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Atriz de Dina fala sobre The Last of Us: “É muito maior do que eu imaginava”

Merced também falou da emoção de gravar a cena da música Take On Me, que é referência direta ao jogo The Last of Us

por Thiago Barros
Atriz de Dina fala sobre The Last of Us:

Quando Isabela Merced se encontrou com os criadores de The Last of Us, Craig Mazin e Neil Druckmann, ela já conhecia bem o jogo The Last of Us Part II, base da segunda temporada da série da HBO. Mas não fazia ideia de qual papel eles tinham em mente pra ela. “Eles só fizeram perguntas gerais, tentando entender minha personalidade”, contou, gripada, em entrevista recente à Variety.

Logo depois, veio a surpresa: ela seria Dina — melhor amiga e interesse romântico de Ellie (Bella Ramsey), lá em Jackson. “Pensei: ‘Meu Deus, isso é muito maior do que eu pensava!’”

Merced recebeu apenas um roteiro por vez, e só com o tempo percebeu que sua personagem estava sendo tratada como co-protagonista ao lado de Ellie. Mas a escolha fez sentido pra ela. “A Dina é meio que uma folha em branco. Então os roteiristas puderam usá-la pra facilitar essa transição do jogo pra TV”, disse. Na série, Dina se torna um raio de sol na vida sombria e caótica de Ellie — especialmente após a morte brutal de Joel (Pedro Pascal) nas mãos de Abby (Kaitlyn Dever). “A Ellie tá toda fodida e com raiva. Mas quando a Dina aparece, ela consegue acessar um pouco da alegria que sentia antes.”

No quarto episódio, “Day One”, Ellie e Dina estão em Seattle, atrás de Abby, cavalgando pela região de Capitol Hill (que tem toda uma história com a comunidade LGBTQIA+). “O que será que significam essas bandeiras arco-íris?”, pergunta Ellie. “Talvez sejam todos otimistas”, responde Dina.

Esse episódio é um turbilhão. Dina finalmente descobre que Ellie é imune ao fungo, as duas se declaram e transam pela primeira vez. Ah, e Dina revela que está grávida — o pai é Jesse (Young Mazino), ex dela. “Achei que você ia morrer, e do nada o futuro que eu imaginava sumiu”, diz ela. Ellie responde: “Eu quero esse futuro com você.”

Só que The Last of Us não é drama água com açúcar. A ação vem forte: Ellie leva uma mordida no fim de uma sequência cheia de acrobacias, enfrentando os Wolves e uma horda de infectados no metrô. Elas também testemunham os horrores dos Scars, ao verem um quarto cheio de corpos enforcados e eviscerados.

Mesmo assim, o episódio termina com uma cena bonita: as duas de mãos dadas, no topo do teatro que virou abrigo, olhando pro horizonte e se preparando pro que vem. Ellie tenta dizer que Dina deveria ficar por causa da gravidez, mas ela não aceita. “Juntas”, diz, estendendo a mão.

O impacto do papel e os bastidores

Merced, que começou a atuar criança e esteve em Dora e a Cidade Perdida e Alien: Romulus, contou que não sabia o tamanho do papel ao entrar. “Eles estão construindo a relação com mais cuidado do que no jogo, o que eu adorei. É um romance sáfico sendo tratado com autenticidade.”

Sobre a química com Bella Ramsey, Merced foi sincera: “A gente não teve muito tempo pra ensaiar. Eu tava filmando Superman ao mesmo tempo, então era treino físico direto. Mas no primeiro dia, quando gravamos a cena da Dina zoando o All Star da Ellie, já rolou uma vibe. Craig ficou animado na hora.”

Na cena da barraca, no episódio 3, o clima entre as duas já dava pistas do que viria. “Tinha tensão, culpa, vontade — tudo junto. A direção foi cuidadosa em quando mostrar o que. A gente queria manter a coisa contida, real, e não exagerada.”

Música, lágrimas e… esterco

Merced também falou da emoção de gravar a cena da música Take On Me, que é referência direta ao jogo. “Chorei vendo essa parte no game, antes mesmo de saber que faria a Dina. Música sempre mexeu comigo.” Ela contou que Bella realmente tocou e cantou na cena — e que as duas trocavam canjas nos bastidores com violão na mão.

Gravar essa cena, aliás, foi difícil por motivos… hormonais. “Tava no primeiro dia da minha menstruação. Virei uma represa prestes a romper”, brinca. “Queria segurar a emoção, mas foi complicado.”

Já nas cenas pesadas, como o metrô ou os corpos dos Wolves, o clima foi outro. “Usaram corpos cenográficos superrealistas. Foi tão perturbador que estragou meu dia. E o cenário do metrô? Um caos. Suava, corria, lutava com infectado — e o lugar fedendo a esterco de verdade. Fiquei uma semana lá achando que ia morrer.”

Pra lidar com isso tudo, ela e Bella criaram até uma “linguagem secreta”. “Era tipo um código pra dizer: ‘Tô desconfortável com isso’ ou ‘preciso sair pra fazer xixi’ sem chamar atenção. A gente se protegia. Em sets assim, ainda mais sendo jovem, é difícil dizer não sem parecer problema.”

A cena mais intensa de The Last of Us

No momento mais tenso do episódio, Ellie é mordida e Dina, que não sabe da imunidade, aponta a arma pra ela. “Foi uma cena muito difícil. Tive que mergulhar num lugar bem escuro pra sentir aquele conflito. Eu queria que o público acreditasse que a Dina realmente poderia atirar. Só assim faria sentido.”

E conseguiu. Lágrimas, tensão, amor, desespero — tudo no mesmo frame.