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Death’s Door: vale a pena?

Título concorrente ao melhor jogo indie do ano chega ao PlayStation e justifica seu sucesso

por Raphael Batista
Death's Door: vale a pena?

Death’s Door é um dos títulos independentes que fez barulho quando chegou — não é a toa que é um dos concorrentes ao melhor indie no TGA 2021. Após ficar disponível por um período no Xbox e no PC, o game da Devolver Digital finalmente deu as caras no PlayStation e seu sucesso é merecido.

Abordando um tema sensível como a morte, o jogo desenvolvido pelo estúdio Acid Nerve mistura um universo simpático com uma jogabilidade simples, abrindo portas para todos os jogadores.

No controle de um corvo ceifador de almas, as pessoas entrarão em uma aventura sobre a própria existência. Afinal, o que é a morte se não uma parte da vida?

Uma história para refletir

Death’s Door é intimista e não se preocupa em entregar os detalhes logo de cara. Assim como a própria vida, é necessário descobrir como as coisas funcionam passo a passo.

No game, os jogadores controlam um corvo ceifador de almas que tem um único objetivo: coletar sua alma designada. No entanto, seu alvo fugiu para a porta “além da vida” e cabe ao pássaro a missão de derrotar os gigantes para abrir o portal especial.

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Um corvo ceifador. É isso mesmo o que você leu. Fonte: Raphael Batista.

O que faz sentido na construção inicial desse universo? Pouca coisa. Afinal, encontramos corvos trabalhando como ceifeiros, gigantes e monstros agressivos e personagens peculiares. É confuso, mas as peças vão se encaixando naturalmente ao longo da aventura.

O fluxo da narrativa de Death’s Door pode ser considerado como sua principal característica. Os eventos vão desenrolando naturalmente, instigando o jogador a descobrir mais sobre o universo pelo enredo principal e pelos registros de diários. Em determinado ponto, tudo se esclarece!

Com um visual simpático e até infantil, é emocionante acompanhar como o tema da morte é tratado. Há muitas abordagens ao longo da história, como a dificuldade dos vivos em se despedirem, as buscas incessantes por coisas fúteis e como o fim da vida é encarado de forma trágica.

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Death’s Door brinca com temas sensíveis de forma leve e tem um charme único. Fonte: Raphael Batista.

Se vira!

Death’s Door não é um jogo difícil — as mecânicas são bastante simples, como dito anteriormente. No entanto, assim como a história, ele não direciona o jogador. É comum ficar um pouco perdido na exploração.

O título de aventura se apropria das características do gênero metroidvania em que exige um item específico para seguir em um caminho apropriado. Então, é natural retornar pelo mesmo lugar algumas vezes, mas descobrindo outras rotas por causa dos novos equipamentos obtidos.

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Novos caminhos são bloqueados com novos equipamentos. Fonte: Raphael Batista.

Contudo, por causa da falta de um mapa e poucas instruções dos caminhos corretos, a exploração fica um pouco exaustiva. Além disso, não há incentivos em buscar os segredos se não for por causa da platina. Até existem pontos escondidos de melhorias para o personagem, mas não são obrigatórios para concluir o game justamente pela dificuldade muito acessível.

Os próprios puzzles são bem misteriosos. Há caminhos escondidos que levam aos cristais para melhorar a vida ou a magia, mas cabe ao jogador descobrir a lógica por trás deles. São situações opcionais e podem ser facilmente perdidas em razão dos mapas grandes.

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O game brinca bastante com perspectivas de forma simples e funciona muito bem. Fonte: Raphael Batista.

Um gameplay simples até demais

A jogabilidade de Death’s Door é resumida em poucos atos: ache o portal de um dos chefes, obtenha uma nova habilidade, vença a dungeon e derrote o boss. Esse é o ciclo até os últimos chefões.

Durante todo esse progresso, o corvo ceifador se encontra com inimigos espalhados pelo mapa. Embora haja uma quantidade razoável, eles não dão muito trabalho. Na verdade, os desafios acontecem mesmo contra os bosses — todas as lutas principais são divertidas e equilibradas.

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Todas as lutas contra chefões são empolgantes e possuem um nível de desafio equilibrado. Fonte: Raphael Batista.

São poucos os momentos onde há um desafio para tornar o gameplay engajador e, no restante da experiência, o jogador estará mais preocupado em curtir os cenários e a trilha sonora dos ambientes que é bastante relaxante.

Nas situações mais frenéticas, há um problema técnico. Os comandos do jogo não respondem tão rapidamente. Não é um caso grave que estraga a experiência, mas em um ano no qual títulos como Returnal e Hades entregaram comandos tão responsivos, Death’s Door deixa a desejar.

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Os comandos de Death’s Door nem sempre são justos. Fonte: Raphael Batista.

Caso você não se interesse em completar 100%, o game pode ser rápido até demais. É possível concluir a história principal em 8 horas — sem pegar nenhuma melhoria para o protagonista. O preço na PlayStation Store é de R$ 104,90, um valor justo, embora o título não ofereça muito conteúdo.

Death’s Door: vale a pena?

O título da Devolver Digital é uma ótima adição ao catálogo da publisher. A jogabilidade acessível e simples pode atrair os gamers mais casuais que não procuram por jogos tão desafiadores.

Por mais que suas premissas sejam básicas, os elementos inseridos estão bastante consolidados. É surpreendente o projeto da Acid Nerve e traz boas expectativas para o futuro do estúdio.

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Death’s Door comprova seu sucesso, agora no PlayStation 4 e PlayStation 5. Fonte: Raphael Batista.

Após o período disponível somente no Xbox, o game chega para abranger os jogadores do PlayStation, com os usuários do PS5 conseguindo sentir os recursos da resposta tátil do DualSense. O controle vibra constantemente nas batalhas e também quando o pequeno pássaro caminha pelos cenários.

É um título que não enjoará os jogadores e poderá oferecer várias reflexões interessantes sobre o significado da vida. Este game merece o lugar no coração de quem se permite vivenciar a jornada.

Veredito

Death's Door
Death's Door

Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5

Desenvolvedor: Devolver Digital

Jogadores: 1

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História muito bonita
  • Gameplay acessível
  • Trilha sonora e visual atrativos
  • Puzzles bem pensados
  • Resposta tátil bem legal
Desvantagens
  • Pouco conteúdo
  • Exageradamente fácil
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.