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Albatroz: vale a pena?

Jogabilidade criativa e autêntica com uma forte sensibilidade artística marcam essa ótima experiência

por Raphael Batista
Albatroz: vale a pena?

Até onde iríamos pelas pessoas que amamos? A pergunta que cutuca os cérebros de todas as pessoas é o que define a experiência de Albatroz, projeto do estúdio brasileiro Among Giants. Nessa jornada, a protagonista Isla decide ir atrás do seu irmão Kai, um mochileiro destemido, até os confins do mundo para reconstruir laços que foram perdidos há muito tempo.

Com uma proposta muito diferente do habitual, Albatroz se destaca pela sensibilidade artística e pela ousadia em inovar mesmo com uma produtora pequena. Apesar de sofrer com alguns problemas técnicos, a jornada é satisfatória e entrega bons momentos narrativos com a simplicidade de mecânicas.

Ohana é nunca abandonar

Albatroz é sobre família, relacionamentos e autodescoberta. Os primeiros momentos do jogo dão a impressão que será uma experiência subjetiva, mas logo os temas são explicitamente apresentados e, através de diálogos e flashbacks, descobrimos sobre o que a narrativa quer tratar.

A protagonista Isla embarca em uma aventura: descobrir o paradeiro do seu irmão mochileiro Kai. Ela vai até Albatroz, uma região distante, parecida com a Argentina e conhecida por ser uma montanha nunca está no mesmo lugar (ela se locomove). Sua única pista é que Kai tentará escalá-la, para se tornar o maior dos mochileiros.

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Buscar um irmão perdido é mais difícil do que o esperado. (Foto: Raphael Batista)

De início, parece um objetivo superficial, mas ao longo da história de Isla, o enredo mostra a fragilidade dos relacionamentos familiares e como situações banais se transformam em verdadeiras tragédias. Tais reviravoltas exigem paciência, perdão e reconciliação, e essas, sim, são verdadeiras montanhas desafiadoras de escalar e dominar.

Nesta aventura, o jogador percebe que Isla não está sozinha. Só ela pode chegar até seu irmão, mas outros personagens se unem ao seu redor com suas próprias histórias. É um charme interessante, tendo em vista que a campanha consegue conciliar bem a divisão entre os viajantes em uma campanha de 15h a 20h.

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Embora seja sua missão, Isla não está sozinha. (Foto: Raphael Batista)

Avante, mochileiro!

O que diferencia Albatroz é o sistema de combate. Ou melhor, a falta de um. No game, não existem monstros ou inimigos, somente os desafios de se preparar para uma escalada e a necessidade de planejamento para não sofrer ao longo do percurso. O diretor do game, Thiago Girello, afirma que não é um “walking simulator”, mas ele aposta numa ideia de JRPG, substituindo inimigos físicos pelos desafios de um viajante.

E haja desafios no jogo! Controlando Isla ou um dos outros personagens jogáveis, o player precisa gerenciar a fome e a sede coletando recursos no mapa, cuidar do cansaço dos braços e pernas que vão consumindo energia conforme exploram e até mesmo averiguar o nível de gasolina do transporte. Todos os itens são coletáveis, mas não estão facilmente à mostra.

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Gerenciar os status é o verdadeiro desafio de Albatroz. (Foto: Raphael Batista)

Quando Isla passa muito tempo sem se alimentar, sua saúde vai caindo até o ponto dela não ser mais capaz de liderar o grupo. Se não há mais gasolina, resta andar até descobrir um ponto onde é possível reabastecer. Por isso que o planejamento é importante e os vilarejos escondem informações que dão ao jogador a possibilidade de encher sua mochila com itens úteis e elaborar o caminho.

Falando sobre o caminho, Albatroz não conta com um mapa tradicional que possui um marcador visível. Porém, assim como um peregrino, é necessário seguir instruções dadas para chegar ao destino desejado. Essa mecânica é simples, mas tão divertida que, muitas vezes, me obrigou a passar pelo mesmo caminho para descobrir onde eu havia me enganado e então corrigir a rota.

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O mapa é um dos desafios criativos que o jogo oferece. (Foto: Raphael Batista)

Você pode até pensar: “mas não se torna repetitivo e monótono?” E a resposta é “não”, em razão da variedade de mapas e do ritmo mais acelerado do game. É possível explorar as regiões – que funcionam como os JRPGs, de áreas abertas – mas o objetivo em si está em descobrir o caminho correto que leva à história principal. Acertando a rota, o enredo desenrola e novas áreas surgem.

E a própria jogabilidade também recebe novidades conforme a protagonista avança nos progressos. Ao descobrir novas regiões, atingir marcos e cumprir requisitos de exploração, a Isla recebe Pontos de Travessia que permitem melhorar a qualidade da saúde, das pernas e até aprimorar habilidades, como o Sprint e montagem de acampamento. Todos os fatores contribuem para que o gameplay não seja repetitivo.

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Se preparar antes de um grande percurso pode fazer uma boa diferença. (Foto: Raphael Batista)

ARTE!

O que Albatroz não esconde é o seu primor artístico em todos os aspectos. O visual dos cenários é surpreendente e a direção faz questão de ressaltar tal elemento. Por exemplo, ao subir montanhas e se deparar com áreas abertas, os efeitos visuais de iluminação destacam as cores fortes capazes de tirar o suspiro do jogador.

Tudo isso é mais potencializado graças à trilha sonora que utiliza do gênero folk e ambienta de modo eficiente a jornada de Isla e outros mochileiros. As canções, músicas e composições originais aparecem constantemente na experiência e, com certeza, elevam o grau de qualidade dos sentimentos despertados pelo jogador durante o gameplay.

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Sim, este é, muitas vezes, o visual do jogo. (Foto: Raphael Batista)

As limitações ainda existem

Vale destacar que a Among Giants não é grande como as desenvolvedoras de AAA, logo, existem limitações visíveis e, em muitos casos, incômodas em Albatroz. Por exemplo, há uma constante queda de frames em situações aleatórias. O game sofre com alguns engasgos (isso tanto na versão de PC, quanto no PS5). As quedas não causam problemas, mas acontecem com muita frequência e, consequentemente, causam um nível de frustração no jogador.

Além disso, enquanto os visuais dos cenários são exuberantes, o design dos NPCs dá uma impressão que os rostos e molduras dos personagens vieram diretamente da geração retrasada.

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Sim, este é o visual dos personagens. (Foto: Raphael Batista)

São limitações técnicas e compreensíveis, mas que incomodam o jogador em razão da frequência que aparecem ao longo do game.

Albatroz: vale a pena?

É impressionante o resultado final da Among Giants pela maestria em que conseguiram entregar um projeto tão ousado, autêntico e muito artístico. Albatroz é, realmente, um jogo difícil de definir, mas talvez este seja seu grande charme. Ele leva a sério que vale muito mais a jornada do que o próprio destino.

Com um visual arrebatador, uma jogabilidade diferente da usual e com ideias criativas e bem executadas, o game sofre com alguns técnicos, mas não perde o brilho e traz consigo uma proposta que pode prender o jogador do início ao fim pela sua inovação.

Veredito

Albatroz
Albatroz

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Among Giants

Jogadores: 1

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Criatividade na jogabilidade
  • Cenários muito bonitos
  • Trilha sonora impecável
  • História sensível
Desvantagens
  • Quedas de frames irritantes
  • Visual dos personagens poderia ser melhor
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dredge | Shadow of the Erdtree
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.