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Ghostwire Tokyo: vale a pena?

Se você quer um Evil Within, fique longe! Agora, se estiver com a mente aberta, jogo pode te surpreender!

por Thiago Barros
Ghostwire Tokyo: vale a pena?

Ghostwire Tokyo causa aquela sensação de “quero mais”. Constantemente. Desde o seu primeiro minuto. Vontade de explorar, de ir adiante na história, de enfrentar os demônios e purificar as almas dos cidadãos japoneses. O problema é que esse desejo se prolonga até depois de os créditos passarem na tela. Aí o “quero mais” vira “era só isso?” e a sensação passa a ser de que poderia se tratar de um game ainda melhor com um pouquinho mais de tempo.

Quando jogamos os primeiros capítulos de Ghostwire Tokyo, as impressões foram bastante positivas (confira aqui e entenda também um pouco mais dos conceitos do jogo). Agora, após encerrar a jornada de Akito por uma capital japonesa repleta de almas perdidas e tomada por demônios, quase tudo se confirma. Entretanto, se parecia que o preview era apenas o começo de uma grande aventura, na verdade, já havíamos passado um terço da narrativa, composta por apenas 16 missões, divididas em somente seis capítulos.

É claro, há muitas sidequests que prolongam a duração do jogo e são até bem divertidas, mas no fim das contas, a nova obra da Tango Gameworks é curtinha. Felizmente, é possível encontrá-la pelo preço promocional de cerca de R$ 240, bem mais em conta do que outros grandes lançamentos desse ano, porém é bem provável que muitos jogadores ainda aguardem ofertas maiores para jogá-lo. E vai valer a pena, porque apesar de rápido, ele é um bom jogo.

Uma cidade que te convida

A estrela de Ghostwire Tokyo é sua ambientação. Se, por um lado, os gráficos não chegam a causar aquele impacto visual de um Horizon Forbidden West, por outro eles têm uma pegada artística que impressiona e transforma a correria e agitação de Tóquio em algo escuro, misterioso, cheio de névoa e que muda facilmente de um dos centros do mundo humano para um cenário “de terror”.

Mapa de Tóquio em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Mapa de Tóquio em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

O “de terror” fica entre aspas porque o jogo não tem nada de assustador. Se sua expectativa seria ter algo no estilo de The Evil Within ou mesmo de Resident Evil, esqueça. Ghostwire Tokyo até conta com alguns momentos “meio Control”, com cenas bem interessantes em que o psicológico de Akito parece estar pregando peças nele (aliás, elas poderiam ser mais frequentes), mas não passa disso.

A relação com as almas e demônios também não vai para uma pegada assustadora. Até tem alguns inimigos mais esquisitões, mas no fim das contas é uma batalha “normal”, nada que fará você gritar ou pular da cadeira. O que não faz com que isso seja ruim. Pelo contrário. É onde o game mais brilha: sua ambientação aliada à exploração.

Ambientação de Tóquio é bem legal em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Ambientação de Tóquio é bem legal em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

O level design de Ghostwire Tokyo merece muitos elogios. A representação dos Yokai, os portões Torii que devem ser purificados, as almas espalhadas pela cidade em locais estratégicos, a ação espalhada pelo mapa, com os Visitantes sempre à espreita e “colecionáveis” e missões secundárias também aparecendo com frequência… Tudo é muito bem feito.

Outro ponto em que o jogo brilha bastante é no combate. O jogador tem uma árvore de habilidades para ir desbloqueando e fortalecendo o personagem, três poderes elementais (água, fogo e vento), além de armas (como um arco e flecha), para enfrentar Hannya, antagonista do game, e seu exército de Yokai. E, conforme dito anteriormente, isso acontece em missões e explorando o mundo.

Yokai aparecem em diferentes formas em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Yokai aparecem em diferentes formas em Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

São batalhas intensas, cheias de surpresas e que podem ter muitas estratégias diferentes para o jogador alcançar seu objetivo. É possível ter uma abordagem mais stealth ou simplesmente sair atirando magias em todo mundo: você escolhe. O que já é até comum em vários jogos, mas não com esses rivais e essas skills, que dão uma dinâmica bem interessante a Ghostwire Tokyo.

As boss fights também são bem dignas. Criativas e desafiadoras como devem ser. Especialmente se os jogadores optarem pelas dificuldades maiores do game. E não importa em qual modo gráfico você vá jogar, a performance é ótima e os visuais também. Especialmente no PS5, claro, onde o uso de todos os recursos, do carregamento rápido às respostas táteis do DualSense, são muito bem utilizados.

História deixa a desejar

A grande questão em Ghostwire Tokyo é que ele parece “apressado”. Talvez pelo desenvolvimento. Talvez pelo seu conceito mesmo. O fato é que a sua duração não deve passar de 10 a 15 horas para quem quiser explorar bastante. Seguindo a quest principal, então, oito horinhas poderão ser mais do que suficiente.

Enredo de Ghostwire Tokyo deixa a desejar (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Enredo de Ghostwire Tokyo deixa a desejar (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Isso gera uma certa decepção, principalmente com o quesito narrativa/história. O começo deixa o jogador envolvido, tentando resolver os mistérios e entender tudo o que está acontecendo. Já o final faz com pensemos “Ué? Era isso?” — algo nunca bom de sentir no fim de uma experiência com um produto da indústria do entretenimento.

Existem sim, momentos bem legais, como quando Akito descobre os reais motivos de Hannya, mas no fim das contas, é uma jornada que vale muito mais do que o destino. O caminho, realmente, é o mais interessante. As missões, os combates, a expectativa. O desfecho não empolga, especialmente porque a construção para ele também não.

O que mais incomoda neste ponto é perceber que, no geral, o jogo poderia ser muito mais. Ghostwire Tokyo tem uma premissa incrível, combates intensos, uma ambientação espetacular e missões muito bem feitas. Entretanto, o que deveria amarrar isso tudo acaba não agradando tanto. O enredo poderia ser melhor trabalhado, com mais possibilidades, e gerando um produto mais longo.

Combate é o grande destaque de Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)
Combate é o grande destaque de Ghostwire Tokyo (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

O próprio (bom) mundo aberto tinha potencial para ser bem melhor. Um exemplo é o uso da motocicleta, restrito a apenas um determinado momento, mas que seria uma ferramenta incrível para andar pela cidade e realizar tarefas. Tarefas essas que também poderiam ser mais variadas, para não causar aquela sensação de repetição — que só não é maior pela curta duração.

Ghostwire Tokyo: vale a pena?

No fim das contas, Ghostwire Tokyo vale a pena, mas aproveitando uma promoção e tendo ciência exata do que você vai encontrar. É um jogo muito divertido em vários momentos, mas que entrega pouco em comparação a alguns grandes lançamentos do ano. E, novamente, fica a impressão de que não foi dado o tempo necessário para os criadores fazerem realmente algo único.

Ele tem brilhos. Tem flashes. Tem seus momentos. Mas o conteúdo, no geral, parece mais uma alma aprisionada a alguns conceitos conhecidos do que um espírito livre. Com mais momentos criativos e uma narrativa envolvente, certamente seria um daqueles jogos que surpreenderam o mundo — como Control, em 2019, por exemplo. Infelizmente, ficou no quase.

Veredito

Ghostwire Tokyo
Ghostwire Tokyo

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Tango Gameworks

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Recriação incrível de Tóquio
  • Variedade de inimigos
  • Evolução do personagem
  • Combate super divertido
  • Ótimo uso dos recursos do PS5
Desvantagens
  • História decepciona um pouco
  • Game é extremamente curto
  • Mundo aberto poderia ter muito mais coisas
  • Missões são um pouco repetitivas
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.