Tekken 8: vale a pena?

Se 2023 foi um ano triunfal para os “fighting games” com a chegada de Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1, 2024 não só começa com o pé direito, mas com os dois pés na porta. Tekken 8 é o novo lançamento da Bandai Namco – e forte candidato para ser um dos principais jogos da categoria por muitos anos.

O game é uma porrada de qualidade, trazendo robustos modos single-player, um rollback netcode digno de elogios, gráficos empolgantes para a nova geração e, para fechar com chave de ouro (ou de braço, ou de perna), um gameplay viciante — incluindo uma mecânica inédita e personagens carismáticos.

Jin Kazama vs. Kazuya Mishima

O modo história de Tekken 8 é construído em volta de Jin Kazama, o mocinho, e Kazuya Mishima, pai do protagonista e o grande vilão da trama. Ao longo das 5h de gameplay, vemos a rivalidade entre os dois personagens, os conflitos internos de Jin, a tirania de Kazuya e, claro, muita porrada.

Depois dos eventos de Tekken 7, quando Kazuya derrota Heihachi e herda a Mishima Zaibatsu, ele joga o mundo em puro caos. Em pleno domínio de seus poderes demoníacos, o antagonista despreza os fracos, exigindo que oponentes fortes disputem um novo The King of Iron Tournament (ou “Torneio Rei do Punho de Ferro”) para evitarem terríveis consequências para seus respectivos países de origem.

Enquanto isso, a missão de Jin é acabar com essa tirania. O problema é que nosso protagonista está rejeitando os seus poderes demoníacos e, sem eles, não possui força suficiente para derrotar o seu pai. Cabe aos seus amigos lhe ajudarem a se fortalecer para o confronto final.

A narrativa é curta, porém, proporciona momentos épicos. Mesmo os novatos na franquia devem se entreter com os acontecimentos, apesar de ser difícil compreender certas coisas — por sorte, é possível ver um resumo de todas as histórias de Tekken 1 ao 7, na galeria do game, para não entrar completamente cego.

Outro ponto positivo do modo história são os personagens novos. Em Tekken 8, a Bandai Namco introduziu três lutadores inéditos na franquia: Reina, Azucena e Victor. As duas primeiras são extremamente carismáticas, especialmente a misteriosa Reina, que possui bastante tempo de tela.

Também vale mencionar a presença dos “Episódios de Personagens”, onde é possível selecionar um dos 32 lutadores do jogo e ver seus respectivos finais. Fãs das antigas devem se lembrar como funciona: após cinco batalhas, conhecemos e nos aprofundamos na história do personagem escolhido. Este modo single-player complementa a narrativa e garante um bom fator replay, afinal, para desbloquear todos os finais são necessárias 160 batalhas, no mínimo.

Sistema de Heat deixa gameplay extremamente ofensivo

Tekken 8 possui o sistema de “Heat” como principal adição em seu gameplay. O jogador pode escolher como usá-lo, se tratando de uma ferramenta principalmente ofensiva, mas também servindo como defesa em situações complicadas.

O “Heat” é representado por uma barra azul que fica cheia ao começo de cada round. Em qualquer momento do combate, basta apertar R1 para ativar a mecânica e o seu lutador aplicará um golpe no adversário. Então, a barra começará a drenar, mas, nesse meio tempo, você causa mais dano (até mesmo se seu oponente estiver bloqueando de pé ou agachado) e terá acesso a mais combos exclusivos de seu personagem.

Calma, não para por aí. Ao apertar R1 novamente, o player usará um “Heat Smash” — basicamente, um combo poderoso que pode te dar a vitória. O lado negativo de utilizar o Heat Smash é que seu Heat será encerrado.

O segredo aqui é performar um combo com suas habilidades normais e, então, aplicar o Heat Smash. Dessa forma, seu oponente não terá defesa e sofrerá um dano devastador.

Outra boa alternativa para ativar o Heat é de forma defensiva. Se o jogador pressionar R1 no momento em que sofreria um golpe, essa ferramenta se transformará em um contra-ataque, quase como um “parry”.

A mecânica é uma grande adição a Tekken 8, porque ela incentiva o jogo ofensivo. Com o “Heat” ativo, você dará dano, reduzido, em um oponente que esteja bloqueando. Por outro lado, não vá com tudo pra cima, pois os afobados ficam mais suscetíveis a serem punidos com contra-ataques.

Ainda falando de gameplay, vale mencionar o retorno do sistema de Rage, este ativado quando seu personagem está à beira do nocaute. Nesse estado, seu lutador causa mais dano, além de poder aplicar um especial com o R2. Isto, novamente, estimula e favorece jogadores que gostam de partir para o ataque.

Abordando os lutadores, cada um tem estilos de gameplay bem únicos, além de combos que requerem dedicação e aprendizado. Isto é, se você não usar o “Controle Especial”, que simplifica bastante a jogabilidade para quem é iniciante em fighting games.

E ainda para os iniciantes (e até para os veteranos, por que não?), a Bandai Namco criou um belo modo para treino: o Super Ghost Battle. Aqui, o jogador luta contra uma I.A., que aprende seus movimentos e os reproduz. É possível batalhar com o seu próprio fantasma ou com fantasmas de outros players.

E o modo online?

Quando falamos de jogos de luta, é imprescindível abordar o tema “multiplayer online”. Afinal de contas, é aqui onde está o presente e o futuro do game.

Tekken 8 melhora (e muito) o online, graças ao rollback netcode. Se em Tekken 7 tínhamos problemas de conexão constantes, no novo lançamento praticamente não há o que reclamar. Não existem quedas de frames em partidas na América e um lag leve (mas compreensível) contra oponentes asiáticos.

É verdade, uma vez que o título foi liberado, na noite de quinta-feira (25), havia crashes constantes, porém, isso se deveu ao grande número de jogadores simultâneos — sem falar que a Bandai Namco já corrigiu tal contratempo.

Tekken 8 tem gráficos e trilha sonora sensacionais

Por fim, não podemos deixar de abordar o aspecto artístico de Tekken 8. De novo, a Bandai Namco acertou em cheio: os gráficos estão sensacionais, enquanto a trilha sonora se encontra no ponto certo.

Os visuais passam mesmo a impressão de migração de geração. Detalhes nos rostos dos lutadores, roupas, a iluminação, os cenários coloridos… tudo é extremamente bonito. Não é à toa que a empresa japonesa lançou o game apenas para PS5.

Quanto à trilha sonora, ela é um deleite para os ouvidos. Isto porque, ela é frenética e incentiva a ação por parte do jogador. É quase como se ela estivesse casando com o fato de termos um gameplay ofensivo.

Ainda vale um destaque para o sistema de personalização, que permite customizar personagens de maneiras muito criativas. A comunidade, inclusive, já recriou nomes icônicos da cultura pop, como Goku e John Wick.

Tekken 8: vale muito a pena

Não há o que temer. Tekken 8 é, sim, um jogo que vale cada centavo gasto. Com tantos recursos voltados para o single-player (incluindo a volta do Tekken Ball), partidas online sem lag e gráficos de nova geração, o game merece uma chance até de quem não é tão fã da franquia ou de títulos de luta em geral.

Praticamente não existem pontos negativos. O único talvez seja a ausência de Eddy Gordo no elenco inicial – mas até isso já vai ser resolvido em breve, com o icônico capoeirista brasileiro confirmado como primeiro DLC do título. Então vá sem medo. Vá lutar. Vá ser feliz com Tekken 8!