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Pixel Ripped 1995: vale a pena?

Pixel Ripped 1995 simula um túnel do tempo para lembrar como jogar videogame é uma atividade divertida

por André Custodio
Pixel Ripped 1995: vale a pena?

Muito se fala em “carta de amor” aos jogos quando uma empresa lança um game com referências a franquias clássicas. Porém, enquanto a expressão nem sempre é natural em uns casos, em outros ela pode ser compreendida em sua literalidade. E é isso que vemos em Pixel Ripped 1995.

A versão do game no PS4 pode ter passado despercebida para muitos, mas o upgrade para o PS5/PS VR2 é uma verdadeira viagem no tempo. Divertido, emocionante e surreal, o título é aventura que sugere simplicidade, mas vai muito além ao relembrar como é bom jogar videogame.

Um mundo em colapso, dois heróis em ação

Um jovem garoto dos anos 1990, David é um aficionado por videogames. No tempo em que está em casa, o menino dedica suas horas a sentar em frente a uma televisão e ligar seu equipamento retrô. Após isso, nada mais lhe atrapalha durante as jornadas por mundos de fantasia.

É então que nosso jovem protagonista é apresentado ao universo mágico de Pixel Ripped 1995. Nele, uma guerreira, popularmente conhecida como Dot, é a grande protetora da cidade de Fest-A. Mas o ressurgimento de uma ameaça promete desestabilizar toda a vida digital.

pixel ripped 1995
Fonte: André Custodio

O vilão Cyblin Lord revela seu plano secreto após roubar o artefato Pedra Pixel. Ele ataca Dot e seu Mestre, na esperança de desestabilizar os guerreiros e de impossibilitar a salvação da humanidade. E ao lado de seu dragão, o goblin maligno promete controlar a mente de todos os moradores de Fest-A.

Desesperados e sem forçar para combater o mal, a dupla decide utilizar seu último artifício: sincronizar com um grande jogador de videogame do mundo real. Dessa forma, eles entram na vida de David e contam com a ajuda do garoto para atravessar fases perigosas.

pixel ripped 1995
Fonte: André Custodio

Agora, a salvação de todo o mundo digital está nas mãos de uma criança, que tem o videogame como hobby e se distrai com cartuchos de jogos enquanto seus pais não estão fiscalizando.

O túnel do tempo em que todos nós vivemos

Pixel Ripped 1995 é uma experiência simples e metalinguística sobre a prática de jogar videogames. Basicamente, o título consiste em um jogo dentro de um jogo, onde controlamos David em certos momentos e a guerreira Dot em outros.

Ao longo da campanha, as mecânicas de jogabilidade intercalam — não apenas na questão de perspectivas, mas também no aspecto temporal. Ao assumirem o papel de David, os jogadores conhecerão um pouco de sua vida.

pixel ripped 1995
Fonte: André Custodio

A perspectiva da criança mostra seu relacionamento com os pais e a ideia que eles têm sobre uma criança passar o dia de frente para uma televisão. Com o passar dos meses, os ambientes vão mudando, os equipamentos ficam mais nítidos e a própria experiência se torna mais complexa.

Enquanto isso, o jovem passa por lojas de videogames para comprar o novo Pixel Ripped 1995 e enfrenta disputas nos nostálgicos estabelecimentos de fliperama. Obviamente, esses cenários com o suporte do PS VR2 são extremamente imersivos, carismáticos e memorialísticos.

pixel ripped 1995
Fonte: André Custodio

Cada evento é projetado para lembrar os jogadores da “época de ouro” dos games. David se diverte em batalhas beat’em up contra amigos, busca bater recorde de pontos de seus adversários, tenta convencer os pais a ficar mais tempo no videogame e, até mesmo, joga escondido à noite.

Tudo isso, integrado aos controles Sense e ao headset do PS5 — mesmo com algumas leves inconsistências na interação com objetos —, contribui bastante para a diversão. Em termos gerais, é impossível não jogar Pixel Ripped 1995 com um sorriso constante no rosto.

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Fonte: André Custodio

Somado a essas questões, os gráficos em 3D são bem realizados e a atmosfera se destaca por ser convidativa. No geral, a experiência nem de longe chega a ser pesada, e qualquer dono de um equipamento de realidade virtual consegue se ajustar rapidamente ao mundo digital.

Dos 16-bit ao 3D

Já ao assumirem a pele de Dot, os jogadores embarcam em uma jornada única, onde cada capítulo corresponde a um estilo gráfico diferente. No primeiro momento, a era dos 16-bit coloca a heroína em um cenário no estilo Zelda: A Link to the Past e Pokémon Yellow.

Não apenas a atmosfera contribui para a imersão, mas a colocação dos NPCs, a interação com o cenário e a trilha sonora. Os combates também trazem inimigos com movimentações limitadas, em uma época onde o 360º ainda era um sonho distante.

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Fonte: André Custodio

Com o avançar da campanha, Pixel Ripped 1995 vira um beat ‘em up, um game de luta — semelhante aos clássicos Mortal Kombat — e uma aventura de plataformas parecida com Castlevania. E por falar na franquia da Konami, muitas referências são transportadas para o jogo, incluindo protagonista e vilão.

A aventura se consolida como uma experiência em 3D, que no ato final reúne mecânicas de todos os gêneros e estilos em uma fase única. E nada ali é colocado de graça: as mudanças nos games acompanham a vida de David, bem como as tradições das respectivas épocas.

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Fonte: André Custodio

Dessa forma, Pixel Ripped 1995 consegue manter uma proposta divertida e muito especial do começo ao fim. Apesar do game ser curto — umas 3h, em média —, nada é em vão, e todos os mapas, gêneros e sistemas conversam perfeitamente com a lição emocionante da história central.

Além disso, o game traz cenas pós-créditos, coletáveis escondidos pelos mapas, trajes desbloqueáveis e muitos segredos que apenas o uso aprimorado do PS VR2 poderia aproveitar. De fato, o game é uma jornada única, e certamente mexerá com o coração de quem testá-lo.

Pixel Ripped 1995: vale a pena?

Pixel Ripped 1995 é facilmente uma das experiências mais divertidas lançadas no PlayStation VR2. Consistente, nostálgico e com muitas referências a projetos marcantes, o título leva ao pé da letra a expressão “carta de amor”, e esbanja um carinho a cada minuto da campanha principal.

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Fonte: André Custodio

A aventura da Arvore Immersive Experiences resgata a importância dos videogames na infância e a sensação de fuga que eles geraram em muitas pessoas. Tudo isso é retratado com extrema sensibilidade e claramente foi realizado por quem entende o impacto dos clássicos para a indústria moderna.

O jogo é ótimo para quem possui um headset do PS5, tanto por garantir upgrade gratuito para quem tem a versão de PS VR, quanto pelo preço mais acessível, de R$ 104,90 na PS Store.

Veredito

Pixel Ripped 1995
Pixel Ripped 1995

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Arvore Immersive

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
87 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Proposta única muito bem desenvolvida
  • Elementos de realidade virtual bem realizados
  • Dublagem em português para menus e legendas
  • História leve, mas bastante profunda
  • Mecânicas extremamente divertidas
  • Sensação de nostalgia incomparável
  • Visuais belíssimos pelo headset do PS VR2
  • Estímulo à rejogabilidade via coletáveis, eventos únicos e cosméticos
Desvantagens
  • Inconsistências pontuais em comandos nos controles Sense
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.