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Exoprimal: vale a pena?

Multiplayer online da Capcom até chega a divertir, mas acaba ficando repetitivo muito rapidamente

por Vinícius Paráboa
Exoprimal: vale a pena?

Quando o assunto é shooter cooperativo online, a Capcom vem, sem sucesso, buscando acertar o alvo já há algum tempo — games como Resident Evil Re:Verse ou Umbrella Corps são exemplos. Exoprimal é mais uma dessas tentativas frustradas, mas, talvez, a que mais se aproxima de um tiro certeiro.

Ao ser revelado, o título foi muito comparado a Dino Crisis, pela presença de dinossauros — e isso serviu de combustível para a comunidade seguir insistindo em um remake da clássica franquia. Só que o efeito não pareceu muito positivo nos trailers, pois havia uma impressão de que as coisas eram esquisitas demais. Acontece que o jogo surpreende ao trazer um bom nível de diversão. Contudo, diversão sem continuidade, dura pouco.

Gameplay é divertido, mas repetitivo demais

Até o momento, o jogo possui apenas um modo online disponível: “Sobrevivência Jurássica” — o PvE “Savage Gauntlet” chega no próximo dia 28. E por mais que tenha um gameplay atrativo, o título jurássico peca em não apresentar variedade (ou demorar demais para fazê-lo).

Sobrevivência Jurássica funciona assim: dez players formam dois esquadrões de cinco membros, que participam de uma “corrida” para ver quem completa todos os objetivos mais rapidamente.

Só tem um problema chato nessa equação: o modo se torna repetitivo. Isso porque, nas primeiras horas, você jogará os mesmos objetivos em poucos mapas de novo, de novo e de novo. Demora um bom tempo até Exoprimal liberar missões e locais extras — a depender do quão avançado o player estiver na campanha.

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Tela dos melhores jogadores da partida (Foto: Vinícius Paráboa)

Se esta falta de variedade cansa e até mata a vontade de jogar, também há o lado positivo. Os jogadores têm a disposição dez exotrajes, estes divididos em três funções distintas. É possível ser um tanque, para proteger sua equipe dos dinossauros, um suporte, para curar os aliados, ou “ofensivo”, que causa bastante dano aos inimigos.

Com tantos exotrajes, o jogador pode encontrar aí uma variação. Por exemplo, o Fuzileiro (ofensivo) é um atirador com dano em área com seu explosivo. Muralha (tanque) pode criar um escudo e segurar o avanço de inúmeros dinossauros, enquanto Curandeiro (suporte) paralisa adversários com seu ataque básico e, óbvio, cura seus aliados.

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Muralha é um dos tanques de Exoprimal (Foto: Vinícius Paráboa)

Também vale ressaltar que ao escolher um personagem, é possível optar por um entre vários acoplamentos. Esses equipamentos podem ser uma arma que dispara um feixe em área, um escudo, entre outras coisas.

Em “Sobrevivência Jurássica”, é essencial buscar uma composição equilibrada (com suporte, tanque e ofensivo), para vencer a corrida. Quanto mais rápido sua equipe concluir cada objetivo, que basicamente consiste em eliminar dinossauros (raptores, pterodontes, triceratopes, tiranossauros, etc.), mais perto estará da vitória. Então, seu time avançará para uma missão final: escoltar uma Chave de Dados (um cubo) até certo ponto (a única missão final nas primeiras horas de gameplay). Depois de várias partidas, novas quests aparecem, como quebrar campos de energia, por exemplo.

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O jogador vai transportar a Chave de Dados muitas vezes antes de fazer outra missão final (Foto: Vinícius Paráboa)

Mas engana-se quem pensa que se trata de um mero PvE. Na verdade, Exoprimal é um PvEvP. Isso porque, nas primeiras quests, seu esquadrão trabalha junto apenas para conter os dinossauros descontrolados. Agora, quando as duas equipes chegam à última quest, elas podem se enfrentar em batalhas frenéticas e divertidas.

Exoprimal usa RE Engine e se sai bem

Quando o assunto é a questão técnica, Exoprimal se sai muito bem. Mesmo com centenas de dinossauros aparecendo na tela, o título, que usa a RE Engine como base, não apresentou quedas bruscas de FPS nos testes. Não só isso, mas o game possui gráficos de respeito, com ambientes bonitos e, principalmente, excelentes designs de exotrajes.

Para se ter uma noção da beleza dos trajes, basta checar nosso artigo no qual falamos das melhores skins disponíveis no shooter. A luz que reflete no metal dos trajes, os detalhes dos músculos e até a variação de cores impressionam.

Em meio ao gameplay, a quantidade de partículas na tela é um espetáculo a parte. Mesmo com tantos efeitos visíveis, novamente, não há quedas na taxa de quadros. Ponto para a Capcom nesse quesito.

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Exoprimal tem campanha que não empolga

Embora seja voltado para o multiplayer online, os jogadores podem curtir uma historinha. Ela é entregue conforme os jogadores jogam mais e mais partidas de Sobrevivência Jurássica. Ao final de uma ou outra, é possível ver cutscenes que vão contando a trama.

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A história se passa em um futuro próximo, onde portais interdimensionais começaram a surgir nos céus, trazendo dinossauros e causando um caos generalizado. Para combater a ameaça, a Aibius Corporation desenvolveu exotrajes para os humanos lutarem, além de uma I.A. chamada “Leviatã”.

Eventualmente, o Leviatã tomou consciência e passou a criar uma espécie de “joguinho”, ao colocar os humanos em determinados mapas e abrir portais para dinossauros caírem do céu e se enfrentarem. O objetivo da inteligência artificial é simples: coletar o máximo de dados de batalha possíveis.

Alguns personagens são apresentados nessa trama. O protagonista, personalizável pelo jogador, se chama Ace. Os coadjuvantes que lutam ao lado dele são o carismático Alders, Lorenzo, a robô Sandy e a “Majestade” — com exceção do primeiro, todos esquecíveis.

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Da esquerda pra direita: Majestade, Alders e Ace (Foto: Vinícius Paráboa)

Dublagem em PT-BR? Yes, mas, não

Algo esquisito aconteceu com a localização do game para nosso idioma. Ele tem dublagem em PT-BR, mas… para apenas um personagem. O “Leviatã” é o único a contar com uma voz na nossa língua, algo um tanto esquizofrênico.

Em certas cutscenes, o tal Leviatã conversa, em português, com outros personagens, que falam inglês. Embora haja legendas para as figuras em questão, a comunicação entre todas as partes soa bastante anormal.

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Leviatã é o único personagem dublado do jogo (Foto: Vinícius Paráboa)

A questão que fica é: por que investir na dublagem de apenas um personagem? O ideal seriam todas vozes em PT-BR para todas as peças da trama, mas, se isto não for possível, é melhor que 100% do elenco falasse um único idioma, não é mesmo?

Exoprimal: vale a pena?

Exoprimal é a melhor tentativa da Capcom em estabelecer um shooter online. O problema, é que a publisher japonesa ainda não acertou a mão na massa. O título até diverte os jogadores, mas a repetitividade de gameplay afasta quem possui cacife no bolso para investir em um produto de preço cheio.

Por outro lado, o jogo tem potencial para brilhar a longo prazo. Com roadmap já divulgado, o game receberá colaborações com Street Fighter 6 e Monster Hunter, novas temporadas, exotrajes inéditos e muito mais nos próximos meses. Vale ficar de olho.

Veredito

Exoprimal
Exoprimal

Sistema: PS5

Desenvolvedor: Capcom

Jogadores: 1

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67 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay divertido
  • Boa variedade de exotrajes
  • Bons gráficos
Desvantagens
  • Repetitivo
  • História pouco atrativa
  • Evolução lenta
  • Dublagem para apenas um personagem
Vinícius Paráboa
Vinícius Paráboa
Editor
Publicações: 5.451
Jogando agora: Final Fantasy VII Rebirth, A Plague Tale: Requiem, Dragon's Dogma 2
Editor no MeuPlayStation. Fanático por Crash Bandicoot, God of War e pelo Grêmio.