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The Dark Pictures: Little Hope: vale a pena?

Novo episódio da antologia acerta no tom sombrio da história e aumenta as expectativas para o próximo game

por Raphael Batista
The Dark Pictures: Little Hope: vale a pena?

A antologia The Dark Pictures trouxe aos videogames uma ideia parecida com o formato da série American Horror Story, com episódios independentes capazes de prender os espectadores com histórias diferentes. The Dark Pictures: Little Hope é mais um capítulo dessa série de jogos.

E vale o mesmo conceito: não julgue uma série toda por um único episódio. Man of Medan, capítulo-piloto, não foi lá essas coisas, mas Little Hope consegue se sobressair e entrega uma experiência bem melhor, com uma trama mais desenvolvida e um desfecho surpreendente. A antologia parece ter encontrado seu ritmo.

Um jogo novo…

Não há conexão entre os capítulos. Não é igual Life is Strange. Isso possibilita aos interessados simplesmente esquecerem Man of Medan e saltarem direto para este novo, sem nenhuma perda. A história narra a jornada de um grupo de universitários sobreviventes – ou quase – de um acidente em uma cidade pacata.

No entanto, o que era para ser apenas um susto transformou-se em um pesadelo. A cidade de Little Hope é assombrada por consequências da época do “Caça às Bruxas”, quando muitas mulheres eram acusadas de compactuarem com o capiroto.

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Explorar Little Hope será essencial para desvendar todos os mistérios.

É interessante notar como a Supermassive Games abriu mão de uma abordagem intensiva na parte “psicológica” para apostar em mais dois elementos: contos históricos e linhas do tempo.

Os jogadores aprendem mais sobre a época das bruxas e percebem que os eventos em Little Hope, de fato, aconteceram. Eles transitam em diferentes momentos temporais – como na série de The Witcher -, deixando tudo um pouco confuso nas primeiras horas.

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O teor do jogo acerta em elementos sombrios, de suspense e tem até o lado cômico.

Por contar com uma narrativa mais atraente, não sobrou muito espaço para diálogos ruins. Ponto bastante positivo. Durante todo o gameplay, é preciso tentar desvendar os mistérios relacionados à cidade e como os personagens estão envolvidos.

Como se trata de um jogo focado na história, nada mais justo do que ter um cuidado especial nessa parte. Há poucos momentos fora de contexto, como um casal arrumando tempo para discutir a relação no meio de uma série de eventos sobrenaturais (???), mas no geral, o jogo é sóbrio e maduro.

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Um tempo para namorar mesmo correndo risco de morte… Só em Little Hope.

Vale um destaque para o fim. Os últimos eventos são interessantes e a conclusão faz o jogador soltar um “nossa, não esperava por isso!” de modo natural. Ao “rejogar”, é legal ver como a direção entregou dicas sutis que os jogadores devem (ou deveriam) interpretar para solucionar os mistérios.

Bom, sem spoilers.

… com mecânicas conhecidas

A desenvolvedora explicou que toda a antologia seguirá o mesmo formato até o fim. Ou seja, serão jogos estritamente narrativos com a jogabilidade movida pela exploração dos cenários, eventos quick-time nas horas de ação e decisões que influenciam todo o fluxo da narrativa.

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Toda a antologia seguirá a mesma fórmula: explore por buscas, desenvolva diálogos e execute ações em tempos precisos.

E por se parecer com o antecessor, mesmo em um contexto bem diferente, fica a sensação de se estar jogando o mesmo jogo com uma skin diferente. Inclusive, certos problemas vistos no anterior retornaram, como a dificuldade de controlar o personagem em alguns cenários fechados em razão da câmera fixa e as expressões faciais não serem realistas, apresentando reações forçadas em determinados momentos.

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Tem horas que é difícil se situar nos cenários pelo estilo da câmera fixa.

Um episódio para firmar a saga

Little Hope prova o seu valor e consegue dar a antologia o reconhecimento necessário. Ainda será um caminho longo com outros episódios, mas a Supermassive parece ter encontrado um tom para apostar nas próximas histórias.

O recém-lançado traz um clima de suspense constante e com indagações bem bacanas, amarrando pontos e criando possibilidades de acordo com as escolhas.

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Preparado para cada consequência de Little Hope?

Apesar de ainda ser necessário trabalhar melhor os gráficos dos personagens – bem superficiais -, ajustar a jogabilidade e as cenas, há uma melhora bem significativa neste novo episódio.

Little Hope não deve concorrer ao melhor jogo do ano, mas é aquele “click” que toda série precisa ter para engajar o espectador. A partir daí, é só maratonar os episódios e torcer pelos futuros acertos.

Veredito

The Dark Pictures: Little Hope
The Dark Pictures: Little Hope

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Supermassive Games

Jogadores: 1

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História bem amarrada
  • Momentos de suspense
  • Diálogos mais maduros
  • Opções de gameplay co-op
  • Muitas possibilidades de consequências
Desvantagens
  • Expressões ainda artificiais
  • Câmera em posições ruins
  • Sentimento de jogar "o mesmo jogo"
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.