Akimbot: vale a pena?
Carta de amor a Ratchet & Clank, Akimbot é divertido, mas escorrega em desempenho
O bom e velho gênero de plataforma trouxe relíquias ao longo dos anos: Super Mario, Sonic, Crash Bandicoot, Spyro… franquias que asseguraram um lugar entre os melhores games da história. Mais especificamente entre os títulos de ação e plataforma 3D, temos Ratchet & Clank, que conquistou corações com protagonistas marcantes, cenários incríveis e, claro, armas das mais variadas. Agora, Akimbot chega justamente para homenagear o jogo da Insomniac Games, com claras referências ao querido lombax.
A equipe da Evil Raptor fez um sólido trabalho ao aplicar diversas coisas do jogo da Insomniac no gameplay: variação no combate com armas, andar nas paredes, pulos em plataformas… até o desenho de um dos protagonistas lembra Ratchet. Entretanto, o título ainda tropeça em alguns pontos, como no seu desempenho e na narrativa, na qual traz personagens pouco marcantes e irritantes.
Exe e Shipset, uma dupla clichê
Policial bom, policial malvado. Aquele clichêzão que vemos em filmes como Bad Boys, Dia de Treinamento ou Cop Land, é presença marcante em Akimbot — com a diferença que nossos protagonistas não são exatamente policiais. O jogo nos apresenta a Exe, um caçador de recompensas mal-humorado, e Shipset, um robôzinho que fala pelos cotovelos e é o “alívio cômico” da trama.
Unidos pelas inconveniências da vida, eles se veem no meio de uma disputa intergalática, que pode resultar na escravidão de todo o universo. Sem opções, a dupla é obrigada a dar um fim aos planos de Malignotron, um cientista maluco responsável por roubar um Artefato selado e muito poderoso.
A partir daí, Exe e Shipset atravessam planetas e até eras no tempo, derrotando inimigos e vendo os mais diversos biomas. Os personagens interagem bastante entre si, exibindo uma dualidade entre o cara “durão” e o “piadista”.
O problema dessa dinâmica é que a dupla não chega nem perto do carisma de outras figuras icônicas do gênero de ação e plataforma, como Ratchet e Clank, ou Jak e Daxter. Na verdade, ambos são extremamente chatos e caricatos — Shipset faz muitas piadas sem graça, enquanto Exe reclama demais.
A previsibilidade da narrativa de Akimbot também incomoda um pouco. Claro, por se tratar de um título voltado para um público um pouco mais infantil, ainda é tolerável, mas, o jogador com certeza a aproveitaria mais se não fosse por Shipset e seu tom de voz fino.
O gameplay é o herói de Akimbot
Se Exe e Shipset não são os heróis que Akimbot merece, o gameplay é. Aqui, os jogadores vão se lembrar dos bons tempos de PlayStation 2, mas sem nenhum tipo de inovação: espere muita ação, com tiros, esquivas e pulos.
Exe obtém armas básicas conforme progride na campanha, podendo trocá-las nos direcionais do DualSense. Ao apertar cima, você saca o rifle, direita é o botão da sniper, baixo permite usar a bazuca, enquanto esquerda é a metralhadora. Elas possuem munição infinita, mas superaquecem se utilizadas seguidamente, o que diminui a cadência de disparos.
Ainda há quatro armas especiais, que podem ser compradas, aprimoradas e equipadas em mercados encontrados ao longo das fases. Só é possível carregar uma delas por vez, então escolha sabiamente entre lasers, armas duplas, etc.
Tais armamentos especiais recarregam automaticamente ao abater inimigos — nada de encontrar pacotes de munição pelo chão. Isto te faz pensar duas vezes antes de sair atirando que nem um louco com eles, afinal, é bem fácil de ficar sem balas.
No combate, também é essencial se esconder atrás de objetos, esquivar de projéteis inimigos, para, então, acabar com eles. Não é algo revolucionário ou que surpreende, mas, diverte. Eventualmente até se torna repetitivo pela baixa quantidade de armas, mas não é um problema de forma alguma.
Ainda é necessário citar outro fator recorrente do gameplay: as sessões de plataforma. Enquanto não estão em combate, Exe e Shipset percorrem cenários inteiramente lineares, destruindo objetos para obterem o dinheiro in-game, este utilizado para comprar as armas e upgrades.
Você vai usar o pulo duplo e o dash. Muito. É essencial dominar o “X + X + O” junto do movimento de câmeras para evitar cair em buracos ou na água. Novamente: fica repetitivo depois de um tempo, mas não se torna maçante (o que é mais importante).
Em diversos momentos, Exe deve entrar em minigames para hackear sistemas e conseguir progredir pelos cenários. Esses joguinhos variam, mas são bem simples, envolvendo até o clássico game da cobrinha, que come blocos para ficar maior.
Por fim, espere sessões nas quais os protagonistas utilizam veículos, batalham com espaçonaves e até montam nas costas de um tiranossauro-robô. Elas quebram um pouco a repetição de gameplay, sendo adições muito bem-vindas.
Desempenho pode prejudicar nos combates e nas plataformas
Se tem uma coisa que a Evil Raptor deveria ter trabalhado melhor em Akimbot, essa seria a performance do título no PS5. É extremamente recorrente haver quedas de FPS ou pequenos travamentos na movimentação da câmera — fatores que prejudicam a jogabilidade.
Pular em plataformas ou utilizar o dash, como dito anteriormente, são mecânicas recorrentes de gameplay. Entretanto, com tais problemas de desempenho, é comum errar um pulo e cair no abismo, ou até usar o dash na direção dos tiros inimigos. Claro, morrer dessa maneira é frustrante.
E, bem, não é justificável haver essas quedas de FPS, quando os gráficos não são de última geração. O estilo de arte cúbico é bonito e até nostálgico, por lembrar tempos antigos dos videogames, mas esta simplicidade também deveria facilitar a fluidez da performance — pelo menos, em teoria.
Akimbot: vale a pena?
Akimbot é uma carta de amor aos fãs de jogos de ação e plataforma em 3D, especialmente aos que se divertiram com Ratchet & Clank (seja no PS2, PS3, PS4 ou PS5). Seu gameplay não inova, mas tem o único propósito de divertir, e isto o jogo cumpre bem.
Com legendas em PT-BR, o jogo custa R$ 104,90 na PS Store — talvez um preço um pouquinho elevado para seu estado atual. Se você pretende sentir uma nostalgia, é até válido, dadas suas 8h a 10h de duração. O ideal, no entanto, é esperar uma promoção.
Veredito
Vantagens
- É uma carta de amor a clássicos de plataforma em 3D
- Minijogos de hackear divertem bem
- Armas são legais de usar
- Divertido!
Desvantagens
- Protagonistas são chatos demais (especialmente Shipset)
- Travamentos ao movimentar a câmera
- Quedas de FPS