Copycat: vale a pena?
Com temas fortes sobre rejeição e lar, título é uma ótima sugestão para quem quer iniciar a jogar videogame
Videogame é arte? Essa discussão vem e volta na internet e há muitas opiniões sobre o assunto, mas é inegável que os jogos trazem à tona sentimentos e emoções pelas histórias e temas que abordam. Este é o caso de Copycat, game publicado pela Nuuvem que está mais preocupado em falar sobre algo do que propriamente oferecer um gameplay elaborado.
Com mecânicas muito simples, mas uma história cheia de sentimentalismo, o título funciona como uma porta de entrada para quem não tem o costume de jogar videogames. Além disso, o fato de ser protagonizado por uma gatinha ajuda nessa identificação.
Em uma experiência de 5 horas, Copycat trata sobre rejeição, abandono, família e lar em uma história rápida, mas que entrega emoção constantemente. É uma proposta simples que pode conquistar seu coração e daqueles que querem embarcar de vez no mundo dos jogos.
Uma história felina
Copycat narra a jornada da gata Dawn que foi adotada pela Olive, uma senhora de idade que perdeu seu pet Sunrise após um incidente em seu lar. Em busca de uma nova companheira, a humana visita um abrigo de animais e escolhe uma “substituta”. Por mais que esse termo seja frio, também faz conexão com o enredo em razão das consequências de sua escolha.
Dawn e Olive precisam se acostumar à nova dinâmica de dona e pet, gerando momentos cômicos e emocionantes. Desde uma bagunça generalizada na cozinha até um momento de puro companheirismo e fidelidade em noites solitárias, as duas desenvolvem uma relação até que, inesperadamente, Sunrise retorna para seu lar e Dawn é excluída. A partir de então, há uma busca em “encontrar o verdadeiro lar”.
O jogador é levado nesta jornada que, claramente, foi feita para metaforizar as relações como são instáveis e voláteis. Além disso, a busca incessante por um lar levanta perguntas, como: O que é um lar? Quem é minha família? Onde eu pertenço? Todas elas são respondidas em uma declaração linda que corresponde aos eventos da narrativa: “Lar é onde mais precisam de você”.
Por mais que o enredo e os eventos tenham uma grande potência de sentimentalismo, a forma como eles são narrados perdem o poder em razão dos visuais simplórios demais. Os humanos que aparecem no game são feios e há alguns bugs que tiram a imersão, como cenários fechados que desaparecem ou até crashes inesperados.
A gatinha Dawn e os cenários fogem deste problema porque são retratados visualmente sem defeitos, no entanto, é difícil não reparar na simplicidade excessiva dos gráficos que, muitas vezes, incomodam os olhos do jogador.
Bagunça e interação
Copycat não está nada preocupado em ter mecânicas elaboradas ou apresentar um gameplay envolvente. Controlar a gatinha Dawn se resume em: explorar os cenários, pular em algumas áreas, fazer mini-games de interação e miar (apertando um botão, você mia o quanto quiser!).
Os jogadores acostumados com diferentes videogames perceberão uma repetitividade das mesmas atividades. Por exemplo, o game não coloca puzzles difíceis para serem solucionados e o único desafio é acertar o tempo correto dos mini-games que não são tão desafiadores. Além disso, se perder ou ganhar o mini-game não há grandes consequências, apenas uma leve variação nos eventos da história.
Controlar a gatinha na exploração dos cenários é divertido porque Dawn é veloz e pode xeretar todo tipo de ambiente ao pular em áreas elevadas. Embora haja algumas atividades e interações escondidas, a maioria delas não contribui para um acréscimo na experiência.
Por outro lado, tal simplicidade de comandos é o que justamente pode atrair pessoas desacostumados com o mundo de videogames para ter uma porta de entrada e se aventurar em um projeto que tem muito o que falar.
É inegável que falta um conteúdo mais robusto que pudesse fazer a experiência ter uma densidade maior. O jogo tem um total de 5 horas em que o foco é totalmente a narrativa de Dawn e Olive, mas, ao mesmo tempo, havia mais espaço para brincadeiras felinas ou atividades secundárias que pudessem criar um certo tipo de apego às protagonistas.
Copycat: vale a pena?
Copycat é um projeto feito por apenas dois desenvolvedores que têm muito a falar sobre algo que todos buscam: pertencer a um lugar. No controle de Dawn e na interação com sua nova família, a gatinha descobre como ser família é muito mais um movimento intencional do que algo recebido sem esforço algum.
Neste tema, o jogo acerta em cheio e traz momentos extremamente sentimentais que exigem um lencinho ao seu lado. Apesar da jogabilidade ter recursos muito superficiais que poderiam ser mais elaborados, a intenção do título é contar uma história por meio dos videogames do que propriamente entregar uma experiência altamente focada em gameplay.
Copycat é uma aventura simples com assuntos tão profundos que, com certeza, pode estar no seu radar para apresentar aos amigos e companheiros que desejam iniciar a vida gamer.
Veredito
Vantagens
- Temas emocionantes
- Simplicidade na experiência
- Ótima sugestão para iniciantes
- Diálogos e interações que mexem no coração
Desvantagens
- Visual dos humanos é feio
- Falta de um conteúdo secundário relevante