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Evotinction: vale a pena?

Conceito interessante e jogabilidade furtiva bem elaborada tornam Evotinction uma agradável experiência, apesar de esbarrar em alguns momentos

por André Custodio
Evotinction: vale a pena?

Em tempos onde muito se discute sobre a eficácia da inteligência artificial no dia a dia, não tem como pensar em seus impactos no longo prazo. Com um avanço cada vez mais feroz dessas ferramentas, muito é questionado sobre suas relações com a humanidade.

E um tema tão complexo e polêmico naturalmente seria bastante explorado por conteúdos audiovisuais, em especial os que conseguem se aproveitar da proposta: filmes e videogames. E assim nasce Evotinction, novo game de sci-fi que discute e real potencial por trás da IA.

Focado na furtividade e no estímulo estratégico, o título da Spikewave Games também chega para quebrar a ideia de que “stealth é chato”. Mas será que há como se livrar completamente dessa sugestão e imergir em um mundo mais lento e controlado?

Vem com a gente saber tudo sobre esse game que faz parte do China Hero Project, ação da Sony promovida em parceria com estúdios chineses.

A maior conquista da humanidade vira ameaça

Local onde ocorreram as maiores evoluções da humanidade, o centro de pesquisa de ponta HERE se tornou o cerne de um grande mal. Com os humanos extintos por um vírus de origem desconhecida, uma IA viu a oportunidade não apenas de evoluir, mas de aprender.

Agora, a entidade tecnológica toma conta da instalação e cortou toda a comunicação com o meio externo para fazer dela seu palácio. Assim, drones dos mais variados tamanhos se distribuíram pelas salas e se tornaram seus olhos e suas mãos.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Sozinho em HERE, o líder do departamento de desenvolvimento de IA, Thomas Liu, é a última esperança para acabar com a máquina. E para chegar ao coração do prédio, ele utilizará todo seu conhecimento em hacking e recursos avançados de infiltração.

Evotinction é um game de aventura ambientado em um universo de ficção científica. O título tem amplo foco no stealth, onde é possível utilizar uma grande quantidade de técnicas hacker e ferramentas de ponta para derrotar máquinas e equipamentos de vigilância.

Evotinction
Fonte: André Custodio

O game também possui elementos de combate em terceira pessoa, contando com interface de mira completa, mas trazendo um aspecto de travado. Mesmo a possibilidade de alterar a visão do ombro não impede que em alguns momentos haja inconsistências.

Felizmente, não é possível dizer o mesmo das mecânicas furtivas. Elas são variadas e se favorecem de um bom e extenso sistema de progressão. São muitas habilidades passivas e ativas que podem ser destravadas durante a campanha principal.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Por fim, tratando-se de visão geral, Evotinction possui uma campanha com cerca de 5h de duração, mas apenas caso você siga a linha principal de missões. São vários caminhos alternativos e dezenas de coletáveis e segredos que se espalham por cada área.

IA versus humano em arena tecnológica

O gameplay de Evotinction é bastante funcional e se destaca por quebrar as regras do script. Máquinas controladas pela IA tendem a possuir os mesmos comportamentos e padrões pré-determinados, mas tudo muda quando Thomas Liu entra no meio da ação.

As ferramentas de última geração são super interessantes e deixam a experiência muito versátil. Além disso, a campanha está constantemente recompensando com novos artifícios, sejam de habilidades hacker ou de gadgets.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Além disso, os cenários de Evotinction apresentam recursos limitados. Não há como usar a mesma ação de forma repetitiva — quando sua munição ou seu estoque de arremessáveis acaba, é hora de pensar e refletir muito bem sobre seus próximos passos.

Liu poderá usar vantagens de longo alcance, interferências em cadeia, operações de cenários e muito mais. Além disso, suas habilidades incluem interromper visão e movimento, criar hologramas, infectar com vírus, falsificar IFF e controlar sistemas operacionais.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Todas elas se destacam por uma boa precisão e por garantir passagens seguras, mas tendo em mente que, após serem utilizadas com uma certa frequência, elas ativarão um sensor imediato, fazendo todas as máquinas caçarem o protagonista sem parar.

Dessa forma, Evotinction não se resume apenas a um game de hacking e furtividade, mas também de estratégia. Vale a pena usar câmeras antes de planejar seus passos, escanear códigos de barra para enfraquecer alvos e buscar pontos seguros em coberturas.

Mundo atraente e bem construído

Apesar de Evotinction ocorrer inteiramente em uma instalação de médio porte, seu mundo semiaberto é muito bem construído. A todo momento, o jogador pode retornar para áreas previamente abertas, caso queira obter itens de XP ou coletáveis.

Enquanto isso, o mundo progressivo faz zonas anteriormente ameaçadas por IA se tornarem seguras, caso você tenha limpado durante a campanha. Assim, há a impressão de um ambiente convidativo e imersivo, aparentemente sob total controle dos jogadores.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Em termos técnicos, Evotinction chama a atenção pela riqueza de detalhes. O mapa futurista é cheio de jogos de luzes, com locais escuros e abandonados, e outros como museus e áreas de descanso, onde ainda é possível observar equipamentos ativos.

Além disso, são muitos atalhos, portas travadas por documentos colecionáveis, recursos de atualizações e mais. Encontrar esses itens certamente deixará sua jornada mais fácil, em especial por haver um sistema de progressão rico, mas simplificado e direto.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Infelizmente, em termos narrativos, o mundo não conversa bem com a história. A falta de localização em português do Brasil, por exemplo, certamente prejudicará quem deseja entender a totalidade, principalmente por existir um forte apelo científico nos diálogos.

A jornada também se atrapalha com explicações excessivas e um caminho estranho após o segundo ato, deixando o que já era confuso (mas intrigante), ainda mais complexo. Dessa forma, é possível se perder facilmente em detalhes, por mais bobos que sejam.

Evotinction
Fonte: André Custodio

Mas não há como negar que Evotinction faz jus ao seu nome e apresenta algo em constante evolução. Terminar a campanha destrava um New Game+ e vários trajes que podem ser equipados e utilizados por Thomas Liu (como o panda).

Já os recursos do PS5 impressionam. Há suporte completo aos gatilhos adaptáveis e ao feedback tátil do DualSense, sendo mais notáveis durante o uso da arma principal e das inúmeras ferramentas. Enquanto isso, as telas de loading são poucas e muito rápidas.

Evotinction: vale a pena?

Evotinction é um funcional jogo de furtividade que não se torna chato mesmo com esse apelo mais cadenciado. A grande variedade no gameplay estimula a criatividade do início ao fim, exigindo que os jogadores estejam atentos e conscientes de seus próximos passos.

O título possui alguns problemas em especial na narrativa e pode se tornar bastante pretensioso nesse aspecto. Mas para quem curte uma jogabilidade sólida, com boa progressão e muitos conteúdos escondidos, há uma oferta completa.

Na PS Store, Evotinction está saindo por apenas R$ 149,90 e traz um bom custo-benefício em termos de tempo de ocupação do jogador. Porém, por ter pouco foco na ação e mais na estratégia cadenciada, fãs de títulos mais hardcore podem encontrar certa resistência.

Veredito

Evotinction
Evotinction

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Spikewave Games

Jogadores: 1

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73 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Mapa semiaberto muito bem construído
  • Ótimo trabalho técnico de sombras e iluminação
  • Várias formas de atravessar as fases
  • Bom sistema de progressão
  • Conteúdos endgame com New Game+
  • Excelente suporte aos recursos do DualSense
  • Bons tempos de carregamento
Desvantagens
  • História confusa e com grande perda de ritmo
  • Falta de localização em português do Brasil prejudica compreensão
  • Combate levemente travado
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 7.587
Jogando agora: Warhammer 40.000: Space Marine 2
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.