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Banishers: Ghosts of New Eden: vale a pena?

A melhor forma da DON'T NOD: uma trama emocionante e um gameplay de ação bem construído

por Raphael Batista
Banishers: Ghosts of New Eden: vale a pena?

Consistência é fundalmental. Seja para aperfeiçoar uma ideia apresentada antes ou para criar um novo universo. E é muito satisfatório ver a evolução da DON’T NOD em apostar em ideias cada vez mais diferentes e chegar em resultados muito positivos.

O estúdio que ganhou fama partir de Life is Strange, uma jornada narrativa, apostou em Vampyr que não vingou tanto, mas não desistiu de gerar sequências distintas. Dessa forma, chegamos a Banishers: Ghosts of New Eden, um game que evolui em todos os quesitos e até mesmo abraça o elemento narrativo de um modo mais sutil.

O novo título não deve figurar entre os maiores do ano, mas com certeza é uma experiência muito positiva. Com uma trama elaborada e emocionante, o jogo conta com um gameplay mais movimentado, um combate divertido e boas novas ideias. É a DON’T NOD em sua melhor forma!

Os Banidores e os Fantasmas

New Eden é onde o casal de Banidores, Red e Anthea, vão lidar com um Fantasma. Os Banidores são humanos capazes de expurgar os espíritos penados e libertam vilarejos dos perigos sobrenaturais. Só que em New Eden, uma ameaça jamais vista tem causado problemas inimagináveis e se torna a responsável pela morte de Anthea.

Antes um casal de banidores, agora Red precisa lidar com a perda de sua amada que se tornou um Fantasma. No entanto, o dilema permanece: ele cumprirá sua missão de expurgar o espírito ou o amor não permitirá? A trama e os assuntos tratados envolvem luto, esperança e até mesmo superação. Todos os elementos são bem construídos e estão no nível dos enredos trabalhados pela DON’T NOD.

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Red e Anthea são carismáticos e um casal que possui uma química muito boa (Fonte: Raphael Batista).

Por outro lado, as missões secundárias ficam aquém da qualidade das principais. No caso de Banishers: Ghosts of New Eden, o defeito fica mais evidente e irritante em razão do tempo que se passa no game. A campanha com as quests paralelas exige em torno de 50 horas de investimento. Os personagens e os objetivos apresentados para elas são superficiais, deixando a impressão que alguns momentos existem para preencher o espaço vazio.

O ritmo do game ainda merece uma menção negativa. Por mais que a história tenha pontos altos, há momentos em que os eventos demoram para acontecer e deixam a experiência um pouco mais cadenciada. Tal situação poderia ser facilmente resolvida com cortes em trechos específicos para dinamizar o game.

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Alguns arcos funcionam bem para a história principal, enquanto outros existem para preencher espaço (Fonte: Raphael Batista).

Gameplay com um pouquinho de tudo

Banishers: Ghosts of New Eden não esconde suas inspirações claras em The Witcher 3 e God of War, apostando no combate corporal com o uso de espadas e habilidades mágicas. Ao contrário de Vampyr, o novo projeto da DON’T NOD possui controles mais responsivos e uma movimentação mais ágil.

Os jogadores podem usar ataques leves e pesados enquanto mesclam combos com ataques variados. Essa possibilidade já garante uma diversão única na jogabilidade, mas a adição de habilidades sobrenaturais capazes de expurgar os espíritos colocam uma pitada de pimenta na estratégia. O estúdio merece crédito e louvor por acertar tão bem no estilo do gameplay que apresenta bons momentos.

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Novas mecânicas são liberadas ao longo do jogo e o combate vai ficando variado e mais divertido (Fonte: Raphael Batista).

Contudo, algumas novas ideias parecem ter sido um passo maior do que a perna. Por exemplo, os elementos de RPG são pouco explorados e parecem existir sem muita necessidade. Uma forma mais adequada para liberar habilidades e atributos seria por meio da progressão da história mais linear, evitando a estrutura metroidvania de pegar um poder para retornar opcionalmente a um ponto da história para cumprir atividades secundárias.

Falando sobre as novas ideias, a DON’T NOD acertou em como mesclou o gameplay e a história. Ao longo da campanha, os jogadores precisam resolver mistérios por meio de pistas. Durante as atividades, é necessário tomar decisões difíceis que vão gerar consequências únicas. Dependendo das opções, caminhos são bloqueados e até mesmo os finais serão alterados. Então, se quiser saber de todas as possibilidades do enredo, você será convidado a terminar a história mais de uma vez.

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Os elementos de RPG, como equipamentos e crafting, são tão superficiais que é fácil ignorá-los (Fonte: Raphael Batista).

E aqui vale um elogio para as batalhas contra chefões, pois era algo inexistente nos títulos anteriores do estúdio. Os confrontos trazem dinâmicas muito legais de gameplay com a necessidade de esquivar ou ativar o parry em momentos certos, além de saber explorar as vulnerabilidades e o uso de magias. Além disso, toda a construção do embate é ótima, envolvendo a história e os personagens principais.

Beleza e problemas técnicos

Banishers: Ghost of New Eden é instável nos momentos de combate, principalmente no Modo Qualidade. Há quedas de frames quando a tela conta com vários monstros e efeitos visuais, mas a situação não é recorrente no Modo Desempenho que mantém uma performance divertida e sem quedas.

Sobre os bugs, não houve registros graves durante o tempo de gameplay a não ser em situações pontuais — da queda de áudio brusca dos personagens ou da trilha sonora. No entanto, tais momentos não prejudicaram em nada na experiência, e devem ser resolvidos via atualização.

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Leves problemas no sistema de áudio acontecem, mas nada que prejudique a experiência (Fonte: Raphael Batista).

Os visuais e os gráficos do game merecem elogios, ainda mais levando em consideração como a DON’T NOD havia apostando nesse quesito e como ela mudou. Comparando Life is Strange e Vampyr, a evolução para Banishers fica clara. A arte tem um tom mais realista enquanto não deixa de lado toda a fantasia do universo.

Além disso, destaque para os designs dos monstros, personagens e do próprio mundo. O game consegue transportar o jogador para um universo do passado que mostra um vilarejo distante de grandes centros e aterrorizado por criaturas místicas. Os habitantes de New Eden, os fantasmas assustadores e os próprios protagonistas possuem um charme único e hipnotizantes.

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O game esbanja muito bem seu visual (Fonte: Raphael Batista).

Banishers: Ghosts of New Eden: vale a pena?

O novo título da DON’T NOD expressa o que há de melhor: uma boa narrativa diretamente ligada com o gameplay. Na verdade, apresenta uma nova característica do estúdio em criar um combate de ação divertido e bem responsivo.

Embora não seja perfeito e não esteja no radar de muitos jogadores, é muito fácil gostar dessa aventura que oferece momentos emocionantes e uma jogabilidade gostosa de dominar. Que tal ser surpreendido?

Veredito

Banishers: Ghosts of New Eden
Banishers: Ghosts of New Eden

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: DON'T NOD

Jogadores: 1

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História emocionante
  • Gameplay fácil de dominar
  • Batalhas contra chefões bem legais
  • Gráficos e visuais bonitos
  • Escolhas e consequências variadas
Desvantagens
  • Missões secundárias muito superficiais
  • Elementos rasos de RPG
  • Alguns problemas técnicos
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.