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Kena: Bridge of Spirits: vale a pena?

Game da Ember Lab é uma das gratas surpresas de 2021, com jogabilidade divertida e belos gráficos

por Thiago Barros
Kena: Bridge of Spirits: vale a pena?

Os consoles PlayStation ganharam mais um ótimo jogo. Kena: Bridge of Spirits, exclusivo da Sony nos consoles, é uma grata surpresa do estúdio independente Ember Labs. Com versões para PS4, PS5 e PC, ele vai encantar muitos jogadores ao redor do mundo com seus gráficos à la Pixar, enredo emocionante e jogabilidade irretocável.

Não é à toa que as avaliações especializadas vêm sendo bem positivas no geral. Apesar de ter uma duração curtinha e de nem usar as possibilidades da nova geração ao máximo que poderia, o jogo tem tudo o que se espera de uma aventura em terceira pessoa. Muitos colecionáveis, história que prende e combates intensos.

Houve alguns relatos de bugs, e durante os testes do MeuPlayStation, tivemos apenas um que crashou o jogo, porém tudo voltou ao normal após reiniciar. Sem perda de progresso ou algo do tipo. Se ficar curioso com o game, além do review abaixo, você também pode assistir uma hora completa de gameplay clicando aqui. E até já buscar algumas dicas se for começar a aventura! Vamos lá?

Ponte para os Espíritos

O nome “Bridge of Spirits” diz muito sobre o jogo. A jovem Kena é uma Guia Espiritual, cuja missão é auxiliar os espíritos que ficaram na Terra devido a uma morte traumática a fazerem a famosa “passagem”. Ao longo de sua jornada, ela deve encontrar memórias e entender os motivos que fizeram com que eles ficassem vagando ao invés de “irem para o outro lado”.

Kena deve guiar os espíritos para o além (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Kena deve guiar os espíritos para o além (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Só quando completa o quebra-cabeças de cada um deles, Kena cumpre sua missão e os liberta. Ao todo, são três espíritos, cada um deles com três missões principais e quatro memórias opcionais a serem coletadas. Tudo isso acontece em uma ilha onde a ambientação tem a predominância de árvores e pastos, mas também há cavernas, neve e, claro, “a corrupção”.

Ela é a fonte de um mal misterioso que ronda o local e que a protagonista também deve enfrentar. Além do cajado que fora de seu pai, utilizado tanto como arma como também para interagir com determinados objetos, a heroína conta com a ajuda de pequenas criaturas chamadas Rot. E se Kena, em si, já tem um carisma, esses bichinhos vão multiplicar seu nível de fofura.

Tudo começa com um pequeno, depois mais um, então outro… E quando você vai ver já está com 10, 20, 30… Todos andando atrás de você e usando chapéuzinhos customizáveis que você compra com o dinheiro do jogo. Mas engana-se quem pensa que eles são apenas “decoração” ou amiguinhos fofinhos.

Kena e o bichinhos no PS5

Os Rot são fundamentais para dar a Kena o seu poder nas lutas. Eles podem virar bombas, flechas e até uma espécie de animal, quando ficam todos juntos para enfrentar inimigos ou liberar a corrupção em uma área. Inclusive, há duas skill trees: uma para Kena e as suas habilidades e equipamentos, outra para os Rot.

Sua missão, portanto, é usar tudo isso que está ao seu dispor para ajudar os espíritos e libertar a ilha da magia negativa que tomou conta da mesma. Para fazer isso, jogando apenas as quests principais, o jogador deve demorar cerca de oito horas. Adicione aí mais umas duas ou três se quiser explorar mais e descobrir todos os segredos e colecionáveis.

Uma jornada curta? Sim, mas que vale cada passo. Especialmente o primeiro arco, que é emocionante. Depois disso, a história “dá uma caída”, e o final deixa até um gostinho de quero mais.  Quem sabe Kena não volta, em breve, para solucionar alguns pontos que ficaram meio soltos?

The Legend of Kena: Spirit’s Masks

Não é segredo para ninguém que os desenvolvedores de Kena: Bridge of Spirits são fãs de The Legend of Zelda. Inclusive, eles “ficaram famosos” graças a um curta animado chamado “Majora’s Mask – Terrible Fate”, lançado em 2016 e que hoje tem mais de 11 milhões de visualizações no YouTube.

Máscaras são importantes em Kena (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Máscaras são importantes em Kena (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Isso fica ainda mais claro logo que começamos a jogar a aventura da Guia Espiritual. Muita coisa remete aos jogos de Link, especialmente os do Nintendo 64 – como é o caso de Majora’s Mask. A inspiração mais clara, obviamente, é o fato de os espíritos que Kena precisa ajudar serem representados por máscaras, que ela precisa usar para acessar determinados locais.

Mas não é só da clássica saga da Nintendo que Kena “pega emprestadas” algumas coisas. Você vai sentir um pouco do combate de God of War, da movimentação e dos puzzles de Uncharted/Tomb Raider, da exploração de Horizon Zero Dawn e por aí vai. Para alguns, isso até pode ser um problema. Para nós, é um baita acerto.

Os puzzles, aliás, merecem um destaque. Há muitos deles, e a grande maioria é extremamente bem construída. Aliás, fica aqui uma dica: se tiver problemas com algum (ou vários), a aba de atividades do PlayStation 5 ajuda bastante. Esse é um belo uso do console que o game faz, ao contrário do DualSense.

Jogo também tem cenas na neve (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Jogo também tem cenas na neve (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Kena: Bridge of Spirits parecia ter um enorme potencial para aproveitar ao máximo o feedback tátil do controle do PlayStation 5, mas isso não acontece, infelizmente. Não há efeitos sonoros legais, nem aquela vibração diferenciada como vimos em outro jogos (como Returnal e Death Stranding Director’s Cut). Só mesmo os gatilhos no R2 com o arco, mais nada.

O que é uma pena, porque o jogo consegue dar o seu toque especial à jogabilidade e, sem dúvidas, essas funções ajudariam bastante. Principalmente por causa dos Rots e da variedade de ações que eles proporcionam à protagonista. Seja no combate, seja para tirar a corrupção dos locais. Tudo isso com uma jogabilidade bacana, gostosa, e com inimigos e quebra-cabeças bem desafiadores.

O único ponto negativo nesse aspecto é que o level design e as próprias lutas não têm grandes variações. Até há algumas mudanças de monstros a serem derrotados, mas tudo segue basicamente o mesmo roteiro. Mesmo na reta final, em que os embates são mais ferozes, tirando as particularidades de cada adversário, você se sente quase sempre no mesmo desafio.

Combates podem ser bem intensos (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Combates podem ser bem intensos (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Com a ambientação, a sensação é praticamente a mesma. Há, sim, algumas variações, porém nada de chamar muita atenção. Mas o que está ali é lindo. Seja na construção de personagens, seja nos cenários, o visual é um baita acerto. A trilha sonora, meio genérica, combina com o tema do jogo. E vale muito destacar o esforço para ter legendas em português do Brasil, mesmo que elas tenham alguns deslizes.

Kena: Bridge of Spirits: vale a pena?

Não faz tanto tempo assim que Kena: Bridge of Spirits foi anunciado, em junho de 2020. E, desde então, mesmo com o adiamento que foi uma leve ducha de água fria, muita gente estava ansiosa para ver se a Ember Lab conseguiria entregar um game à altura do belo trailer de revelação. Pois bem, a resposta é: sim, conseguiu.

Kena
Kena: Bridge of Spirits merece a sua atenção (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Obviamente, Kena não é um jogo AAA, com investimento milionário e que busca a perfeição. É o trabalho de um estúdio independente, com uma “pequena equipe com histórico em filme e animação”, segundo eles mesmos. E, dentro desse cenário, o resultado não poderia ser mais positivo.

Um enredo aconchegante, uma jogabilidade que pega emprestadas mecânicas de sucessos dos últimos anos, um visual digno, realmente, dos melhores filmes animados… O único grande problema é que dura pouco – o que também é compreensível. Afinal, fazer um jogo com todas essas características e ainda longo, com mais possibilidades, provavelmente o deixaria bem mais caro.

E é super compreensível se você não quiser gastar R$ 200 em um título com cerca de oito a nove horas de gameplay – e talvez mais umas duas ou três para pegar os colecionáveis todos. Mas se você tiver o dinheiro disponível e se interessar por esse estilo de jogo, vale muito a pena. Seja para sua diversão, seja para apoiar esse baita feito dos desenvolvedores.

Esperamos te ver novamente, Kena! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Esperamos te ver novamente, Kena! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Além disso, fica aqui a torcida para que este não seja o fim do ciclo da Guia Espiritual e dos seus companheiros fofinhos. Que, em breve, possamos ter, talvez, um DLC ou até uma sequência, possivelmente com maior investimento da PlayStation. Seria uma baita notícia!

Veredito

Kena: Bridge of Spirits
Kena: Bridge of Spirits

Sistema: PlayStation 5 | PlayStation 4

Desenvolvedor: Ember Lab

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
83 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gráficos lembram os grandes filmes da Pixar
  • Jogabilidade simples, eficiente e divertida
  • Os Rot
  • Esforço para ter a localização em português
  • Puzzles muito bem elaborados
Desvantagens
  • Duração bem curtinha
  • Alguns deslizes nas traduções
  • Poucas variações nos combates e inimigos
  • História começa muito bem, depois cai um pouco
  • Pouco uso do DualSense decepciona
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.