horário de saída era 5h da manhã com retorno às 19h, todos os dias. Tanto sacrifício era em prol da família. Obviamente isso custou sua saúde, pouco tempo depois.

Mas ele estava em casa naquele sábado e eu queria, desesperadamente, ir até a loja logo ‘pesquisar‘ preços do PlayStation.

Desde as 7h eu já estava vestido para sair. Estava tudo pronto.

Às 14h saímos em direção ao centro comercial. A alegria tomou conta, a empolgação era pulsante, as mãos estavam inquietas. Sabe aquela sensação estranha de realização?

No centro, como eu previra, não houve pesquisa, não houve pechincha. Fomos direto a uma magazine que também vendia produtos contrabandeados importados. E lá estava ele, o PlayStation. Aquele cinza mesmo, quadrado e perfeito em cada linha de design. Mesmo que na época eu sequer soubesse o que era design.

Na negociação com o vendedor, meu pai teve a infeliz descoberta de que cada jogo era vendido individualmente e, ao contrário do Nintendinho que continha cartuchos com 999 jogos em 1, no PlayStation 1 não era assim.

Após utilizar de todas minhas artimanhas de convencimento, tive êxito na persuasão de conseguir dois jogos (Resident Evil 2 e Gran Turismo). Era o suficiente, eu não precisava de mais nada.

gran-turismo-1

Claro que os jogos eram piratas (desculpe aí, Sony – eu não sabia).

A compra ficou em 4x de R$ 135,00. Na época, cada parcela era o equivalente a um salário mínimo. Exatamente por isso meu pai tinha que trabalhar todos os dias da semana, sem descanso.

Fazendo uma comparação com o ano atual (2016), seria o mesmo que pagar 4x de R$ 880,00.

Acertados os termos da compra, fui então ter minha primeira experiência com o PlayStation, ali mesmo, na loja. Era costume da época testar o produto antes de levá-lo para casa.

O jogo foi o Gran Turismo. O carro, um Skyline, vermelho, a pista High Speed Ring. Ahhh meus amigos, que sensação inigualável! Sentir o controle vibrando (contenha sua malícia) em cada curva, seguramente, foi a melhor sensação ao jogar um jogo que já tive.

Tudo certo, e fomos embora, eu segurando a caixa, mais feliz que filho de barbeiro em quermesse.

Claro que na minha mente a volta levou umas 36 horas. Coletivo lotado + ansiedade.

Sabe quando você fica olhando a caixa de algo que acabou de comprar, incontáveis vezes? Estava tudo em inglês, não entendia nada, mas era como se entendesse.

Em casa, parti logo para instalação. Família reunida, pais, irmãs e cachorros. Todos curiosos para verem o que era o tal desejo do menino.

Mas, a diversão corria um sério risco.

A TV, e só tínhamos uma,  não possuía entrada AV. Sabe-se lá porque, ela só tinha entrada para antena tradicional e o PlayStation só vinha com cabos RCA/AV (aqueles de três pinos – vermelho, branco e amarelo).

Imagine você, caro leitor, a frustração.

Era muito tempo, muita ansiedade, e muito desejo frustado por um maldito cabo!

E eis, que meu pai consegue, através de uma medida emergencial, fazer uma gambiarra com uma pecinha conhecida como Balun. Não me recordo exatamente o que, mas ele usou algumas das saídas do videogame, ligou nessa peça que por sua vez foi para a TV.

balun
Isson foi utilizado na gambiarra.

Pronto, era só ligar no canal 3!

Entretanto, a TV estava desprogramada. No Nintendinho, eu jogava no canal 8 e ela não tinha o canal 3 disponível. O PS1 não funcionava no canal 8!

Após programar a TV (60 minutos mais tarde), finalmente, a tela brilhou com aquela introdução maravilhosa do PlayStation 1. Sinfonia mais bonita que aquela, nem Beethoven conseguiu compor.

O jogo escolhido para ser o primeiro na minha casa foi ele, Gran Turismo.

Resident Evil 2 impressionou a todos pelo realismo e pela temática de zumbis. Minha mãe não gostou, achou ofensivo.

Eu não tinha Memory Card, logo todos os dias eu recomeçava o RE2 e tentava ir mais longe que no dia anterior. Engraçado que na época eu não me importava nenhum pouco de ter que repetir todo dia os mesmos jogos, os mesmo momentos. Nos dias atuais, perder um savegame é um motivo suficiente para eu desistir de recomeçar. Fiquei velho e ranzinza.

E assim começou meu relacionamento sério com a marca PlayStation. Aos 12 anos. De lá para cá eu tive todos os consoles da Sony (menos PSP) e isto acabou se transformando em um trabalho.

Esta, sem dúvidas, é uma das minhas melhores memórias. O PS1 foi meu melhor videogame, onde joguei os melhores jogos, onde me divertia mais, sem me importar com notas, reviews, franquias alheias…nada disso. Eu apenas me divertia.

Deste dia então, eu virei um consumidor voraz de revistas. Ainda tenho uma coleção de Super Game Power, Ação Games, EGM, PlayStation Magazine, etc.

Na minha opinião, os melhores jogos do PS1 foram:

  • Final Fantasy VIII
  • Resident Evil 3
  • Resident Evil 2
  • Gran Turismo 2
  • Tony Hawk’s Pro Skater 2

4 de dezembro de 1998, um dia inesquecível.