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The Crew 2: Vale a Pena

O segundo jogo Ivory Tower chegou oferecendo diversas possibilidades: corridas de rua, rali, barcos, monster trucks, aviões e muito mais...mas ainda assim ficou um vazio.

por Daniel dos Reis
The Crew 2: Vale a Pena

The Crew 2 consegue, por pouco, superar o primeiro de 2014. E isso não é nenhum elogio para se ostentar na capa do produto ou em materiais de publicidade.

O segundo jogo do estúdio Ivory Tower chegou oferecendo diversas possibilidades: corridas de rua, rali, barcos, monster trucks, aviões e muito mais. Mas o título não conseguiu equacionar o velho dueto “qualidade vs. quantidade”. Ainda que a proposta conte com muitas opções, ela ainda é vazia.

E o termo “ainda”, e seus sinônimos, serão amplamente usados no decorrer do texto. Mesmo que conte com muitos eventos e atividades, o jogo falha em dar vazão aos acontecimentos. Apesar de contar com um mundo aberto enorme, tudo parece transcorrer em uma monótona tarde de domingo. Não bastante o visual dos carros ser muito bonito, a recriação das cidades é opaca, sem vida e triste.

Esta é a tônica de The Crew 2. Um jogo realmente bem grande, com muitas coisas, mas carente de polimentos.

Vazio existencial

Você já saiu para passear de carro em um feriado ou em um domingo à tarde? Não parece que o tempo passa mais devagar? As ruas vazias, poucos carros, movimentação bucólica…é uma sensação de tranquilidade.

É exatamente esta a impressão repassada por The Crew 2. O enorme mapa dos Estados Unidos conta com dezenas de lugares bacanas, cidades grandes, pontos turísticos e tantas outras coisas, mas é estranhamente desguarnecido.

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Jogo é estranhamente vazio.

Há pessoas e um pouco de tráfego, mas não há aqui uma imersão verdadeira. Mesmo em cidades muito badaladas como Las Vegas, você vai sentir que ‘falta algo’. Talvez os visuais pouco trabalhados dos prédios e a falta de polimento dos ambientes sejam os principais motivadores do sentimento.

Esta segunda entrada da série não é exatamente tão ruim graficamente, mas deixa bastante a desejar em vários aspectos. A começar pelas cidades: cinzas, sem vida e com uma paleta de cores um pouco cruas. Você, enquanto dirige, vai notar objetos sendo materializados em sua frente (casas, prédios, copas de árvores, etc). O famigerado pop-in – quando um objeto demora a ser renderizado – é um companheiro fiel.

Há pessoas, e você consegue “atropela-las”, mas é uma situação esquisita. Na maioria das vezes você vai atravessá-las – no melhor estilo Lince Negra dos X-Men – ou elas vão escapar no último instante de tempo. Isso quando, simplesmente, não desaparecerem.

Por outro lado, os visuais dos carros estão muito bonitos. Texturas, iluminação, sombreamentos e fidelidade estão impressionantes. Inclusive em seus interiores, com a visão interna. Também é muito bacana os locais menos urbanos, com celeiros, montanhas, rios, pontes, etc. The Crew 2 é um jogo rico em quantidade.

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Visual dos carros, na garagem por exemplo, é muito requintado.

E o maior mérito é nas corridas de longa distância, naquelas que você inicia na Califórnia e tem que chegar até a ponte Golden Gate, em São Francisco – do Oiapoque ao Chuí, em um contexto mais brasileiro. Uma viagem de mais de 35 minutos passando por locais bem bonitos. Mas não se empolgue tanto, já que estes eventos são bem mais limitados.

O curioso é que um dos destaques do primeiro jogo era justamente isso: passar por vários lugares, progressivamente, e ir conhecendo-os aos poucos, em eventos muito mais representativos.

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Neste, a fórmula não funciona desta forma.

A bem da verdade, o jogo é muito mais livre desta vez. Logo no começo você pode ir cruzando o mapa quase livremente. Algo que era desbloqueado aos poucos no game de 2014.

Só que não há bem um enredo a seguir. Tudo se parece mais com um grande festival. Você é um anônimo que deve conquistar seguidores nas redes sociais. Quanto mais seguidores, mais patrocínios, mais eventos, mais dinheiro, glamour, etc.

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Vire uma celebridade conquistando seguidores.

E esta sistemática é intrincada ao progresso. Os eventos (corridas) são desbloqueados em razão da quantidade seguidores que você possui. Determinadas atividades são liberadas quando você alcança um quantidade de fãs. E apesar do jogo explicar que suas ações resultam em mais admiradores, na prática não é bem assim. Cada evento já vem com os ganhos pré-estabelecidos. Ou seja: não difere em nada se você fez uma corrida de recuperação magnifica ou apenas correu com o regulamento debaixo do braço. O resultado final é sempre o mesmo.

Além deste número, outro parâmetro de evolução é o ‘nível do seu carro’. The Crew 2 opta por – tentar – introduzir elementos de RPG. Algo que não deu tão certo. Seu carro conta com número – similar o nível de luz do Destiny – que vai sendo incrementado à medida em que peças são adicionadas. Estas, por sua vez, são conquistadas ao cruzar a linha de chegada nas primeiras posições. Mas há um desbalanceio.

Os prêmios são ofertados aleatoriamente: o jogador não tem o poder de escolha. E na maioria das vezes você está sempre um nível muito acima do especificado. Ou seja: seu carro é muito melhor que o recomendado. O resultado é que, mesmo saindo em último, leva-se de 3 a 5 segundos para conquistar a primeira posição. O que prejudica o sabor da conquista.

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Você deve coletar os itens para melhorar a performance dos veículos.

O inverso também acontece. Pode ser que seu carro esteja em um nível muito abaixo dos demais, o que torna praticamente impossível a vitória. Mas este é menos constante.

Mas o ponto é que os jogadores não tem aqui uma liberdade para personalizar os veículos a níveis de peças. Você coloca o que o jogo te oferece e fim. Mesmo que haja um sistema básico de ajustes finos.

Então a “América sem Limites”, como diz o slogan da proposta, não é bem assim tão livre. O mundo aberto e livre, mas os meios, nem tanto.

Já o controle dos veículos não é tão profundo. O pesar é que não há tanta diferença no comando dos bólidos. Só alguns pontos: os carros de drift são escorregadios como quiabos, os de circuitos fechados, mais duros, e as motos bem ligeiras e maleáveis. Ou seja, você sente a diferença quando muda a classe. Fora disso, é “ok”.

Na terra, no ar e no mar

O que prometia ser um enorme diferencial do game era competir em três vias: terra, ar e mar. Enquanto que na terra, os eventos são bem diferenciados: street, rali, motocross, corridas em circuitos e tantos outros, no mar e ar, nem tanto. 

As competições de barco até conseguem se sustentar pela competitividade. E mesmo que sua condução esteja equiparada (em níveis) com os demais, você vai encontrar bons desafios e nem sempre vai vencer.

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Corridas no ar, no mar e na terra.

Já as opções aéreas são enfadonhas e se limitam, basicamente, a realizar manobras fáceis. O problema é que você vai repetir sempre as mesmas coisas. Uma opção totalmente descartável e que serve tão somente para “encher linguiça”.

Outros problemas são vistos nas corridas que mesclam os três estilos. Você começa correndo no chão (asfalto, terra, etc), evolui para barcos e termina no avião (não necessariamente nesta ordem). Elas são dinâmicas e os loadings até não demoram tanto, mas são poucas a opções desta categoria também.

O que é interessante, é a maneira prática como você pode alternar entre as três categorias. Quando no mundo aberto, basta pressionar o analógico e selecionar uma das três opções. Bem parecido com que vimos em Grand Theft Auto V. E a mudança é rápida e eficiente. Então você pode sair do barco para o avião quase que instantaneamente.

E há de se convir que The Crew 2 conta com muitas possibilidades. Você tem street race, corridas em rali, contra o tempo, disputas em autódromos, drag, drift, motos, lanchas, monster trucks, etc em dezenas de eventos espalhados pelo mapa.

Claro que nem todos são atraentes, e o que acaba pesando em desfavor do título é a maneira como as coisas são conduzidas. Pela narrativa – ou a falta dela – ser quase nula. Você pode ir a qualquer momento, através de um acesso rápido, ao evento. Ao contrário do primeiro onde havia toda uma contextualização do porque você estar em determinada região.

Obviamente, haverão aqueles que irão gostar desta praticidade. Mas é inegável que perde-se um pouco do charme. Uma contrapartida é a forma como as coisas acontecem. O jogo tenta repassar uma vibe de um enorme festival a céu aberto, mas mesmo com a empolgação do narrador, ainda tem-se um feeling de limbo.

Corra, em uma ótima promoção

The Crew 2 só ficou acima do seu antecessor por oferecer todos os tipos de eventos já na versão inicial. No primeiro, por exemplo, muitos dos eventos de moto, rali, etc só vieram por meio de expansões. O segundo capítulo conta com enorme leque de possibilidades já no início. O que nem deveria ser um ponto positivo, já que estamos diante de uma sequência e espera-se, minimamente, um pouco mais de quantidade. Mas é.7

O jogo acerta em oferecer um visual (dos carros) muito bacana, trilha sonora agradável, localização total para nosso idioma (parabéns Ubisoft Brasil!) e dezenas de eventos em diferentes categorias.

Mas erra ao não tornar a ambientação mais povoada e atrativa. É um paradoxo: um jogo cheio de coisas para fazer, mas ainda assim vazio de espírito. Curioso né!?

Claro que a decisão final é sempre sua, leitor. Mas ainda assim recomendamos que você opte pela experiência só quando uma promoção daquelas pipocar na sua frente. Mesmo assim, pense um pouco.

Veredito

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