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Morbid: The Lords of Ire: vale a pena?

Nem soulslike nem RPG de ação, Morbid: The Lords of Ire erra em fundamentos, mas sem abandonar sua classe

por André Custodio
Morbid: The Lords of Ire: vale a pena?

Quatro anos depois, a franquia Morbid retorna aos consoles, dando sequência à aclamada história horrorpunk de The Seven Acolytes. Morbid: The Lords of Ire traz grandes mudanças em seu conceito, se aproximando de gêneros que se popularizaram recentemente.

Esses grandes ajustes trouxeram algumas virtudes interessantes, mas erros fundamentais se espalharam por todos os cinco reinos do jogo. E no fim das contas: o game é um soulslike ou um RPG de ação? Descubra isso em nossa análise logo abaixo:

Os Acolytes retornam, mas para uma nova terra

Última sobrevivente de Debrom, a Striver parte para uma nova terra com o objetivo de dar um fim definitivo aos Acolytes. Muitos se foram após perderem seus deuses Gahar, mas cinco continuaram vagando e recuperaram suas forças no mundo de Ire.

Cada um dominou um dos reinos e criou exércitos de monstruosidades para formarem as linhas de frente. Com isso, a Striver resgata suas armas lendárias e embarca em uma viagem sombria e brutal para purificar de vez regiões abandonadas pela humanidade.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Morbid: The Lords of Ire é um jogo de ação com elementos de RPG e de soulslike. Porém, diferentemente de The Seven Acolytes, ele possui uma perspectiva 3D em terceira pessoa com câmera no ombro, em vez da visão isométrica e com visuais mais animados.

As terras de Ire são constituídas por cinco reinos, cada qual com suas particularidades — mas todos com alto nível de violência gráfica. Além disso, há uma área segura, inspirada claramente nas zonas entre mundos de jogos como Dark Souls e Bloodborne.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

O título também inclui missões secundárias (matar cinco chefes secretos), interações com NPCs, sistemas de atalhos e corta-caminhos e mapas interligados de forma semi-aberta. Porém, mesmo com esses traços, os cenários possuem tamanhos satisfatórios.

E por falar em cenários, eles são o grande destaque de Morbid: The Lords of Ire. Todas as áreas são feitas na medida, bem ocupadas pela densidade de monstros e riquíssimas em detalhes visuais.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Vale chamar a atenção para uma área em específica, que apresenta diversas referências a torturas, atos blasfemos e sadismo. Suas microrregiões são dotadas de sangue, entranhas e bizarrices, transmitindo uma sensação constante de incômodo.

Morbid: The Lords of Ire é vendido como um jogo de terror e realmente faz jus a esse gênero. Há um grande resgate das ideias do horror corporal de David Cronenberg, assim como dos giallos italianos que marcaram o século XIX pela subversão.

Combate brutal e com impacto

Mesmo com limitações, o combate de Morbid: The Lords of Ire não deixa de ser interessante. Golpes fortes e fracos têm impacto, enquanto uma grande variedade de armas de uma e de suas mãos deixam o gameplay ainda mais versátil.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Em um primeiro momento, esse sistema pode ser um pouco frustrante. Mas com o tempo, é possível se adaptar rapidamente, em especial por ele depender bastante do uso de estamina, que determina também o estado de sanidade da Striver.

Evitar que o vigor se acabe permite que a protagonista não entre no estado de insanidade. O efeito deixa o mundo mais sombrio, enquanto permite que fantasmas de inimigos mortos assumam o controle e dupliquem as chances de game over.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Já dosar o uso do vigor faz com que mais dano se acumule à postura dos monstros. Com isso, aumentam as oportunidades de sobrevivência da heroína, pois o dano considerável a ser causado realmente é o da quebra de equilíbrio.

Alguns consumíveis podem ajudar a alterar entre os estados de sanidade, mas eles possuem uma durabilidade insignificante. Enquanto isso, não há uma árvore para atributos em Morbid: The Lords of Ire; a rolagem, por exemplo, é sempre “pesada”.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

O título possui um sistema de runas para imbuir armas com efeitos de força, velocidade, agilidade e impacto. Há um NPC que dá upgrades permanentes aos equipamentos. Porém, a formação de build se limita a isso. É, de fato, bastante pobre.

Erros fundamentais podem prejudicar a experiência em geral

Sem saber o que é, Morbid: The Lords of Ire emperra em diversos aspectos que comprometem a experiência no geral. O sistema de combate é um pouco confuso e atrapalha, principalmente, quem nunca embarcou nesse estilo de jogo mais punitivo.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Há longos caminhos entre checkpoints. Entre eles, a maioria das áreas são “abertas”, mas outras se fecham por efeito de arena e exigem que todos os inimigos sejam derrotados. Normalmente, monstros mais parrudos defendem a área e passam a ideia de desequilíbrio.

A ausência de builds também torna itens de fogo, gelo, trovão, sangramento e envenenamento inúteis. Eles só estão jogados pelos mapas e não podem se ajustar a uma build de forma eficiente. Em testes, apenas o cogumelo de raio se mostrou poderoso.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Morbid: The Lords of Ire possui uma baixa variedade de inimigos, mesmo eles tendo designs muito bem construídos e perturbadores. Enquanto isso, os chefes não oferecem desafio algum, e certamente todos os jogadores os derrotarão de primeira.

A narrativa no game é muito pobre em profundidade. As animações são apenas as de entrada dos chefes e os NPCs têm poucas linhas de diálogo. A história é bastante prejudicada pela falta de CGI e pela falta de legendas, resultando em uma trama desinteressante.

Morbid: The Lords of Ire
Fonte: André Custodio

Outros pontos notáveis são quedas de FPS em especial no primeiro mapa, alguns crashes e inconsistências visuais em termos de iluminação. Porém, no geral, Morbid: The Lords of Ire mantém os 60 FPS e não impacta no combate, que é o foco do jogo.

Morbid: The Lords of Ire: vale a pena?

Perdido no conceito, Morbid: The Lords of Ire diverte no combate, mas não chega a ter mais profundidade na história e no gameplay que o Lords of the Fallen de 2014. Com problemas, limitado em termos de build e sem legendas, o título acaba se tornando sem graça.

Óbvio que fãs de souls e de RPGs de ação punitivos podem ser atraídos por um universo cheio de particularidades e de bizarrices, mas ainda falta muito para que o jogo realmente mantenha a comunidade. Dito isso, não tem como recomendá-lo neste momento.

O preço de R$ 149,50 na PS Store é bastante atrativo, mas vale a pena esperar uma boa oferta para comprar o jogo — ou, quem sabe, uma disponibilidade no PS Plus. Patches de qualidade e futuras expansões podem ser um bom caminho para tornar o game mais sólido.

Morbid: The Lords of Ire está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.

Veredito

Morbid: The Lords of Ire
Morbid: The Lords of Ire

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Still Running

Jogadores: 1

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63 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Combate interessante com muito impacto
  • Inúmeras opções de armas
  • Mundos com um ótimo level design e bem detalhados
  • Design bem construído dos monstros, em especial dos chefões
Desvantagens
  • Chefes sem qualquer dificuldade
  • Praticamente não há opções de builds
  • Ausência de legendas
  • Alguns problemas visuais e quedas de FPS
  • Falta de profundidade narrativa
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.