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Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City: vale a pena assistir?

Mas o filme consegue superar a qualidade das produções de Paul W.S. Anderson - o que não era um trabalho difícil

por Raphael Batista
Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City: vale a pena assistir?

Não, você não entrou no site errado. Não é comum o MeuPlayStation realizar análises de filmes — e nem é lá nossa intenção — mas abrimos uma exceção para falar sobre Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City. A convite da Sony Pictures, participamos de uma sessão em São Paulo e, agora, compartilharemos nossas impressões. Vale destacar: não somos críticos de cinema e não temos muito conhecimento da área, por isso, essa análise é de um fã que cresceu junto com a franquia.

Dirigido por Johannes Roberts (Medo Profundo e Os Estranhos), o filme estreia uma nova fase longe das mãos de Paul W.S. Anderson e do protagonismo de Milla Jovovich. Os novos ares fazem bem e a produção assume um tom mais de terror do que ação, mas falha em muitos pontos, como na rasa interpretação dos personagens, um roteiro bastante confuso e situações constrangedoras.

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Dois em um

O filme narra o começo da epidemia ocasionado pela Umbrella Corps dentro de Raccoon City. Naturalmente, as figuras clássicas fazem parte da trama, como Claire e Chris Redfield, Leon S. Kennedy, Albert Wesker e Jill Valentine. Nesse bolo todo, os eventos de Resident Evil 1 e 2 são condensados na mesma linha do tempo.

O roteiro fica extremamente corrido, pois tenta conciliar tudo ao mesmo tempo: a equipe Alfa vasculhando os eventos da Mansão Spencer, enquanto Leon e Claire sobrevivem na delegacia. Contudo, esses dois arcos acontecem somente a partir da metade do filme, porque antes houve a apresentação dos personagens e momentos que mostraram a infância dos irmãos protagonistas.

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Leon e Claire tentam sobreviver na delegacia de polícia e a dupla faz a clássica dinâmica de “a agressiva e o cômico”.

Muita coisa, pouco conteúdo

O grande problema de Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City é não saber o que contar. A produção começa narrando um pouco da infância de Chris e Claire — o que poderia ser mais bem aproveitado para trazer o clima de tensão certeiro, mas é pouco desenvolvido.

Os incidentes na mansão e na delegacia ficam apressados e os próprios personagens são transformados drasticamente. Wesker é um amigável e bondoso, mas quando sua traição é revelada, sua personalidade não convence como bandido. Jill Valentine é corajosa e violenta, mas subitamente, demonstra sentimentos que até então não havia entregado em cena. Tudo acontece sem uma conexão.

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A equipe Alfa vai para a Mansão Spencer e lá é onde acontece as melhores cenas – tanto de ação, quanto terror.

Decisões nada certeiras

A decisão criativa de Leon e Claire é diferente dos jogos — e não é acertada para o filme. Leon é o novato da polícia, mas ao contrário dos games em que ele demonstra disposição para salvar a cidade, no longa ele é atrapalhado e despreocupado. O ator Avan Jogia cumpre seu papel, mas o problema foi a opção de ter transformado o herói em um alívio cômico que quebra a imersão de suspense.

Enquanto isso, Claire assume uma postura de rebelde, mas a atriz Kaya Scodelario poderia ser muito melhor aproveitada caso tivesse recebido a versão da heroína dos games: uma jovem destemida a procurar respostas do seu irmão, mas que se preocupa com o bem de todos.

Embora as atuações sejam pouco inspiradas, não dá para culpar os artistas porque eles possuem pouco tempo na tela. A direção também não favorece em razão dos muitos cortes, mudanças de cenários e muitos problemas para resolver. Vira uma corrida contra o tempo.

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Chris Amell faz um trabalho “ok” como Chris Redfield.

Sou fã, quero service… será?

O fan service aparece a todo momento em Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City. Desde os cartuchos de espingarda verdes até cenas icônicas. Em suma, é bacana ver as referências, e os fãs ficarão caçando na tela os easter eggs e elementos que ligam com os jogos. É bastante coisa que chega até ser exagerado, como se fosse uma espécie de apelo aos espectadores.

Por outro lado, foi uma decisão acertada apostar num clima contrário às produções de Paul Anderson. Em vez de cenas de ação extremamente elaboradas, o longa é mais cadenciado e investe no suspense com vários jumpscares. Há uma dose de humor — a cargo do alívio cômico chamado Leon — que é até aceitável e, assim como os jogos, Resident Evil se trata mais sobre sobreviver do que ação.

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Até mesmo Lisa Trevor aparece no longa, mas em nome do “fan service”, suas interações servem apenas para apelar à nostalgia dos fãs.

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City: vale a pena?

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City tem efeitos visuais precários em razão do baixo orçamento, as atuações ficam dentro do limite do aceitável e a história é uma reunião de easter eggs dos jogos. Qualidades como a atmosfera de suspense e a ambientação sonora que deixa o clima tenso servem como inspirações para continuações. Contudo, sua execução de baixo nível técnico deve deixar os espectadores descontentes.

O longa pode servir para uma sexta-feira à noite com amigos, até por causa dos jumpscares que geram momentos engraçados no grupo, mas não espere por muita coisa. O filme consegue ser mais aceitável do que os filmes dirigidos por Anderson só pelo simples fato de manter os pés no chão e não criar cenas à la Matrix, no entanto, ainda não é uma boa produção.

Veredito

Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City
Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City

Sistema: -

Desenvolvedor: Sony Pictures

Jogadores: -

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50 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Aposta no suspense e terror em vez da ação
  • Ambientação sonora bem legal
Desvantagens
  • Interpretações pouco inspiradas
  • Roteiro bastante confuso e ritmo do filme apressado para resolver os problemas
  • Uma direção esquisita com filmagens pouco profissionais
  • Efeitos visuais muito feios
  • Decisão criativa dos personagens e da narrativa não faz jus aos games originais
  • Referências existem como um apelo exagerado para o fã "gostar" do filme
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.