The Quarry: vale a pena?
The Quarry é um jogo bastante divertido, mas falha ao não causar medo nos jogadores
A cada jogo criado pela Supermassive Games, a velha pergunta vem à tona: “é melhor que Until Dawn?“. E a resposta, normalmente, é não. Com The Quarry não é diferente. Mas isso não quer dizer que seja um jogo ruim, mesmo seguindo exatamente a mesma receita do “irmão mais velho (e mais famoso)”. Pelo contrário.
De novo, um grupo de adolescentes precisa sobreviver a uma noite cheia de perigos inimagináveis e, claro, a vida ou a morte de cada um depende apenas de suas escolhas. E, por mais batida que a fórmula já tenha se tornado, ainda assim é extremamente divertida.
Com um elenco hollywoodiano de respeito, o jogo convence no fator diversão, tem personagens interessantes (em sua maioria) e conta com um bom fator replay — uma boa pedida para os amantes de experiências interativas. Só que, por outro lado, não assusta em momento nenhum, um baita problema para um game de terror.
Uma noite pra lá de tensa em Hackett’s Quarry
A história de The Quarry se passa em um acampamento de verão controlado pela família Hackett, o “Hackett’s Quarry”. Por lá, o diretor Chris Hackett (David Arquette) é ajudado por sete monitores (seriam nove, mas dois deles “faltam” misteriosamente), responsáveis por conduzirem atividades com as crianças que vão passar suas férias no local.
Tudo ia bem, até o dia de ir embora. Jacob (Zach Tinker) não quer deixar o lugar, simplesmente para ter um pouco mais de tempo com Emma (Halston Sage), embora ela não pareça ligar muito para o rapaz. Então, o jovem sabota o veículo no qual todos viajariam, obrigando-os a ficarem por lá mais uma noite.
Apesar de Chris não ficar satisfeito com a ideia, ele pede para todos se trancarem no chalé até o amanhecer e vai embora. Os sete adolescentes, é claro, desacatam a ordem e promovem uma bela festa em frente à fogueira, onde conversam, se xavecam, entre outras coisas. Eles só não esperavam que o acampamento de verão abrigava perigos sobrenaturais.
The Quarry consegue construir, com êxito, a atmosfera de filmes de terror clássicos. O ambiente é tenso, os personagens tomam ações bastante questionáveis (tudo, obviamente, pela história) e existem monstros que os perseguem por toda a madrugada, raramente existindo uma sensação de alívio.
No entanto, não misture as coisas: “tensão” é diferente de “medo”, algo que o jogo falha em causar nos jogadores. Mesmo os jumpscares, com os efeitos sonoros em volume alto, não fazem o gamer pular da cadeira ou levar um sustinho sequer.
No fim das contas, os players passarão por uma aventura de 8 a 10h de duração, com os destinos de cada personagem estando nas mãos deles. É importante mencionar, que os diálogos selecionados e os objetos encontrados influenciam no final — aliás, espere por até 186 términos distintos.
Gameplay interativo, como de costume
Quem é acostumado a jogar as obras da Supermassive Games já sabe como funciona o gameplay. Não há inovações ou grandes surpresas se compararmos The Quarry a Until Dawn ou mesmo aos títulos de The Dark Pictures Anthology.
A maior intenção da desenvolvedora é contar uma história, onde o jogador influencia quais rumos ela tomará. Mas isso não se dá através apenas de escolhas de diálogos ou coleta de itens: os quick-time events (“QTEs” ou “eventos de ação rápida”) se fazem presentes mais uma vez e impactam o andamento da narrativa.
Ao longo de cutscenes de gameplay, comandos aparecem na tela e precisam ser seguidos de acordo com um timing. Se isto for feito com êxito, os protagonistas podem escapar de situações perigosas, como bater suas cabeças em troncos, escorregarem, etc. Agora, caso ocorra o contrário, sua chance de sobrevivência cai pouco a pouco.
Por outro lado, uma das coisas legais dos QTEs em The Quarry é que, às vezes, é melhor falhar neles — dependendo, é claro, do rumo para o qual queira levar a história. Talvez, um personagem querido para você fique vivo ao errar o comando (isso vale para situações bastante específicas, é verdade).
O problema dos “eventos de ação rápida” é a facilidade deles. Na maioria das vezes, basta apertar “X” ou levar o analógico para certa direção, que o jogador “vence”. Ainda há a mecânica de segurar a respiração, esta um pouquinho mais complicada de pegar, mas que também se encontra em um nível simples.
Outro fator a se citar no gameplay são os colecionáveis. Enquanto o jogador anda pelo cenário, é possível interagir em alguns pontos, onde existem cartas de tarô, evidências e pistas. As cartas são as mais importantes, pois entre as passagens de capítulos, elas revelam possíveis acontecimentos futuros na trama — algo importante para quem quiser evitá-los.
Aliás, se não conseguir “driblar” a morte, não se preocupe. Na primeira vez que jogar The Quarry, você possui três vidas. Elas te dão direito a refazer as escolhas que te fizeram virar uma estrelinha brilhante no céu.
Gráficos de The Quarry são bonitos, mas alguns defeitos incomodam
Quando falamos da parte gráfica de The Quarry, é difícil deixar de traçar elogios, em especial aos modelos dos personagens. Todos os atores e atrizes são reproduzidos in-game de forma magistral, sendo fácil reconhecê-los. Por exemplo, Lance Henriksen (Jedediah Hackett, no jogo) está tão bem digitalizado quanto em Detroit Become Human, quando interpretou Carl Manfred.
A iluminação do título, por outro lado, oscila. Apesar de aparentar muito boa nas cutscenes, ela tropeça em determinados locais de gameplay, por conta da escuridão excessiva. Sim, em um jogo de terror é normal estarmos em ambientes sem luz, mas isso se torna ruim quando simplesmente não dá para enxergar.
Mais um ponto técnico negativo fica por conta dos ângulos das câmeras. Ao andar com um personagem pelo cenário, o game troca as posições das câmeras em diversos momentos, fazendo o jogador perder a direção — isso resulta em “ficar preso” em um loop: ao tentar “avançar” para a próxima câmera, ele acaba voltando para a câmera anterior, por causa do direcional do analógico.
Por fim, caso opte pela versão de PS5, saiba que existem prós e contras. O SSD do console ajuda no carregamento, não havendo nenhuma demora para entrar de cabeça no gameplay. Entretanto, não espere sentir as interações do DualSense (feedback tátil e gatilhos adaptáveis) nas suas mãos.
The Quarry: vale a pena?
The Quarry chega para tentar desbancar Until Dawn do trono da Supermassive Games, mas não consegue alcançar tal patamar. Entretanto, não seria exagero dizer que já conquistou a medalha de prata entre os melhores jogos do estúdio.
O título é divertido, conta com um belo fator replay, cooperativo local e, em julho, também terá multiplayer online. Se o jogador for fã de experiências interativas, essas são boas razões para investir no game.
Por outro lado, a campanha curta (10h, no máximo) e o preço na PS Store podem afastar os players. As versões padrões de PS4 e PS5 custam R$ 349,90 e R$ 399,90, respectivamente. Talvez, o ideal seja esperar por uma promoção, caso não consiga desembolsar esse montante no momento.
Veredito
The Quarry
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Supermassive Games
Jogadores: 1-2
Comprar com DescontoVantagens
- Elenco bem montado
- Diversos caminhos na narrativa
- Bom fator replay
- É divertido
- Gráficos bonitos, embora hajam certos defeitos
Desvantagens
- Não é assustador
- Ângulos de câmeras são ruins por muitas vezes
- Quick-Time Events são bem fáceis
- Ausência de tecnologias do DualSense