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Darksiders Genesis: vale a pena?

Jogo apostou em um novo gênero de jogabilidade para a franquia

por Raphael Batista
Darksiders Genesis: vale a pena?

Novas visões para franquias estabelecidas são sempre um grande risco. Corre-se um risco bem grande em não atender as expectativas e frustrar os fãs. Felizmente, para os de Darksiders, o novo jogo – Darksiders Genesis – não decepciona.

A Airship Syndicate decidiu narrar os eventos antes de Darksiders (2010). É um prequel com uma história original, explicando mais das origens de certos personagens. O cavaleiro Guerra retornou ao lado do inédito Conflito em uma relação equilibrada entre “brutalidade” e “diversão”.

Ainda que a mudança de jogabilidade seja bem diferente – os três primeiros jogos são hack and slash e este tem uma vibe de Diablo-, a alteração oferece um frescor agradável.

O início de tudo

Darksiders sempre usou elementos bíblicos para construir sua narrativa. Nas Escrituras, Gênesis conta a história de criação do mundo, algo que o jogo também pega emprestado para sustentar sua trama e explicar as origens do caos na Terra.

Lúcifer está com planos malignos – claro – e, em nome do “Equilíbrio”, dois Cavaleiros do Apocalipse são convocados pelo Conselho para impedir o avanço do chifrudo.

Guerra, que os fãs já conhecem, volta em uma forma menos experiente. Como soldado, ele não contesta ordens. Já Conflito serve como alívio cômico. Irreverente, irônico e questionador, o Cavaleiro rouba a cena sempre que pode.

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As cenas da história se desenrolam como em HQs e o Conflito é charme puro.

No enredo de Darksiders Genesis, os jogadores se aprofundam mais nas origens e nos relacionamentos entre anjos e demônios. Ainda que seja uma aposta, a Airship não se aventurou tanto. Este prequel não altera em nada o núcleo narrativo, apenas expande alguns conceitos.

A consequência disso é a entrega de um discurso raso e previsível. Charme mesmo só nas personalidades dos selecionáveis. Mas isso não tanto um problema. Os próprios desenvolvedores já haviam deixado claro este propósito.

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A relação entre os Cavaleiros traz um tom mais leve para a história.

Outros personagens até assumem um pouco o palco aqui e acolá, mas a narrativa existe apenas para contextualizar os jogadores diante dos banhos de sangue contra os soldados de Belzebu.

No total há 16 níveis, com cinco grandes chefes. O tempo total de gameplay gira em torno de 15 horas no modo Difícil, mas pode aumentar consideravelmente caso os jogadores queiram completar todas as melhorias, habilidades, poderes.

Eis que tudo se fez novo

Embora a Airship não tenha inovado no enredo, a companhia não poupou mudanças para o gameplay. O título assumiu um estilo parecido com o famoso jogo da Blizzard. A visão aérea não diminuiu o ritmo frenético do título e trouxe ares mais estratégicos, com a exigência de gerenciar habilidades e movimentos em vez de simplesmente esmagar botões.

Os jogadores têm a oportunidade de alternar entre Guerra e Conflito durante as fases. Cada um tem sua jogabilidade específica onde o primeiro Cavaleiro é mais tanque e conta com habilidades focadas no combate corporal, usando a espada e ataques pesados.

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Cada Cavaleiro traz um estilo único e ideal para cada situação.

Conflito é tático. Com pistolas, suas habilidades têm uma pegada de suporte para infligir efeitos nos inimigos. Cada cenário ou chefão possui comportamentos que exigem o domínio de ambos os protagonistas. Mesmo que o jogador escolha o seu preferido, é imprescindível ter um controle dos dois personagens.

Consequentemente, é muito importante saber equilibrar as melhorias. Nas lojas que desbloqueiam combos ou poderes, toda a experiência é compartilhada. O jogador é obrigado a evoluir ambos os Cavaleiros para não passar dificuldades em desafios cada mais elevados.

O jogo aposta numa mecânica inédita nomeada de “Cernes”. São como as almas dos inimigos. Obtendo-as, é possível atribuir melhorias passivas para os heróis. No entanto, até este sistema exige um nível de estratégia para garantir os melhores benefícios diante de como os jogadores concentram o estilo de jogo.

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Estratégia é um componente importante no game.

Por exemplo, existem Cernes específicos para melhorar a vida e reduzir a velocidade. Esse tipo de melhoria deve ser atribuída exclusivamente ao Guerra que tem um poder de absorção maior. Enquanto para o Conflito, um recurso de aumentar a capacidade de munição seria melhor aproveitado. O jogador precisa explorar a mecânica se não quiser ter dores de cabeça.

São mudanças de ares bem legais para Darksiders. Nos três jogos anteriores era apenas um protagonista por vez com habilidades mais limitadas dentro das características. Neste game o leque é bem maior com o cooperativo.

De uma só carne, fez dois

No próprio livro de Gênesis, a Bíblia narra como Eva foi criada a partir de Adão, sendo dois humanos de uma única carne. Darksiders Genesis assume o mesmo conceito. A franquia que deixava o jogador sozinho num imenso Éden para explorar, agora tem a possibilidade de ser jogada com um companheiro – local ou online.

Essa mecânica faz o jogo ganhar uma visão bem mais divertida e até menos difícil. Isso porque cada pessoa se preocupa em dominar um Cavaleiro. Claro que é preciso organização para dividir o XP e elevar habilidades, mas todos saem ganhando na relação.

No quesito online, o jogo não tem um sistema de matchmaking. Só é possível convidar amigos da PlayStation Network para entrar na sessão. No modo local, a diversão é garantida. Um título bacana split-screen é sempre muito bem-vindo e Darksiders Genesis cumpre este papel.

Os jogadores que dividem o sofá podem explorar áreas a parte ou se unirem para enfrentarem os mesmos inimigos o tempo todo. Embora estejam na mesma sessão, eles podem se dividir para diminuir o tempo na exploração dos locais e tudo acontece de modo bem dinâmico.

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Enquanto um Cavaleiro explora uma região, o outro é livre para fazer o que quiser.

Porque todos pecaram

Enquanto a Airship Syndicate acertou na jogabilidade inédita para a franquia, ela dosou mal a mão em elementos técnicos da experiência. O jogo tem vários bugs que atrapalham em momentos decisivos. Em várias situações é necessário “torcer” para o jogo se arrumar sozinho.

Em um caso grave, um dos Cavaleiros ficou preso abaixo do nível do chão, impedindo qualquer tipo de movimentação. Foi necessário morrer para conseguir avançar no cenário.

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Meu parceiro foi obrigado a matar um chefe sozinho porque o jogo impediu o acesso ao chefão.

Infelizmente, esse tipo de problema é comum. O relato acima aconteceu em diversas outras partes. Além disso, há inimigos que desaparecem e voltam misteriosamente e bugs menos trágicos. Apesar de serem falhas pequenas, elas são muito constantes e prejudicam o conjunto.

Com a câmera aérea, o game sofre com outro problema: a visualização do cenário. O título apostou em ambientes bastante verticais e o problema é que a visão não consegue acompanhar a quantidade de informações que surgem na tela e, muitas vezes, fica posicionada em pontos cegos. Em momentos mais intensos, perde-se facilmente a referência.

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Para onde vou? Onde estou? Difícil se encontrar.

Vale destacar que o visual não se preocupa tanto com detalhes. Por ter uma visão afastada, não há um cuidado da desenvolvedora em oferecer gráficos de ponta.

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Darksiders não se preocupa em entregar uma experiência visual polida.

Além disso, há uma certa repetição maçante no jogo. Nos últimos estágios, o jogador se sente arrastado para concluir a campanha porque não há muito interesse em ver o fim. O único motivo a impulsionar o game é mesmo a diversão descompromissada.

A dinâmica do jogo é: calabouço – encontrar algo ou alguém – chefão. Como a história não se sustenta, então, o jogador pode se sentir como próprios subordinados do Conselho: matando simplesmente por matar e obedecendo às diretrizes do jogo porque…sim.

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Sem muita preocupação, o jogo é: mate, mate e mate.

O game também não incentiva a exploração, mesmo que existam novas habilidades e melhorias. A não ser pelos caçadores de platina, não há qualquer estímulo adicional para buscar detalhes do cenário – que também não expandem a história.

Apocalipse Now

Darksiders Genesis consegue acertar no novo formato do jogo. O elemento cooperativo e as mecânicas de estratégia sustentam a experiência, juntamente com a possibilidade de rejogar os níveis em dificuldades cada vez mais elevadas.

No entanto, o título peca em quesitos técnicos. A câmera fica perdida em vários momentos, os bugs incomodam pela frequência e o enredo não cativa.

O jogo consegue trazer uma nova experiência à franquia, já que o gameplay do formato anterior estava batido.

Porém, para quem não está interessado em explorar todos os elementos de exploração adicionais, tem pouco a oferecer no núcleo principal. Por isso, o selo do Meu PS4 para ele é o de “Espere uma promoção”.

Na PlayStation Store, Darksiders Genesis está pelo valor de R$ 164,90.

Veredito

Darksiders Genesis
Darksiders Genesis

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Airship Syndicate Entertainment

Jogadores: 2

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70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Personagens carismáticos
  • Gameplay novo
Desvantagens
  • História sem graça
  • Visual sem detalhes
  • Repetitivo
  • Muitos bugs
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dredge | Shadow of the Erdtree
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.