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PlayStation no PC: como a Sony tem se saído na abertura de seus exclusivos

A política de lançar exclusivos no PC depois de um tempo é recente para o PlayStation. Tem dado certo?

por João Gabriel Nogueira
PlayStation no PC: como a Sony tem se saído na abertura de seus exclusivos

O lançamento de Horizon Zero Dawn no PC, em agosto de 2020, marcou um importante momento na história do PlayStation. Foi a partir deste game que a Sony mudou sua política de exclusividade de modo drástico, levando alguns de seus maiores lançamentos do console para os computadores, pela Steam e pela Epic Games.

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Como tem sido o resultado dessa mudança de rumo? As vendas dos exclusivos no PC tem sido boas para a companhia? E qual impacto que isso tem – se é que tem algum – para os consoles da Sony? Neste artigo, vamos explorar alguns números e falar dos planos da PlayStation no PC.

Os ex-clusivos

Antes de sairmos falando de números, é importante definir quais jogos entram para a análise deste artigo. Para começar, existem dezenas de jogos que começam suas “vidas” como exclusivos no PlayStation e depois são lançados em outras plataformas. Alguns ficam pouco tempo somente no console, enquanto outros ficam anos e hoje podem ser comprados em qualquer dispositivo, como Yakuza.

Esses não serão os games abordados neste conteúdo. Por mais que tenham um período de exclusividade, não são games produzidos diretamente pela Sony – ou melhor – sua divisão PlayStation Studios. Estamos interessados aqui em falar dos games que levam o nome da marca PlayStation, com produção e direção direta da empresa.

PlayStation Worldwide Studios

E olhando o catálogo dos jogos produzidos pela PlayStation Studios na Steam aparecem algumas coisas bem interessantes.

O game mais antigo que aparece sob a produtora é Helldivers, de 2015. Depois dele ainda temos Everybody’s Gone to the Rapture (2016) e Guns Up! (2018). Independentemente de serem jogos bom ou não, é evidente que não recebem o mesmo tipo de projeção ou marketing que um Horizon da vida, então ficarão de fora da análise.

O foco deste artigo será voltado aos grandes lançamentos a partir de 2020, com a lista sendo:

  • Horizon Zero Dawn
  • Predator: Hunting Grounds
  • Days Gone
  • God of War
  • Marvel’s Spider-Man Remastered
  • Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões
  • Sackboy: Uma Grande Aventura
  • Marvel’s Spider-Man: Miles Morales

É bem interessante notar que a lista, de apenas oito jogos, teve cinco deles lançados no mesmo ano – 2022.

Os números oficiais

Antes de aprofundarmos nossa análise com diferentes fontes das vendas dos diversos jogos do PlayStation no PC, vamos observar o que a Sony já divulgou oficialmente sobre o assunto.

Em maio de 2022, a empresa informou detalhes sobre o número de vendas de três de seus grandes títulos no computador:

  • Horizon Zero Dawn: 2,39 milhões de cópias vendidas | renda de US$ 60 milhões
  • Days Gone: 852 mil unidades vendidas | renda de US$ 22,7 milhões
  • God of War: 971 mil unidades vendidas | renda de US$ 26,2 milhões

É válido lembrar que Horizon chegou ao PC em 2020, então são dados do game com dois anos de disponibilidade na plataforma. Também é digno de nota que God of War chegou ao PC em janeiro de 2022, então os números se referem a menos de cinco meses do jogo disponível e ele já ultrapassou bastante Days Gone, este lançado em maio de 2021 nos computadores.

Os números não são tão impressionantes quando comparamos com o que os jogos conquistam no console, então é interessante avaliar algumas das medidas da Sony para ver se ela está contente com os resultados.

Para começar, na própria divulgação dos resultados, a empresa destacou uma projeção de crescimento exponencial no rendimento das vendas dos jogos no PC para depois do ano fiscal de 2022. É um salto de quase quatro vezes, indo de US$ 80 milhões para US$ 300 milhões apenas nos jogos portados.

E esse é um valor que entra em troca de um investimento bem menor de portar o game, quando comparado com a criação de um jogo do zero. A Sony não divulga quanto custa levar seus games ao PC, mas não é absurdo especular que os resultados compensam.

Outra métrica muito interessante apareceu em setembro do ano passado, usando dados de empresas de estatísticas financeiras. Podemos ver na tabela abaixo o salto que os games tiveram em sua posição de jogos mais vendidos nos EUA depois do port para o PC:

Não é à toa que a Sony comprou um novo estúdio – a Nixxes Software – especialmente para focar em ports de seus jogos para o computador, uma indicação nítida que a companhia está feliz com os resultados que tem obtido. E pra quem ainda duvida, segundo a Game World Observer, a produtora já declarou que espera que títulos no PC e mobile somem 50% de toda sua renda de PlayStation até o dia 31 de março de 2026, no encerramento do ano fiscal.

A empresa não falou oficialmente sobre números de seus outros jogos, em alguns casos por eles não serem tão bons – como veremos a seguir. Mas a companhia chegou a comentar que Marvel’s Spider-Man foi seu jogo que mais rápido vendeu no PC em sua estreia, sem revelar números.

Os números menos oficiais

É bem difícil obter números detalhados sobre o desempenho de todos os produtos de qualquer empresa – ainda mais nos casos deles não se saírem muito bem nas vendas. Mas, como estamos falando de games que eram exclusivos no PlayStation e foram lançados no PC, podemos recorrer ao sempre confiável SteamDB.

O site não pode ser chamado de fonte oficial, mas ele monitora diversas métricas e gráficos da Steam e pode nos dar uma boa noção do desempenho comercial dos jogos na plataforma. É válido lembrar que vários games da Sony estão disponíveis na Epic Games também, e os dados que vamos trazer aqui referem-se somente à Steam.

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Como podemos ver no comparativo acima, o sucesso de God of War é o mais absoluto entre os games PlayStation na Steam. O game do Homem-Aranha conseguiu um pico de jogadores bem relevante, reiterando o que a Sony comentou sobre a velocidade que ele fez sucesso no PC. Mas parece que ele teve uma queda bem mais rápida de jogadores e, atualmente, tem mais gente jogando até Days Gone, que tem um pico total de jogadores muitíssimo menor que o aracnídeo e do que Horizon Zero Dawn também.

Olhar apenas para o campeão God of War mostra uma outra tendência digna de ser notada. Repare no gráfico abaixo o salto no número de jogadores que acontece um pouco depois do mês de outubro.

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O que será que aconteceu logo depois de outubro para o game ter esse salto no número de jogadores? Oras, nada menos que o lançamento de sua continuação, God of War: Ragnarök, que chegou no início de novembro ao PlayStation.

Isso pode significar que o hype da continuação de um game traz mais jogadores para o lançamento anterior também no PC, onde ele ainda nem está disponível. Essa seria uma tendência extremamente positiva para a Sony, mas não dá para bater o martelo ainda tendo apenas God of War como exemplo.

Horizon Zero Dawn, inclusive, não experienciou o mesmo pico de jogadores quando sua continuação, Forbidden West, foi lançada em fevereiro do ano passado. Até houve um incremento de jogadores, mas até menor do que um que aconteceu antes, em abril.

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Os fatores foram diferentes, e o game estava competindo com o GOTY Elden Ring, mas não podemos ignorar o fato.

Este ano teremos a chance de observar se o fenômeno acontece novamente ou não. A continuação de Marvel’s Spider-Man está prometida para 2023, então – se não acontecerem adiamentos – podemos acompanhar para ver se o game original vai ter algum pico de jogadores na Steam quando sua sequência estiver chegando ao PlayStation.

O que esperar do futuro da PlayStation no PC?

Como mencionado anteriormente, a Sony parece comprometida com o lançamento de seus jogos no PC. Além da aquisição da Nixxes, já temos outros grandes títulos confirmados para a chegada na plataforma – Returnal teve sua data de estreia confirmada recentemente e o completo monstro do sucesso The Last of Us vai ter seu remake também chegando ao PC em breve.

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Pelo ritmo dos lançamentos e pela tendência que o exemplo de God of War parece indicar, podemos esperar que a dona do PlayStation mantenha sua postura de primeiro lançar o exclusivo no console e, depois de um tempo, no PC.

Esse tempo de espera varia de maneira um tanto imprevisível e parece estar totalmente atrelado ao sucesso do jogo. Títulos de menor impacto como Predator Hunting Grounds chegaram bem rápido ao PC, enquanto The Last of Us levou quase 10 anos – e o remake do game ainda saiu antes no console também.

Outros fatores parecem influenciar também no tempo que um jogo fica apenas no PlayStation. God of War e Marvel’s Spider-Man são outros exemplos de extremo sucesso, mas que não demoraram tanto para chegar ao PC. É possível que a chegada de suas continuações ao console tenha algo a ver com isso.

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Os jogadores têm opiniões diferentes sobre jogos e exclusividade. Os mais fanáticos não gostam de ver menos motivos para comprar um PlayStation, enquanto outros veem com bons olhos a marca fazer sucesso em outras plataformas e alcançar mais pessoas. Muitos simplesmente não ligam.

No fim do dia a empresa vai fazer o que lhe dá retorno financeiro, independentemente de nossas opiniões. Neste momento, parece que os ports do PlayStation no PC têm dado certo, então espere ver a prática continuar acontecendo. E isso tudo sem precisar entrar na discussão do futuro do console doméstico contra o streaming, que daria outro artigo completo. A pergunta a se fazer agora é: qual você acha que será o próximo? O autor que vos fala aposta em Ghost of Tsushima.

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