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Bora, Bill! Episódio 3 de The Last of Us da HBO tem “polêmica desnecessária”

Tudo bem que o seriado não precisa ser 100% fiel à série, mas mudar tanto o destino de personagem querido...

por Thiago Barros
Bora, Bill! Episódio 3 de The Last of Us da HBO tem

O The Hollywood Reporter estava certo no fim das contas. O final do episódio 3 de The Last of Us da HBO é realmente “chocante”. Uma “polêmica desnecessária”, especialmente porque o capítulo é espetacular do começo até o (quase) fim. Sim, foi feita uma grande mudança no destino de Bill. E, não, provavelmente você não gostará muito, caso tenha jogado o game.

A partir daqui, o texto tem spoilers do terceiro capítulo!

Bill em The Last of Us da HBO

Mas calma. Vamos por partes. Do início. Um belo início, aliás. E, dessa vez, sem nenhuma introdução científica – o que é uma pena, porque as dos primeiros dois episódios foram espetaculares. Uma interação bacana de Ellie com um infectado e um diálogo incrível dela com Joel, em que ele confirma a teoria da farinha com todas as letras, que termina com um flashback para a primeira aparição de Bill.

Ali, ele é o cara que conhecemos. Um lunático/gênio que consegue evitar a FEDRA e ficar entocado, na sua, sem se expor aos riscos do apocalipse que aconteceu a seu redor. Até que um cara cai numa de suas armadilhas, ele o salva, abre o banheiro para tomar um banho, serve jantar, deixa tocar piano… E beijo. Agora sim, o beijo é válido, viu, Neil Druckmann? Não, ainda não superamos aquela cena da Tess.

A partir daí, o que vemos é uma construção genial do próprio Neil, com Craig Mazin e o diretor Peter Roar. O relacionamento entre Bill e Frank é mostrado bem detalhadamente, com algumas cenas bem legais – como o almoço com Joel e Tess, a colheita de morangos e até o “último dia”. E se no jogo, Bill é um destaque à parte, Frank é o centro das atenções no episódio 3 de The Last of Us da HBO.

Murray Bartlett, que em 2021 brilhou na primeira temporada de The White Lotus, dá uma aula de atuação. O casal, aliás, é construído de forma bastante correta. Nick Offerman, de Devs, faz um ótimo trabalho como Bill, e existe uma química clara entre eles. Desde o primeiro momento do episódio 3 de The Last of Us.

Desfecho do Episódio 3 de The Last of Us

Só que, se até agora aconteceu o que todo mundo já esperava desde que foi revelado que o episódio focaria mais em Bill e Frank, a coisa muda rapidamente. Nosso “chapeleiro maluco” Bill vira “o último romântico” e se suicida para morrer “de mãos dadas” com seu amado, que estava doente e havia pedido ajuda para acabar com o sofrimento. Bonito, emocionante, de arrepiar. Se não fosse uma mudança gigantesca para o que vivemos no jogo The Last of Us.

Sabe aquele personagem com quem você criou uma ligação bacana e ficou curioso até para ver o que aconteceu depois de deixá-lo para trás? Bom, é como se ele simplesmente não existisse. Afinal, quando Joel e Ellie chegam à casa de Bill na série, ele já está morto. Deixou só uma cartinha e a chave do carro na mesa. Um desfecho que vai dividir opiniões – e, provavelmente, não agradará boa parte dos fãs.

Não pela história de amor, que é realmente incrível. O último take do episódio, então, com Joel e Ellie partindo no carro e a janela do quarto aberta, é “poético”. Porém, por gerar uma mudança extremamente significativa e “desnecessária”. Era possível contar o romance, mas encaminhá-lo para Bill ter perdido Frank de alguma forma que o fez ficar ainda mais paranoico – como é “indicado” no game. Talvez na cena em que eles têm que lutar contra possíveis invasores.

Mas pelo menos a cena das páginas grudadas está lá! Em toda a sua glória! No fim das contas, o episódio 3 de The Last of Us é bom, muito bom, e mantém o nível da série lá em cima. O único questionamento é realmente essa alteração no cânon da série. Mas tecnicamente e, dentro da proposta que é trazida, não há dúvidas de que é mais um ótimo trabalho da HBO.