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Dragon Age: The Veilguard chega ao PS Plus pouco depois de sua estreia: o que isso significa?

Título da BioWare está confirmado como parte do plano Essential de março

por André Custodio
Dragon Age: The Veilguard chega ao PS Plus pouco depois de sua estreia: o que isso significa?

Quatro meses após seu lançamento em 31 de outubro de 2024, Dragon Age: The Veilguard, o mais recente RPG da BioWare, foi confirmado como parte do catálogo do PS Plus Essential de março. E certamente isso pegou muitos fãs de surpresa.

A rápida inclusão de um título AAA, especialmente de um que envolveu muito hype, em um serviço de assinatura levanta questões sobre  desempenho comercial, recepção crítica e pública, e o papel crescente das plataformas na indústria dos videogames.

Será que é uma boa estratégia da Electronic Arts? O jogo finalmente encontrará uma chance de brilhar a partir da próxima semana? São perguntas que podem passar um bom tempo sem respostas concretas.

Desempenho comercial abaixo das metas

Dragon Age: The Veilguard não atingiu as expectativas financeiras da EA. No relatório financeiro do terceiro trimestre fiscal de 2025, a editora revelou que o jogo alcançou 1,5 milhão de jogadores até 31 de dezembro de 2024, incluindo assinantes do EA Play (teste de 5h).

Esse número representa cerca de 50% da meta interna da empresa para o período, conforme as palavras do CEO Andrew Wilson. Comparado a Inquisition, que vendeu 12 milhões de cópias, o desempenho de The Veilguard foi significativamente inferior.

A EA ajustou suas projeções de receita anual de US$ 7,5–7,8 bilhões para US$ 7–7,15 bilhões, citando o desempenho aquém do esperado de Dragon Age: The Veilguard e EA Sports FC 25 como fatores principais.

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Fonte: BioWare

Dados do mercado europeu, publicados pelo GamesIndustry.biz, mostram que o jogo não figurou entre os 60 títulos mais vendidos de 2024, ficando em 68º lugar no ranking anual e sendo apenas a 19ª maior estreia do ano, atrás de jogos como Star Wars Outlaws.

Recepção crítica e pública: uma clara divisão

No Metacritic, Dragon Age: The Veilguard recebeu uma média de 82/100 na versão PS5, com base em 73 análises profissionais, indicando uma recepção geralmente positiva, com elogios sobre o combate, direção artística e otimização.

No entanto, apontaram falhas na narrativa principal, considerada menos coesa que a de títulos anteriores da franquia, e na redução de escolhas morais complexas, um diferencial histórico de Dragon Age.

Entre os jogadores, a reação foi mais polarizada. Na Steam, o jogo mantém uma avaliação “majoritariamente positiva”, com 74% de aprovação entre mais de 13 mil análises, enquanto na PlayStation Store alcança 4,4/5 estrelas.

Já no Metacritic, a nota dos usuários é de 3,9/10 e reflete críticas sobre a simplicidade na ação e na percepção de diálogos. A colocação de temas inclusivos, como personagens não-binários, também gerou debates, com parte da comunidade considerando forçados.

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Fonte: BioWare

Apesar das polêmicas, Dragon Age: The Veilguard tem suas qualidades. A ambientação em Tevinter é impressionante no sentido de direção de arte e sua lore expande consideravelmente a mitologia de Thedas.

O combate, agora mais fluido e orientado à ação, foi bem recebido por jogadores que apreciam dinamismo, enquanto personagens coadjuvantes como Varric e Harding entregam momentos narrativos memoráveis — em especial no terceiro ato.

PS Plus como resposta estratégica

A chegada de Dragon Age: The Veilguard ao PS Plus sugere uma mudança de estratégia da EA para maximizar o alcance do jogo. Diferentemente de Inquisition, que levou anos para integrar serviços de assinatura, a inclusão em menos de seis meses indica uma tentativa de recuperar parte do investimento por meio de acordos com plataformas.

Esse movimento alinha-se a uma tendência da indústria: títulos como Star Wars JEDI: Survivor também chegaram ao EA Play (e ao PS Plus) em prazos curtos após lançamentos modestos.

Além disso, essa adição teria sido reforçada por uma declaração recente de Andrew Wilson, que destacou a ausência de elementos de “jogo como serviço”, como atualizações contínuas ou multiplayer robusto, como algo limitante ao longo prazo.

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Fonte: BioWare

Mas isso contrasta com o sucesso de franquias como EA Sports FC, que geram 74% da receita da EA (US$ 5,449 bilhões em 2024) via serviços contínuos. A inclusão no PS Plus pode ser uma forma de atrair jogadores casuais e manter a relevância do título e da franquia.

Implicações para jogos e assinaturas

O caso de Dragon Age: The Veilguard reflete desafios enfrentados por RPGs single-player AAA. Em 2024, o gênero viu sucessos como Baldur’s Gate 3 (15 mi de cópias) e Dragon’s Dogma 2 (2,5 mi em 11 dias), mas precisou se adaptar a um mercado dominado por GaaS.

A rápida migração para o PS Plus sugere que serviços de assinatura estão se tornando um recurso para estender a vida útil de títulos que não performam bem em vendas iniciais.

Para a BioWare, o impacto é concreto: após o lançamento, a equipe foi reduzida a cerca de 100 desenvolvedores, e não há planos para DLCs, com o foco agora no próximo Mass Effect.

Já para a indústria, a tendência aponta para um futuro híbrido: jogos que combinem campanhas robustas com elementos de microtransações para justificar uma possível presença imediata em plataformas como PS Plus e Game Pass.

Para os fãs de Dragon Age, a inclusão no PS Plus oferece uma chance de revisitar The Veilguard, mas também sinaliza que a franquia precisará evoluir para recuperar seu espaço no cenário atual, que está cada vez mais competitivo e, consequentemente, exigente.

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