Death Stranding 2: On The Beach: vale a pena?
Review

Death Stranding 2: On The Beach: vale a pena?

Mantendo a essência do primeiro jogo, mas melhorando em pontos essenciais, Death Stranding 2 entra na briga pelo GOTY de 2025

por Thiago Barros

Dizem que, de gênio e louco, todo mundo tem um pouco. Bom, talvez Hideo Kojima tenha mais do que “um pouco”. E Death Stranding 2: On The Beach não poderia ser fruto de uma mente que não fosse a dele. “Maluca”, sim, mas também excepcional e única na história dos videogames.

Se temos tantas dicotomias em Death Stranding, desde o Bastão e a Corda, até a mais visceral de todos os seres vivos, entre a Vida e a Morte, nada mais justo do que adicionar mais esta: Loucura e Genialidade. Em vários momentos, você vai dizer: “esse cara é maluco, por que ele fez isso?”. Em muitos outros, “esse cara é gênio, como ele fez isso?”.

As respostas, é claro, estão não apenas no Ka de Kojima, mas no seu Ha. Na sua alma. Death Stranding, especialmente Death Stranding 2: On The Beach, te faz pensar, mas mais do que isso, te faz sentir. Uma experiência que começa muito antes de você pegar o controle. Nos trailers, nas teorias, nas análises, e termina muito depois das cenas pós-créditos.

Deveríamos ter nos conectado? Descubra na análise completa abaixo!

Navegar é preciso

Muito se falou, desde que ele foi anunciado, sobre o quanto Death Stranding 2: On The Beach é diferente do seu antecessor – principalmente por tratar-se mais do bastão, do combate. Então, vamos por um caminho meio diferente aqui: suas premissas são iguais ao game anterior. Sua missão é, novamente, conectar um país à Rede Quiral.

Death Stranding 2

Primeiro, uma rápida passagem pelo México. Depois, a grande aventura em si: Austrália. E aqui você vai ter que fazer exatamente o que fez com os Estados Unidos. Deslocar-se pelo país inteiro para ligar diversos pontos dele à estrutura feita pela Bridges que permite maiores interações e compartilhamentos de informações e tecnologias. Algumas são missões da história principal, outras sidequests, mas todas importantes.

Sim, todas. É claro que você não precisa fazer 100% das entregas para completar o jogo, porém quanto mais fizer, mais vai aprender sobre o mundo de Death Stranding 2: On The Beach, cujos eventos acontecem 11 meses depois de Sam tirar Lou da cápsula de BB. E também ganhará mais recompensas interessantes – sejam cosméticas, sejam itens de gameplay.

Mas vamos dar um passo atrás: por que diabos Sam, que sumiu completamente do mapa quando decidiu viver com Louise, a0 invés de incinerar o pacote como havia sido requisitado em sua última e emocionante missão de Death Stranding, está fazendo entregas de novo? Fragile.

Death Stranding 2

Uma velha amiga bate à sua porta, te pede um grande favor, que só você pode fazer, e promete cuidar da sua bebê enquanto você está fora. Parece tudo bem, né? Pois é, é partir dai que se desencadeia uma sequência bem tensa de eventos que culmina com uma tragédia para Sam.

O pedido é conectar o México à Rede Quiral e entender mais sobre um misterioso Portal Tunelar, gerado com os eventos do primeiro game e que é capaz de conectar o México à Austrália. Neste caminho, Sam reencontra outros antigos amigos, enfrenta uma grande batalha e descobre algo curioso sobre Lou.

Porém, quando volta para casa, se depara com mais um momento destruidor em sua vida. E Fragile, não só como boa amiga, mas também sentindo-se culpada, tenta ajudá-lo a superar o que aconteceu chamando-o para uma nova jornada, com novos amigos, e de uma nova maneira. É hora de conectar a Austrália! Essa é sua grande missão em Death Stranding 2!

DHV Magalhães em DEath Stranding 2

Para fazer isso, Sam conta com uma tripulação de peso dentro da DHV Magalhães, uma nave/barco que funciona como base móvel da Drawbridge – nova empresa de Fragile, cujo nome significa “Ponte levadiça” e dá um grande destaque para a nova função da organização. Ela pode conectar, sim, mas também separar se for necessário.

E, claro, DHV Magalhães é uma homenagem a Fernão de Magalhães, navegador português que se notabilizou por ter liderado a primeira viagem de circum-navegação ao globo. Afinal, este é o grande objetivo desta nova expedição: conectar a UCA primeiro à Austrália, depois ao mundo todo, para evitar o último Death Stranding e a extinção da raça humana.

Viver não é preciso

A tripulação de Fragile começa modesta, depois cresce. De cara, você conhece o Tarman, que curiosamente também é o nome de um zumbi icônico do filme “Retorno dos Mortos Vivos”, que tem o visual de George Miller, cineasta australiano, e interpretado por Marty Rhone. Ele é o piloto da Magalhães e, como diz o nome, tem uma ligação especial com o “Tar”, ou “Alcatrão”, tão presente em Death Stranding.

E o que dizer do Dollman? Baseado em outro cineasta, Fatih Akin, e vivido por Jonathan Roumie, ele é um homem preso em um pequeno boneco que acompanha Sam em sua jornada como um grande companheiro, que conversa com ele em sua quarto privado e também pode ser usado como uma ferramenta para observar/rastrear locais e inimigos.

Death Stranding 2

Além disso, temos contato com Charlie, uma figura misteriosa que patrocina a expedição, e o Presidente, que é o responsável pela APAC – uma organização privada que comanda a jornada e gerencia a rede quiral com um sistema chamado APAS 4000. Esta tecnologia coleta dados e compartilha informações entre os locais conectados à rede quiral e é o que deve ser implementado em México e Austrália.

Dentro deste cenário, Sam parte para uma missão ainda mais longa e perigosa do que a do primeiro jogo. São 16 capítulos e algumas dezenas de horas (variando de acordo com a dificuldade que você escolher, mas sendo bem difícil ficar abaixo de, pelo menos, 35 horas) que trazem muitos momentos marcantes na aventura de Death Stranding 2: On The Beach.

O reencontro com o Heartman, a apresentação de Rainy, os flashbacks misteriosos, o primeiro embate com Neil, o encontro com A Doutora, a cena em que Tomorrow mostra seus poderes e uma épica batalha ao final da Missão 28 – que é a última sobre a qual podemos falar aqui – merecem muitos elogios. Sem falar, é claro, em Troy Baker como Higgs. Um show à parte.

Inclusive, é importante destacar o quanto o elenco estrelado de Death Stranding 2 se mostra um baita acerto, assim como no seu antecessor. Além do retorno glorioso do vilão e, claro, do protagonista Sam de Norman Reedus, Léa Seydoux tem papel ainda mais importante como Fragile, Luca Marinelli é incrível como Neil e, claro, Elle Fanning é a perfeição em forma de Tomorrow.

Primeiro encontro com Neil é incrível em Death Stranding 2

Como de costume, não daremos spoilers sobre a história, mas o que podemos dizer é que ela entrega o que se espera. E se você prestou atenção aos trailers e está acostumado com a mente de Hideo Kojima, certamente pegou muita coisa importante. Até porque ele fez questão de revelar muita coisa antes da hora, né? Alias, aqui vai uma nota pessoal do editor: eu já tinha jogado, felizmente, os momentos que exibidos na Premiere.

O combate com Neil e a cutscene de Tomorrow destruindo os inimigos de uma maneira épica, por exemplo, foram dois dos momentos mais impactantes do game para mim. E, infelizmente, uma grande parte do público não terá essa mesma sensação, porque isso já foi mostrado. Assim como a aparição de Lucy, que era um grande mistério do primeiro jogo, e sua relação com Neil, que apesar de não detalhada, já é um spoiler.

Quem acompanhou os trailers de Death Stranding e depois jogou, sabe que muitas coisas grandes apareciam nos vídeos, mas de forma mais contida, misteriosa, com edição. Revelar coisas importantes na íntegra, como foi feito agora, não me parece a melhor das estratégias. Nos últimos dias, repeti muitas vezes o tal do “esse cara é maluco, por que ele fez isso?”.

Dollman é bem divertido em Death Stranding 2

Mas é claro que, mesmo assim, ainda há muitas supresas a serem reveladas e muitos acontecimentos que te deixarão de queixo caído em Death Stranding 2: On The Beach. Tanto na história principal de Sam quanto no passado de cada coadjuvante de luxo e seus DOOMs – seja no sentido figurado da palavra, com suas habilidades especiais, seja no literal, com seus traumas. São histórias que prendem e te conectam.

A Hideo Kojima Game

Quando o “Written and Directed by Hideo Kojima” aparece, todo mundo já espera altas viagens na história. Porém, o lendário criador de jogos também é cercado de altas expectativas sobre gameplay. Afinal, ele parece estar sempre buscando inovações neste sentido – desde o começo dos jogos de espionagem com Metal Gear até o próprio Death Stranding com seu conceito único de colaboração.

Death Stranding 2: A Hideo Kojima Game

Death Stranding 2: On The Beach é uma clara evolução do que vimos em 2019 neste aspecto. Se você viu os primeiros cinco minutos do game, em mais uma revelação desnecessária, porém pelo menos positiva para os jogadores entenderem que trata-se de um grande jogo, provavelmente ficou impactado com a qualidade gráfica apresentada.

Assim como aconteceu no primeiro game, a Decima Engine da Guerrilla Games entrega um trabalho visual estonteante. E que fica ainda mais impressionante pela variedade de ambientes e climas que o novo jogo tem. Esta, aliás, é uma melhoria significativa. Tudo fica muito mais real com a adição de eventos climáticos e diversidade de cenários em Death Stranding 2.

Em uma hora, você está numa tempestade de areia no deserto, em outra salvando cangurus de incêndios florestais, depois escalando uma montanha cheia de neve e sofrendo com o ar rarefeito… Tudo sempre com aquela sua carga para entregar e a missão de conectar mais um pontinho na rede quiral.

Death Stranding 2

E para deixar tudo ainda mais imersivo, é claro que a reprodução de músicas específicas em dados momentos do jogo está de volta. Quem jogou o primeiro Death Stranding sabe a diferença que isso fez, e agora não é diferente. Ainda mais com a carga de emoção que algumas canções trazem, como ouvir Low Roar após o falecimento de seu vocalista, e escutar novamente acordes marcantes do jogo anterior.

O trabalho de Ludvig Forsell e Woodkid foi impressionante, conseguindo valorizar ainda mais este aspecto tão único da franquia. Magnolian parece ser a grande aposta da vez na música, com muitas faixas também de Grimm Grimm e, claro, do próprio Woodkid. A música-tema, On The Beach, de Caroline Polachek, o retorno do Silent Poets e o surpreendente clássico Raindrops Keep Fallin’ On My Head embalam a aventura de Death Stranding 2.

Entre outros detalhes relevantes, vale destacar o Modo Foto robusto, com uma infinidade de possibilidades, e o aguardando player de música, que só funciona dentro da rede quiral, é verdade, mas ajuda a deixar as suas missões mais longas um pouco mais relaxantes, se é que isso é possível. E o que dizer do Glossário? Super completo e repleto de informações. Tudo, assim como no jogo inteiro, com um excelente trabalho de localização.

Sticks and Stones

Uma das principais críticas ao primeiro Death Stranding foi a falta de ação. Bom, em Death Stranding 2, isso não vai faltar. O combate está muito mais intenso e cheio de possibilidades, com novos itens e inimigos que podem deixar a aventura de Sam bem explosiva. Literalmente. Com direito a lançadores de mísseis e granadas, por exemplo, além de cachorros robóticos, drones que ficam atirando para te proteger e muito mais.

Death Stranding 2

E o seu arsenal não está muito mais potente à toa. Os desafios também cresceram bastante. Os humanos seguem mais ou menos da mesma forma, porém as EPs estão incríveis – principalmente as gigantes. E agora tem até uma nova dinâmica incrível: uma granada que funciona quase como uma pokébola, permitindo capturar EPs enormes e usá-las em lutas contra outras. Isso muda completamente o campo de batalha.

O lado positivo é que agora não é necessário ter armas específicas para as EPs. A grande maioria delas funciona contra estas entidades: fuzis, metralhadoras, escopetas, lançadores. Seja nas surpresas quando elas saem “do nada” nas suas caminhadas, seja nas missões em que você sabe que terá confrontos assim, temos grandes momentos contra elas em Death Stranding 2.

Mas o que realmente muda tudo é o exército comandado por Higgs, dos robôs fantasmas. Eles têm uma dinâmica de combate muito, muito diferente. São difíceis de tomar dano, pulam para cima de você e se organizam muito bem. Tanto os inimigos comuns quanto nas boss fights. Por outro lado, eles também podem dar armas diferenciadas e mais potentes, o que ajuda bastante.

Death Stranding 2

E, sim, ainda temos inimigos militarizados “comuns” com suas bases, que podem ser invadidas para que Sam consiga mais itens. Ou seja, no fim das contas, Death Stranding 2 ainda é sobre conectar um país e fazer as entregas necessárias para isso, mas você terá muito mais pedras nos caminhos. Para garantir que a corda siga bem amarrada, será preciso usar o bastão.

Mesmo que você evite bastante o conflito, provavelmente será inevitável trocar tiros algumas vezes. De qualquer forma, há maneiras de equilibrar esta balança. Dá para ser o mais furtivo possível, dá para ir pra guerra no melhor estilo Rambo, porém o melhor é realmente ter um meio-termo ali. No fim das contas, é tudo sobre estratégia.

A cada missão, é bastante importante se planejar direitinho. Ver a rota, escolher o equipamento, pegar um veículo, levar materiais para ajudar a construir estruturas… Aliás, sim, isso precisa ser destacado novamente! O Social Strand System criado por Kojima é um baita acerto. A sensação de contribuir com as construções e/ou ver que estão usando algo que você fez em Death Stranding 2 é ímpar!

Death Stranding 2: On The Beach: vale a pena?

Death Stranding 2: On The Beach é, conforme já antecipávamos, a experiência definitiva do “Kojimismo”. Do começo, com os trailers malucos onde nada parece fazer sentido, até a parte em que ele revela (muito) mais do que deveria e o momento em que jogamos e, finalmente, conectamos as peças e voltamos àquelas frases lá do início da análise: “esse cara é maluco, por que ele fez isso?” e “esse cara é gênio, como ele fez isso?”.

Este é o jogo do ano e um dos grandes de uma geração que teve dificuldades para ter experiências memoráveis. Visualmente estonteante, empolgante em jogabilidade, envolvente em narrativa. Hideo Kojima pode até ter se esforçado para deixá-lo mais polêmico e divisivo, mas é muito difícil encontrar algo para falar mal da nova jornada de Sam em Death Stranding 2.

Death Stranding 2

Sim, continua sendo algo que não é para todo mundo, tanto pelo gameplay quanto pela história, porém entrega exatamente o que se espera de um “Hideo Kojima game”. Louco e genial. Furtivo e visceral. Empolgante e emocionante. Divertido e instigador. O pacote completo. Abordando temas importantes e polêmicos, com personagens marcantes e inovações em cima de inovações.

Death Stranding 2 é uma daquelas obras que nos fazem pensar em qual é o papel de um videogame. Em como essa indústria chegou ao nível que chegou. Elenco de Hollywood, plot cinematográfico, passando mensagens profundas. Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Poesia, Dança, Cinema… Depois, Fotografia, Histórias em Quadrinhos e, sim, Games. Nada mais justo para celebrar algo marcante para a 10ª Arte do que uma nota 10.

E então, deveríamos ter nos conectado? É claro que sim. A conexão é a base da humanidade, mesmo com todas as dificuldades. O movimento é o motor da evolução, e se a humanidade não continuar se movimentando, aí sim ela entrará em extinção. Mas eu, você e Sam não vamos deixar isso acontecer, né?

Veredito

Death Stranding 2: On The Beach
Death Stranding 2: On The Beach

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Kojima Productions

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
100 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos de cair o queixo, com várias ambientações diferentes
  • Trilha sonora é uma obra-prima, com algumas velhas conhecidas
  • Personagens muito bem construídos e que geram identificação
  • Combates mais intensos, difíceis e estratégicos, com ótimas boss fights
  • Sidequests com recompensas importantes, seja em diálogos, seja em itens
  • Elenco estrelado se justifica, com grandes atuações - especialmente de Elle Fanning e Troy Baker
Desvantagens
  • Kojima mostrou muita coisa "antes da hora"
  • Não é tão diferente do primeiro quanto muita gente poderia esperar
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
Publicações: 7.553
Jogando agora: Death Stranding 2: On The Beach
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.