Review

Destiny 2: Vale a pena?

A hora chegou, Guardião!

por Thiago Barros
Destiny 2: Vale a pena?

Se você “lembra quando nosso maior problema era o Sepiks Prime”, como diz o Fantasma em um assalto da Ascensão do Ferro, Destiny 2 é uma ode ao que os guardiões encaram desde 2014. Um game mais encorpado do que nunca, e que ainda tem muito a oferecer.

Desde as primeiras impressões, ele agradou. E agora, com o jogo completo, não foi diferente. Gráficos bonitos, jogabilidade equilibrada, alto nível de replay, a cooperação entre jogadores mais incentivada ainda… A Bungie manteve o que já tinha dado certo, aparou algumas arestas e deu um tiro certeiro.

Se “todos os fins são começos”“um dia, a Última Cidade vai ser conhecida como Primeira Cidade”. Da frase da Estranha no fim da campanha inicial de Destiny até a descrição da Guarnição do Crepúsculo, uma armadura exótica de torso para os titãs, temos a noção exata do que esperamos de Destiny 2. Algo ainda maior.

Seja bem-vindo de volta, Guardião. Aperte X para começar uma nova aventura. E desça a barra de rolagem para ler tudo o que achamos após uma semana inteira de muito Destiny 2.

De volta pra Luz

Destiny foi, provavelmente, o game que mais joguei na vida. Eu nunca fui fã de FPS e de jogo futurista. Não sei explicar o que me fez baixar aquela versão Alpha lá no início de 2014. Mas, desde então, são mais de três anos como Guardião. Virei noites, acordei terças-feiras às 6h ou 7h para o reset e adicionei muita gente na PSN via grupos do Facebook.

Deu pena quando desinstalei o jogo original, mês passado, depois da última Bandeira de Ferro. Ao contrário da maioria dos meus amigos, nunca deixei o Destiny de lado. Sempre busquei gente para jogar, até os últimos DLCs. Terminei todos os principais conteúdos do jogo. Raids, Prisão e Desafio dos Anciões, no PvE, e o sonhado Farol no Desafio de Osíris.

Por isso, vocês podem imaginar como estava minha empolgação para Destiny 2. Quando tive a minha viagem para a E3 confirmada, claro que um dos objetivos era testá-lo. Testei e gostei muito. Depois, veio a demo. Novamente, ótima impressão. E agora, com o jogo cedido pela Activision com acesso prévio a ele, estive há seis dias jogando Destiny 2 sem parar.

Quando nosso editor me escalou para o review, brincou: “Nada de obrigatório (nossa pontuação máxima) sem que o jogo mereça”. E pediu: “Antes de escrever, joga bastante”. Cá estou, uma semana depois, após muitos eventos públicos, todas as missões feitas, Anoitecer completo, um Titã com 270 de poder e duas palavras pra Bungie: “parabéns” e “obrigado”.

Mas sei que nem todo mundo tem essa relação com Destiny como eu, então resolvi fazer a análise de uma forma um pouquinho diferente. Abaixo, começa o review do “Destiny 2 para Guardiões” – que jogaram o primeiro game e sabem bem do que se trata. Para os novatos, avancem direto para “Destiny 2 para quem não tem um Fantasma“.

➡ Destiny 2 para Guardiões

Se você, assim como eu, jogou Destiny até o mês passado, ou se jogou bastante, mas não vestia sua armadura há muito tempo, os próximos parágrafos são a leitura ideal para ver as muitas diferenças – e algumas semelhanças – que Destiny 2 tem para o seu antecessor. No geral, o resultado é bem animador.

A história você, provavelmente, já sabe: a Terra está sendo atacada pela Legião Vermelha, um exército de elite Cabal liderado pelo poderoso Ghaul. Ele busca prender o Viajante para tomar a sua Luz e se tornar um Deus interplanetário. Quando ele ataca, a Torre é destruída e você perde seus poderes/equipamentos, por isso, o Guardião “zera” no Destiny 2.

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Ghaul é o grande vilão de Destiny 2 (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

O enredo é contado bem direitinho nas missões de história, com cutscenes bem feitas, com diálogos inspirados e muito conteúdo que vai sendo descoberto durante o gameplay, não só no decorrer do enredo principal, como nas sidequests, chamadas de “Aventuras”, que estão entre as principais novidades de Destiny 2.

O game dá um senso de descoberta muito maior do que o primeiro. Mesmo assim, continua com alguns mistérios – como onde diabos foi parar Eris Morn? Ou seja, a Bungie escutou o feedback dos jogadores e deu mais atenção à história, que está mais amarradinha do que no primeiro jogo. É simples, direta, bem feita e com um gostinho de quero mais.

A Bungie também caprichou na homenagem a quem jogou Destiny logo no começo do jogo novo. Imagens personalizadas relembrando os momentos, como as Raids superadas, feitos por cada Guardião. Uma surpresa de muito bom gosto e que, com certeza, fez muita gente voltar no tempo quando iniciou o game.

Mas todo mundo sabe que produção nunca faltou em Destiny. Desde que ele foi anunciado lá em 2013 pela Bungie. Então vamos para o que interessa: o jogo em si. Afinal, ele é digno de todo esse hype? Destiny 2 conseguiu ser melhor do que o primeiro? Fazendo o balanço geral, a resposta é sim. E vamos explicar os motivos.

Primeiro, o novo sistema de missões, sidequests e foco nos eventos públicos é bem legal. Tudo se completa. Ainda mais com o novo mapa, que permite que você faça fast travels e visite planetas sem precisar ir à Órbita. O loot está mais justo, algo que já havia melhorado nos últimos DLCs, e você tem muita coisa para fazer.

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Anoitecer com cronômetro é bem tenso! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

A campanha tem mais ou menos a mesma duração da primeira, mas Aventuras e Quests criam novos desafios e geram mais recompensas. Os Eventos Públicos agora realmente importam, e cada engrama que você ganha conta, porque você pode desmontá-los e usar suas peças para subir de ranking no Armeiro e, assim, ganhar engramas.

Outra novidade muito interessante é o sistema de Clãs. Você cria um grupo com amigos e conforme vai fazendo tarefas junto com eles vai recebendo recompensas de Hawthorne, a nova – e importante – personagem de Destiny 2. Isso sem falar no Anoitecer com um limite de tempo. Se não conseguir, volta pra Órbita. Bem desafiador – e com um boss complicado.

Algo bem bacana que foi adicionado também é um “vendedor” em cada planeta. Eles vão te dar aventuras e também recompensas quando você completar estas jornadas ou então quando coletar itens colecionáveis de cada região. O que podemos perceber é que há um esforço em deixar o jogador upar de nível da forma como ele mais gostar.

Seja no novo Crisol, dividido só em Partida Rápida ou Competitiva, sempre com somente quatro jogadores em cada time, ou no PvE. Assaltos, eventos, missões, patrulhas… Tudo dá recompensas que podem ser trocadas por engramas lendários com os vendedores em planetas ou espaços sociais e, assim, você vai aumentando o seu Poder.

​E o mais legal é que ainda tem muita coisa por vir. O misterioso Desafio dos Nove para os jogadores de PvP, os Jogos Guiados para os clãs, as Guerras de Facções, a Bandeira de Ferro, e claro, a Incursão, chamada Leviatã, que será liberada na quarta-feira (13). Logo, você terá bastante coisa pra fazer até o primeiro DLC, especulado pro fim do ano, chegar.

Mas nem tudo são flores. Uma coisa que está irritando muitos usuários é a tal da “arma poderosa”. Agora, em um dos três slots de armas, você tem que escolher se usará, por exemplo, um fuzil de fusão, um rifle de precisão ou um lança-foguetes. Antes, era muito simples: rifle, fuzil ou escopeta no segundo slot, bazuca no terceiro. Esqueça isso agora.

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Encontrar um set ideal não é simples (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Uma combinação que venho usando bastante é fuzil automático ou de batedor, SMG ou fuzil de laser, lança-foguetes ou fuzil de fusão. Mas ainda está bem no começo, então é complicado definir qual é o melhor set ou a melhor arma. Tudo é questão de adaptação, tanto ao estilo de jogo como à missão que você está fazendo.

Outra coisa que incomoda um pouco é que a Inteligência Artificial de alguns inimigos dá uma impressão de ser meio lenta em alguns combates. Especialmente no começo. Tem também um sentimento de que o jogo está um pouco mais fácil – talvez para os novatos tentarem se acostumar ao ritmo e ele não ficar um game tão hardcore.

De resto, não há muito o que criticar em Destiny 2. A trilha sonora do jogo é espetacular, uma das melhores que já ouvi até hoje, junto com a da série Uncharted, talvez. De novo, sua dublagem é muito bem feita. Os gráficos são no nível que se espera de um jogo AAA para o PlayStation 4, e devem ficar ainda mais lindos no PS4 Pro.

Neste ponto, é preciso destacar o level design e o trabalho de detalhamento que a Bungie realizou com os inimigos. Muitos estão mais bem feitos, com detalhes diferentes do jogo 1. Muita gente reclamou que “são os mesmos inimigos”, mas pela continuidade do conceito e das raças apresentadas na história, essa é a melhor solução.

Sobre os cenários, é tudo deslumbrante. Quando você repara nos detalhes, como Saturno visível de Titã, o clima na Floresta, e missões como o Assalto do Pirâmidion, que tem uma pitadinha de Câmara de Cristal, é difícil não ficar impressionado com o trabalho que o time de desenvolvimento deve ter colocado nisso.

Resumindo, Destiny 2 mantém o que já tinha de muito bom em Destiny, como jogabilidade, gráficos, trilha sonora, dublagem e o clima divertido de jogar tudo em grupo. E ainda evolui naqueles pontos mais críticos, como história, loot e conteúdo extra. Com ainda mais coisas por vir, é um ótimo sinal para quem quer voltar a este mundo futurista do FPS da Bungie.

➡ Destiny 2 para quem não tem um Fantasma

Senhora… Senhora! Tem um minuto para falar sobre Destiny 2? Se você conhece alguém que joga ou já jogou Destiny, certamente essa pessoa já tentou te convencer a entrar nas aventuras dos Guardiões pelo Universo. Se você ainda não aceitou esse convite, não tem melhor momento para fazê-lo do que agora.

Destiny 2 é a sequência do FPS futurista lançado pela Bungie em 2014 e atualizado até o ano passado com DLCs. É um jogo de tiro focado na cooperação entre os players. que se destaca por oferecer muito conteúdo tanto PvE como PvP e pelos elementos de RPG, já que os jogadores vão coletando itens e upando níveis.

O primeiro game foi um grande sucesso, apesar dos pesares. Muita gente reclamou de uma série de coisas, desde a história rasa até o sistema polêmico de loot aleatório. Nos últimos anos, nos DLCs do Destiny original, vários pontos desses foram melhorados. E, agora, com Destiny 2, parece que a fórmula secreta, enfim, foi encontrada.

Por isso, milhões de pessoas já adquiriram o game. Todo mundo que tinha parado com o primeiro jogo, por falta de interesse, por já ter completado tudo o que queria ou quaisquer outros motivos, está de volta. Portanto, é a hora perfeita de você entrar neste mundo. Nos parágrafos abaixo, vamos explicar um pouquinho dos motivos para isso.

Começando, claro, pela movimentação da comunidade. Os fãs de Destiny são muito ativos. Você encontra pessoas do mundo todo pelas ferramentas oficiais da Bungie, e ainda há os grupos de brasileiros no Facebook. Sem contar os seus amigos que jogam. E um dos mais legais pontos de Destiny é justamente essa interação com a galera. Você vai curtir muito.

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Vejam que beleza e se juntem à causa, novos guardiões!

Depois, para quem curte jogos de tiro, Destiny é mais uma opção bem bacana, e com uma série de diferenciais. Além desse lado coop, ele tem o modo competitivo, que é o Crisol, e uma necessidade de grind diário/semanal para conquistar melhores equipamentos. Existe ainda uma variedade de classes e habilidades que você pode usar.

As variações que podem afetar seu gameplay são muitas, e isso é um grande atrativo. Tudo será uma novidade, e vão ser muitas. Você tem as missões de história, básicas, Aventuras, que são sidequests (ambas podem ser feitas também por um só jogador), os Assaltos, que são missões mais difíceis para jogo cooperativo e a Incursão, para esquadrões de seis.

Em cada uma delas, você tem diversos objetivos a cumprir e muitas recompensas que são liberadas conforme as metas são alcançadas. Além disso, há objetivos diários e metas pra realizar quests específicas. Ou seja, não vai faltar coisa para você fazer. Pode até ser uma situação meio confusa, mas você pega rápido.

E o enredo é simples de entender também. Você é um Guardião, ou seja, um dos nossos protetores contra raças alienígenas no planeta. Por isso, você tem uma Luz especial, que lhe dá poderes. Ela vem do Viajante, uma espécie de Deus, que é uma grande esfera que fica na Terra.

Sabendo do poder dela, um líder de uma dessas raças alienígenas tenta invadir o planeta e conquistá-la, para tornar-se o grande líder de todo o universo. Você tem que impedir isso. É básico, e mesmo que você não pegue algumas referências ao primeiro jogo, vai entender o grande esquema das coisas e se familiarizar rapidamente.

O jogo é totalmente localizado, com mapas, vozes e legendas em português, tem uma trilha sonora de altíssimo nível e gráficos que não decepcionam. É uma experiência completa pra um game que mistura FPS e conceitos de MMO/RPG. Não é perfeito, mas é uma evolução significativa do primeiro jogo, caso você tenha lido coisas ruins sobre ele.

A jogabilidade é bacana tanto para players mais casuais, com missões com uma dificuldade intermediária, como para os mais hardcore, com desafios como o Anoitecer a Incursão, que será lançada nesta quarta-feira (13). Assaltos para três pessoas, Raids para seis. Sem falar no PvP, com um modo mais para quem tem o jogo só como hobby e um mais competitivo, ambos com times de 4 jogadores.

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PvP está bem diferente no Destiny 2 (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Ou seja, é muito difícil não recomendar Destiny 2. É claro que para quem é novato, a sua história e muitas referências não serão tão impactantes. Mas, mesmo assim, ele ainda se torna uma compra muito interessante pelo vasto conteúdo que pode oferecer e o aspecto cooperativo que ele traz para a comunidade gamer.

➡ Conclusão

Enfim, a Bungie entregou o que vem construindo desde 2014. Superou as dificuldades do primeiro game, ouviu o feedback dos jogadores e trabalhou para entregar aos novos jogadores e aos antigos Guardiões algo digno do sucesso que o nome Destiny alcançou. Deu certo. O jogo está ótimo para o que propõe.

O enredo poderia ter um pouquinho mais de plot twists e um background maior sobre o Ghaul e a sua Legião Vermelha, o novo sistema de “armas potentes” torna o jogo mais difícil, mas nem sempre agrada, e ainda falta muita coisa por vir, mas Destiny 2 tem os atributos para agradar os mais variados públicos.

Algo que não mudou em relação ao Destiny original é a presença dos DLCs pagas em Destiny 2. Um Passe de Expansão do game já é vendido por R$ 119,90 na PSN brasileira, dando direito a duas grandes expansões que serão lançadas – provavelmente no fim deste ano e no meio do ano que vem. Muita gente reclama que isso é uma forma de cobrar mais por conteúdo que já poderia estar no jogo base. Porém, é uma prática (lamentável, diga-se) que cada vez mais empresas vêm adotando atualmente. Battlefield 1 teve Season Pass, por exemplo, e CoD WWII também terá.

Não importa se você é um Guardião ou se ainda não tem um Fantasma, Destiny 2 é um belo jogo. Em todos os sentidos da palavra. Seja na beleza visual, dos gráficos que são muito bem trabalhados. Seja na qualidade, da jogabilidade bem equilibrada e dos muitos modos de jogo e conteúdos disponíveis.8

Se você jogou Destiny, é hora de voltar, Guardião. Caso ainda não tenha jogado, o momento é ideal para pegar o seu Fantasma e ir atrás da Luz. A Terra precisa de vocês nesta guerra contra os Cabais, e tenho certeza de que vocês não irão se arrepender de entrar neste universo.

E por fim, o único problema é na hora de tentar sair, porque o game te prende. Muito. E isso será o grande desafio dos próximos meses. Manter Destiny 2 relevante, sempre com conteúdo fresco, para que os Guardiões fiquem mais tempo em órbita. Caso a Bungie consiga, terá, de fato, encontrado a fórmula mágica do seu FPS/RPG.

Veredito

Destiny 2
Destiny 2

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Bungie

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
90 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Visual gráfico belo
  • Jogabilidade equilibrada
  • Muitos modos de jogo disponíveis
Desvantagens
  • Jogo já tem DLC
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
Publicações: 3.975
Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.