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Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name: vale a pena?

Ambientado após os eventos de Yakuza 6, game consolida Kiryu como um dos protagonistas mais complexos e subestimados dos jogos

por André Custodio
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name: vale a pena?

A jornada de Kazuma Kiryu está próxima de chegar ao final. Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name marca a “entrega da tocha” de protagonismo para Ichiban Kasuga, ao mesmo tempo que conclui um dos arcos mais subestimados da história dos games.

Quase um spin-off, o derivado consiste em um “Yakuza 6,5” e ocorre logo após os eventos de The Song of Life. A trama acompanha o icônico mafioso na busca pelo anonimato e pela sobrevivência, introduzindo novos personagens, mecânicas e eventos narrativos.

Felizmente, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name prova que a história de Kiryu-chan está longe de saturar. Além de aparecer em uma versão mais complexa, o herói abre brechas para a chegada de um futuro incerto, onde antigos amigos e inimigos prometem retornar.

Nasce Joryu

Após a batalha final contra Tsuneo Iwami em Yakuza 6: The Song of Life, Kiryu finge sua morte para salvar as pessoas que ama. Como seus aliados, amigos e familiares se tornaram conhecidos pelos maiores inimigos do Clã Tojo, sua filha adotiva, Haruka, se tornou alvo iminente.

Forçado a deixar para trás o selo de Dragão de Dojima, o ex-yakuza decide abandonar sua reputação de derrubar figuras poderosas no submundo. Considerando-se a maior ameaça à vida de Haruka, ele deixa a garota no orfanato Glória da Manhã e passa a observar seus passos à distância.

É então que a Facção Daidoji entra em cena. Ciente da “morte” do lendário yakuza, o clã faz um pacto com Kazuma: sua identidade permanecerá em anonimato e será substituída por “Joryu”. Enquanto isso, ele precisa assumir uma missão, sob o risco de ter Haruka definitivamente levada de sua vida.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Fonte: André Custodio

O trabalho era relativamente simples: Kiryu deveria se juntar a outros membros da facção para supervisionar um contrabando de ouro. O que ele não contava era que aquele trabalho mudaria completamente sua vida. Ao perder o controle da situação, o Dragão de Dojima está novamente nos holofotes.

Como Kazuma escapará dessa situação? Quem o ajudará a se passar por Joryu, enquanto o submundo volta a sussurrar seu nome real nos bastidores? Todas essas respostas são desenvolvidas em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name.

O novo game da SEGA tem a trama como um dos pontos altos. Cheia de reviravoltas, a narrativa se conecta muito bem com os games anteriores, ao mesmo tempo que faz a ponte para o futuro liderado por Ichiban Kasuga (Yakuza: Like a Dragon) e por Takayuki Yagami (Judgment).

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Fonte: André Custodio

Além de desenvolver ainda mais o caráter e a profundidade de Kiryu, o game apresenta personagens marcantes e com um forte envolvimento com a narrativa. E nenhum deles é descartado pelo roteiro — todos têm suas respectivas histórias abordadas, bem como motivações e demais interesses.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name basicamente trabalha com dois clãs centrais: a família Watase (o grupo mais poderoso da Aliança Omi) — e a Facção Daidoji; do lado da Watase, há Kosei Shishido, Yuki Tsuruno e Akame, enquanto a Daidoji é representada por Kihei Hanawa.

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Fonte: André Custodio

Como não poderia ser diferente, a trama do game é bastante complexa e envolve outros nomes, como o sádico Homare Nishitani III, terceiro patriarca do Clã Kijin. Além disso, personagens populares retornam em papeis menores e surpreendem com participações muito empolgantes.

As histórias são desenroladas tanto pela campanha principal quanto por missões secundárias. A aventura central dura cerca de 15 a 20h, enquanto trabalhar nas atividades paralelas pode render mais de 40h de conteúdos.

E para quem já jogou os outros títulos de Yakuza, vale a pena trazer algumas notícias boas: os aspectos cinematográficos são mantidos e chegam ao seu ápice, com cenas em CGI, modelagem impressionante de personagens e trilha sonora elevando os momentos a cenas de tirar o fôlego.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Fonte: André Custodio

Lutas contra chefes épicas, reviravoltas muito bem abordadas e resgate de referências da série são apenas alguns dos outros destaques. Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também conta com muito alívio cômico, mas que se equilibra perfeitamente com uma trama muito madura.

E para encerrar com chave de ouro, o título possui um final extremamente emocionante. Certamente, as cenas finais — desde o gameplay até as cinemáticas — levarão muitos fãs da euforia para uma emoção sem precedentes.

Novo mapa, sentimentos familiares

Yakuza sempre tratou a família como seu elemento central. Seja família de sangue, de clã ou de laços afetivos, esse conceito marca não apenas o desenvolvimento de um protagonista bastante profundo, como também o resgate de muitos elementos nostálgicos para os fãs.

Agora ambientado no distrito de Sotembori, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name se destaca por apresentar uma cidade ainda mais viva. É impossível ignorar o mapa relativamente pequeno, mas as atividades e missões são tantas, que os jogadores não sentirão qualquer impacto.

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Fonte: André Custodio

Ao longo da campanha, Joryu pode dar um tempo dos eventos principais para se divertir. Cassinos, salas de videogames, minigolfe, karaokê e muito mais se escondem em diversas salas e estabelecimentos. Além disso, há muitas interações com NPCs, um sistema de selfies divertidíssimo e um coliseu renovado.

Esse aspecto vale muito a pena reforçar: o coliseu em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name sofreu um “brilho” impressionante. O palco das lutas do submundo — intitulado de Castle — é um verdadeiro espetáculo a céu aberto e expande ainda mais as áreas exploráveis do mapa.

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Fonte: André Custodio

O cenário também inclui uma das grandes novidades no game: batalha em equipe. Ao longo da aventura, Joryu pode recrutar diversos NPCs para integrarem seu time. É possível fortalecer vínculos com integrantes e aumentar seu nível, deixando o esquadrão ainda mais poderoso.

Os combates no Castle estão mais simplificados que na franquia Yakuza, mas mais complexos. Novos tipos de inimigos, efeitos de status, modificadores de batalha e mudanças de qualidade em tempo real; mais recompensas quer dizer mais dificuldades à vista.

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Fonte: André Custodio

Felizmente, Joryu possui novos “amigos” para habilitar no combate. Fãs da série podem estranhar em um primeiro momento, mas a Ryu Ga Gotoku implementou mecânicas tão orgânicas, que rapidamente é possível se adaptar com cada uma delas e identificar suas respectivas eficiências.

Kazuka Kiryu não depende mais apenas de seus punhos

Atuando em low profile, Joryu não possui mais as quatro posturas de combate de Kazuma Kiryu. Agora, o protagonista é capaz de usar apenas duas (Agente e Yakuz), incrementando-as com ferramentas que tornam o gameplay mais dinâmico.

A seu favor estão a Aranha (cordas que puxam ou amarram adversários), a Serpente (botas que impulsionam a velocidade à la aríete), os drones e Vaga-Lume (cigarros explosivos). Porém, todos esses gadgets só podem ser ativados na postura Agente.

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Fonte: André Custodio

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também inclui batalhas com aliados, consumíveis, sistema de equipamentos robusto e árvores de habilidades simplificadas. Além disso, os jogadores ganham pontos Akame a partir de diversas ações, obtendo acesso a recompensas ainda mais valiosas.

No game, a jogabilidade está mais fluida. Assim, apertar botões não é uma atividade exaustiva, pois os comandos estão mais realistas e os combos ocorrem com comandos reduzidos. Mesmo os elementos reaproveitados foram claramente aprimorados — tudo sem perder o contexto de ação em tempo real.

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Fonte: André Custodio

Apesar disso, ainda há uma sensação de reducionismo. O título inova muito pouco em relação ao conceito e funciona como uma espécie de DLC — no máximo um standalone. Ainda é possível aproveitar centenas de horas de conteúdos, mas há a impressão de um “recheio” impositivo com atividades.

Como a Ryu Ga Gotoku recentemente afirmou que Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name foi planejado como expansão de Infinite Wealth e feito apenas em seis meses, esse cenário de menor escopo faz mais sentido.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name: vale a pena?

Com uma narrativa intensa e muito cinematográfica, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name consolida Kazuma Kiryu como um dos protagonistas mais complexos dos jogos. O game também fecha o arco do ex-yakuza como um dos melhores roteiros da franquia.

O menor escopo e a campanha curta não tiram o brilho nem a diversão do projeto. A aventura é uma bela adição à franquia, e tanto fecha arcos importantes quanto prepara os fãs para os que virão. Dessa forma, o game é muito recomendado para quem curte jogos de ação conduzidos pela história.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também traz localização em português do Brasil para legendas e menus. Dessa forma, é muito mais difícil se perder em meio aos tutoriais, às descrições das missões e aos eventos da narrativa.

Na PlayStation Store, o game pode ser reservado por apenas R$ 264,90, em versão de licença híbrida para PS4 e PS5. O valor compensa bastante não apenas pela grande quantidade de conteúdos, mas pela experiência no geral.

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name será lançado oficialmente em 9 de novembro e incluirá versões para Xbox One, Xbox Series e PC.

Veredito

Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Ryu Ga Gotoku

Jogadores: 1

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86 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Uma das melhores e mais emocionantes histórias de toda a franquia
  • Modelos de personagens muito bem feitos
  • Visuais imersivos da cidade de Sotembori
  • Muitas atividades e missões secundárias recompensadoras
  • Coliseu mais equilibrado e com batalhas em equipe
  • Lutas épicas e cinematográficas contra chefes
  • Localização em português para menus e legendas
  • Combate simplificado mesmo com a adição de novos recursos
  • Gameplay leve e bastante divertido
  • Trilha sonora memorável
Desvantagens
  • Like a Dragon Gaiden é propriamente uma expansão
  • Campanha curta e "recheada" por atividades paralelas
  • Mapa poderia ser muito maior; sensação de correr em círculos
André Custodio
André Custodio
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.